As eleições europeias trouxeram novamente o problema da abstenção à baila. Percentualmente foi a abstenção mais elevada apesar de termos tido, por haver mais recenseados, mais pessoas a votar do que em 2014.
Trouxeram também, para os partidos da direita, uma derrota pesada e o tema da abstenção serviu-lhes para desculpabilizar e desviar a atenção deste resultado tão desastroso. A direita foi castigada pela política de campanha negativa que alimentou e a esquerda premiada pelo trabalho que está a desenvolver no país.
As eleições passaram e passou a oportunidade de se promover mais informação sobre a importância da Europa na vida do nosso país, e faltou, a muitos que votaram, a vontade de querer saber mais sobre a importância e a influência da União Europeia.
No final todos os partidos reconheceram que deveria haver uma maior participação e que medidas para aumentar essa participação devem ser discutidas.
Deve-nos preocupar que só um terço dos eleitores tenha decidido exercer o seu direito de voto. Um direito fundamental para assegurar um estado e uma Europa democrática, unida e forte.
Na minha opinião, nada pode ser feito de imediato e só mudaremos esta tendência com formação. Os cidadãos devem interiorizar que o voto é um direito mais que um dever.
Devem, de uma vez por todas, perceber que este direito, que ocorre periodicamente, está acima de qualquer outro compromisso ou vontade pessoal, porque este gesto melhora ou piora a sua vida, a dos seus filhos, enfim, este gesto interfere com a vida de todos.
Se não estão satisfeitos, se não se revêem nos partidos que vão a eleições então mais uma razão para irem votar, optando pelo voto branco ou nulo. Dessa forma é que os partidos perceberão que têm de mudar na forma como se comportam e se apresentam. A desculpa de não votar porque não vai mudar nada ou porque são todos iguais, é só isso mesmo, uma desculpa para a inércia, para a irresponsabilidade. Chavões como esses só enfraquecem a nossa democracia e por consequência enfraquecem o país.
A população tem de entender que não há democracia sem partidos ou movimentos e estes sem políticos. Têm também de entender que a democracia é o melhor sistema possível para garantir a nossa liberdade em todas as suas dimensões e por isso é fundamental o voto, pois só esse garante a sobrevivência da democracia.
Há quem defenda o voto obrigatório ou penalizações fiscais a quem não exerça esse direito, mas medidas impositivas só levarão ao voto de protesto, ao voto pouco esclarecido, e isso é um passo para promover os demagogos, os oportunistas, os populistas e os extremistas.
Defendo que devemos mudar a forma como a política é vista e isso deve começar cedo e na escola. Deveria ser assumido no programa escolar uma disciplina intitulada “Politica”, para que os mais novos percebam que a política é essencial, está em todas as nossa ações e que não tem nada de negativo. Para que eles aprendam que uma atitude informada e participativa é essencial para garantir os seus direitos em qualquer sociedade que se queira livre, plural e tolerante. Para que eles aprendam que a política é uma atividade nobre, que deve ser encarada com nobreza e sentido de missão. Não é por haver corruptos na política que a mesma tem de ser encarada de modo negativo ou depreciada. Existem corruptos em todas as classes. É por haver corruptos na política que tem de haver mais pessoas a querer assumir a política de forma apaixonada mas deslumbrada e desinteressada, e novas gerações a quererem assumir funções com o espírito de serviço público que a função exige.
Todos os atuais políticos em todos os seus graus, tem responsabilidade em pensar e promover medidas que levem a uma maior participação da população e mesmo que sejam ações mais orientadas para as suas comunidades estarão certamente a promover e incentivar um comportamento mais participativo que terá implicações nacionais.
Em Valongo demos os primeiros passos há 6 anos atrás. Uma comunidade mais esclarecida é uma comunidade mais participativa. Este é o lema que pauta a semana da prestação de contas que durante esta semana percorreu as freguesias do concelho de Valongo. O objetivo é simples: dar a oportunidade à população de questionar o executivo político sobre a forma como geriu o dinheiro que é de todos, e as opções políticas que tomou. Este grau de transparência, proximidade e participação é importante para a democracia, mas infelizmente também aqui a abstenção através da ausência é enorme e demonstra a atitude desinteressada da população na vida política da sua comunidade. É um comportamento quem tem de mudar, e comportamentos só mudam com formação e exemplos. Por isso em Valongo queremos dar o exemplo e já vamos no sexto ano que prestamos contas e continuaremos, seguramente, a fazê-lo nos próximos.
Termino lembrando que daqui a 4 meses temos legislativas e é importante que haja mais gente interessada no futuro de todos e a participar. só assim Portugal continuará a melhorar.
Se hoje estamos melhor a nível local e nacional e na minha opinião estamos francamente melhor, deve-se às pessoas do partido socialista que assumem a função política para servir os outros. Se concorda vote PS em Outubro mas se não concorda vá e vote, nem que vote em branco.