Saiu, assim mesmo, saiu mais um pacote de medidas – daqui a quinze dias saberemos se não são meias medidas como as anteriores- para tentar travar (dizem eles) as redes de contágio que (dizem os mesmos) estão fora de controlo. Desta como das outras vezes parece-nos que o governo continua a fazer as coisas às pinguinhas e, nesta como nas anteriores, em breve se saberá que outras medidas serão necessárias novamente. Aliás, parece que está provado (dizem os cientistas) que, em lugar de andar aos soluços, o governo controlaria melhor a pandemia e prejudicaria menos a economia sem meias tintas. E duvidamos muito que os efeitos de um confinamento de nove dias, com dois fins-de-semana e cinco dias uteis não fosse a medida mais eficaz para reduzir a taxa de transmissão, que é, no essencial, o que mais interessa para controlar a pandemia, evitar mais mortes desnecessárias e permitir o funcionamento da economia sem os prejuízos que as medidas adotadas até agora não evitaram. Ao décimo dia ( dizem os mesmos cientistas) a taxa de transmissibilidade é quase nula.
Além do mais, algumas das medidas apresentadas pelo primeiro-ministro, como se não bastasse e não admitindo os erros cometidos (a abertura no Natal enquanto os outros países apertavam as restrições parece ser o erro maior), parecem ser mais uma tentativa de continuar a tentar conciliar o inconciliável. A economia e a pandemia estão e estarão sempre de costas voltadas. Por isso, a intermitência das medidas acaba, como se tem visto, por não resolver nem uma coisa nem outra.
Por outro lado, algumas das medidas apresentadas escancaram a negligência ou, então, deixam-nos boquiabertos pela ignorância. Com que então, nas mercearias e supermercados só podem estar 5 pessoas/100m2?
E nas escolas? Os professores vão colocar-se à entrada e como a sala de aula tem menos de 100m2 só entram os 5 primeiros? Mesmo assim estão a violar as restrições impostas. Com coimas a dobrar, o salário não chega.
Pensávamos e continuamos a pensar que as escolas devem manter-se abertas. Mais até por conseguirem ser –até agora- o porto de abrigo mais seguro e imprescindível a gerações que não podem ser deixadas para trás do que pelos prejuízos individuais nas aprendizagens. Num sistema de ensino com 12 anos de escolaridade obrigatória pode muito bem recuperar uns meses (se fossem necessários) em mais de uma década. É banha da cobra a ideia que o ministro da educação nos tem andado a vender. Queremos os alunos nas escolas porque é lá o lugar deles. Basta isso.
E os professores e os outros funcionários nem a uma vacina têm direito? Davam-lhes a primeira dose e, como as coisas estão a crescer e como a maior parte tem idade adiantada, até poupariam muitas na segunda toma.
Assim, mais uma vez, o ministério e o ministro tratam os professores como uma classe irrelevante. Uma classe sem futuro histórico. Como carne para canhão!
