Uma vida nova. É isso que esperam as seis famílias que receberam, esta terça-feira, a chave para uma habitação social no concelho de Valongo. São casos dramáticos, entre as muitas centenas de agregados familiares que aguardam realojamento.
Manuela Salinas, de 30 anos, o marido e as três filhas de 11, nove e quatro anos viveram “num barraco debaixo de uma ponte” nos últimos dois anos. “Antes estávamos numa casa arrendada, mas deixamos de ter dinheiro para a renda e tivemos que sair”, conta ao lado da filha mais nova. Nem ela nem o marido trabalham actualmente. Vivem do rendimento social de inserção e do abono das três meninas (cerca de 110 euros).
A falta de condições levou a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Risco a retirar as crianças do local. “Diziam que não podia ter lá as minhas filhas a dormir porque não havia condições. Passaram a ir à escola, iam lá jantar e depois dormiam em casa da minha mãe”, refere Manuela Salinas. “Esta nova casa é um sonho para mim. Vamos ter três quartos e em princípio mudo-me já, mesmo que não tenha água e luz. Não tenho nada para levar, nem cama nem frigorífico. Levo a roupa do corpo e as minhas filhas”. Mas vai ser uma vida nova”, acredita.
Quem também vai sentir a mudança são Carolina Rodrigues, de 74 anos, e o marido, Marinho da Rocha Neves, de 72 anos. Estavam a viver numa casa em Sobrado sem as mínimas condições. “Era uma miséria. Não tínhamos casa de banho nem nada. Água era numa torneira cá fora e tínhamos ratos e baratas”, lamenta a mulher. Aguardavam por casa há cerca de dois anos e meio. O casal e um neto ficará agora realojado no Bairro do Calvário, em Valongo, mantendo a proximidade aos filhos. Parte da espera foi justificada pela necessidade de precisarem de uma habitação no rés-do-chão, devido a problemas de mobilidade. “Vamos amanhã conhecer a casa. Agora vai ser diferente. Vamos ganhar saúde”, dizem.
As seis habitações sociais entregues pela Câmara de Valongo, através da Empresa Municipal Vallis Habita, de várias tipologias, localizadas em Alfena, Campo, Ermesinde e Valongo, permitem alojar mais 13 pessoas, três delas crianças. A autarquia diz que se esforça “por dar resposta aos casos mais dramáticos de uma lista com centenas de agregados familiares inscritos para habitação social”.
As casas só puderam ser entregues depois de obras de recuperação, sendo que, cada intervenção, custa em média oito mil euros, lembrou o presidente da Câmara de Valongo. Até à data, foram entregues 124 habitações sociais, num investimento de cerca de 992 mil euros. “Estão a ver o esforço financeiro que a Câmara através dos impostos dos contribuintes tem feito para dar uma habitação digna”, disse José Manuel Ribeiro aos presentes. “Até ao final do ano vamos entregar mais algumas casas. Sempre que ficam vagas é preciso obras”, acrescentou o autarca.
José Manuel Ribeiro renovou também o pedido que faz habitualmente nestas cerimónias: “Da mesma forma que a câmara está a ajudar-vos vocês também podem ajudar, integrando-se nas comunidades, estimando as casas e agarrando esta oportunidade para refazer as vossas vidas”.
As rendas pagas pelos inquilinos variam entre os 4,29 euros e os 117,76 euros.