Ouvi, recentemente, alguém afirmar o seguinte: “A velocidade da vida actual impede-nos de pensar”.
É assim mesmo! Em certo sentido, sempre o foi.
Também, antigamente, as pessoas se queixavam de que o ritmo de vida não facilitava a ponderação. Isto acontecia sobretudo nas grandes cidades — muito mais pequenas do que as actuais!
No entanto, nas aldeias e no meio dos trabalhos agrícolas, apesar de a vida quotidiana ser menos stressada, isso não significava automaticamente uma facilidade para se ser mais ponderado.
E aqueles que, porventura, não tinham nada para fazer — hoje em dia, continuam a existir pessoas assim — não parece que por esse facto tivessem facilidade para pensar. Muito pelo contrário!
Uma pessoa, sem nada para fazer, corrompe-se como pessoa. Quantas vezes nos damos conta de que a maior pobreza de muitos é a falta de hábitos de trabalho!
Com tudo isto, podemos concluir que a velocidade da vida — antigamente ou nos dias de hoje — não é algo que depende somente, nem sobretudo, das actividades exteriores.
As actividades exteriores têm importância — ninguém põe isso em dúvida — mas o mais influente é o modo como sabemos gerir o nosso mundo interior.
É preciso aprender a acelerar na vida, no trabalho, nas tarefas que dependem de nós. Isto é algo bom e necessário.
Ponderar com calma o que temos de fazer — não é por muito se mexer que uma pessoa trabalha mais nem melhor — e fazer o que nos compete com um certo ritmo, sem confundir a ponderação com a preguiça.
No entanto, também é necessário aprender a desacelerar, recuperar um certo sentido da lentidão, sobretudo no mundo interior.
Um cristão sabe que um modo maravilhoso de desacelerar é rezar bem — ter todos os dias uns momentos a sós com Deus.
Sem ritmo, não trabalhamos. Sem ponderação, não cumprimos o nosso dever. Sem desaceleração, não descansamos.