O Mercado Histórico de Lousada começou esta sexta-feira. Os primeiros visitantes foram os mais novos que invadiram a feira logo a partir das 10h00, trazidos pelas escolas do concelho. Curiosidade e animação eram dois dos sentimentos que se faziam sentir por aqueles que corriam entre jogos, espadas, aves raras, a cozinha, os cavalos e tantos outros.
“Um espaço que pretende mostrar como era a cultura no século 17”
Rafael é um actor contratado para fazer as visitas guiadas às escolas. Tal como os seus colegas animadores, encontra-se e corre com os pais pequenos feira adentro, explicando a história de cada barraca com que se esbarram.
Animado pela energia das crianças, Rafael corre de volta para a entrada depois de ter terminado mais uma visita com dezenas de crianças de uma escola. No caminho explica que o mercado “é um espaço que pretende mostrar como era a cultura no século XVII. Desde os ofícios, as aves, as artes e os jogos tradicionais”.
É o primeiro ano do animador em Lousada mas não é o primeiro mercado do género que faz. Para ele, o mais importante nesta feira, para as crianças que a visitam, “é a vertente educativa que lhes permite perceber as diferenças que existem” entre os séculos.
Sexta-feira é um dia mais familiar já que durante a noite haverá espectáculos com os meninos, nos outros dias os espectáculos estarão a cargo de Rafael e dos seus colegas, com “A vinha do visitador e o funeral”.
Quem visita a feira vê logo pela entrada principal os cavalos, trazidos pelo ferrador que explica como é que as pessoas cuidavam dos animais na época. No patamar de cima, as atracções dividem-se pelas milícias com as espadas e as armas, a tecelagem, a perfumaria, a cozinha, tanoeiro, boticário, costureira, artilheiro.
Em baixo está a comida, a bebida, a falcoaria , a olaria, os jogos tradicionais, o carrossel, entre muitos outros.
“Temos vários ingredientes para termos três dias de um bom mercado”, concluiu o animador.
“Ficamos fãs de Lousada e das pessoas”
A boa disposição não termina em Rafael, percorre a feira. Vera está no patamar de cima, no acampamento, na cozinha, a preparar o almoço. A ementa foi “sopa de legumes com toucinho para dar sabor, já que carne era para os ricos”.
Vera e os seus colegas dos mesteres pertencem à Companhia Livre que se foca na recriação histórica. Nenhum deles é de Lousada ou da região, todos vêm de outros lados do país. Estiveram na feira no ano passado mas ficaram “fãs da cidade e das pessoas” e decidiram voltar. “90% do grupo do ano passado, manteve-se este ano”, informou.
O almoço começou a ser preparado bem cedo mas só deve estar pronto lá para as 16h00 ou 17h00.
Vera também vê a feira como uma vertente educativa “muito importante para as crianças”, já que “vêm aprender como se vivia, como se fazia, nomeadamente no caso da cozinha saberem que não havia água na torneira e que as pessoas tinham que se deslocar ao poço mais próximo ou ao rio para buscar água. É todo um processo muito demoroso. Ficam impressionadíssimos e felizes por não viveram no século 17”.
Este ano, a organização decidiu “não deixar as crianças experimentar na cozinha, já que são muitas mas, quando voltarem com o pais, com mais calma, Vera promete deixar experimentar”
A cozinheira nem tem visto o tempo passar com a quantidade elevada de crianças que teve desde a abertura.
Tal como o ano passado, as milícias populares da zona fazem parte dos homens das armas que explicam a história de cada uma e a forma como se manuseavam.
De acordo com a “cozinheira”, as pessoas de Lousada identificam-se muito com alguns dos mesteres já que “em relação ao acampamento existem muitos objectos familiares como as panelas de ferro, o fazer a comida numa fogueira e o tear horizontal”, explicou. “Tivemos a preocupação de, não fugindo à época, recriar profissões e utensílios com que os munícipes de familiarizassem” acrescentou.
“ Pela experiência do ano passado, havia pessoas que vinham todos os dias e traziam mais alguém para mostrar e já eram as próprias pessoas a explicar. Para nós é uma experiência fabulosa”
No fundo Vera espera que este ano seja mais um sucesso ainda que “às vezes, a parte positiva seja a troca de experiências visto que todos eles já fizeram pão, já cozinharam e teceram, portanto há aqui uma experiência comum. Não estamos aqui para ensinar nada, estamos a mostrar como se vivia e as próprias pessoas passam a sua própria experiência”.
“A feira traz para os alunos uma experiência ao vivo que lhes permite consolidar, o que foi dado ao longo do ano”, comentou a professora Lúcia Moreira da escola Eb1 de Boim
Tal como todos os outros, a professora Lúcia Moreira acha que “a feira traz para os alunos uma experiência ao vivo que lhes permite consolidar o que foi dado ao longo do ano em história” .
De acordo com a professora, os alunos já conheceram de tudo um pouco e não conseguem decidir-se entre qual é que gostam mais, de tão entusiasmados que estão.