Em menos de um ano, ao que parece, os laboratórios foram capazes de cometer a proeza de conceber uma vacina- muitas vacinas, diz-se- para pôr cobro à maldita pandemia que nos mata aos poucos. Primeiro mata os mais velhos mais doentes, depois os menos novos também doentes e continuará a matar alguns, sobretudo os fazem questão de continuar a viver como se não houvesse amanhã. Esses são os que mais perdem, porque antes da irreversibilidade da morte, não souberam ou não puderam experimentar, ainda que momentaneamente, formas de viver diferentes da única que conheceram. A História ensina-nos que os que sobrevivem não são os super-adaptados . Se fosse assim ainda hoje convivíamos com os dinossauros que fazem as delícias da criançada, mas só servem mesmo para alimentar- e bem- a fantasia dos mais novos. Sobreviveram os pré-adaptados que souberam conviver melhor com os novos desafios que o planeta lhes colocou.
Vem isto a propósito da quase irónica relação dos portugueses – e dos outros – com as novas vacinas. Segundo as últimas amostragens quase 70% dos portugueses não se sentem atraídos pela possibilidade de serem imediatamente vacinados.
Então, a comunidade cientifica e os laboratórios das grandes multinacionais “matam-se” para ver se nos salvam –dizem eles- e nós, que não resistimos a um perdigoto, mandamo-los às malvas?
A incerteza gerada em primeiro lugar pela já ultrapassada “vacinonacionalidade” deixou-nos desconfiados. Depois, a propaganda à volta de quem ia conseguir primeiro, como se tratasse de uma etapa de uma prova de ciclismo onde só interessa chegar à meta antes de todos os outros deixou-nos intrigados. Depois ainda aquela “luta sem quartel” que escancara a porta da “cartelização” faz-nos pensar duas vezes se o vírus era assim tão letal ou se só nos querem inocular porque o negócio é tão global como o vírus.
Por fim, talvez a maior das razões: somos egoístas.
A maior parte das vacinas demoraram anos a descobrir e estas nasceram em meses. Desconfiamos.
Desconhece-se a eficácia de cada vacina e período de imunidade. Tememos
Não se conhecem os danos colaterais ou efeitos secundários. Esperamos.
Estamos, enfim, tão ansiosos pela vacina quanto desconfiamos dela e, assim como assim, deixa ver como resulta nos outros, “não vá o diabo tecê-las”!
Pela nossa parte e porque trabalhamos em ambientes fechados, porque permanentemente vivemos neste circulo de milhares e entre centenas de infetados, confinados e isolamentos profiláticos, porque não queremos infetar ou ser infetados, respeitamos escrupulosamente as regras sanitárias da pandemia. Até aspiramos por uma vacina, seja ela qual for. Trabalhamos em ambientes de risco e as escolas, como se vê, têm conseguido ser um tampão eficaz para a contenção dos surtos que continuam a assustar-nos.
E, sim, os professores e os assistentes operacionais e administrativos, sobretudo os mais velhos, deviam ser considerados prioritários na vacinação. É que nem direito a um teste tiveram.
MEL
A TAP é um BES com asas
Ou prepara-se para ser. E o destino prega partidas aos melhores. Pedro Nuno Santos quis o protagonismo da grande decisão sem saber qual era a solução. Tentou o parlamento para obter a cumplicidade de que tanto precisa. Costa ia lá deixar! O ministro ficou com a bomba nas mãos: o mais socialista dos ministros deste governo vai ter de decidir o despedimento de milhares de trabalhadores da TAP. Tal e qual como faria qualquer implacável capitalista. E assim o currículo passa a cadastro. E ele de bestial a besta.
FEL
Isentar ou devolver?
A autarquia de Paredes anuncia a devolução de algumas taxas como forma de poupar uns cobres aos munícipes em tempo de pandemia.
As autarquias vizinhas não devolvem. Porquê? Porque isentaram. Não cobraram e os munícipes não tiveram de disponibilizar os parcos recursos financeiros.
Em Paredes fez-se ao contrário. Primeiro cobrou-se e só depois se devolve. Normalmente, tarde e a más horas.
Enquanto isso, a BE Water, distribuidora da água no concelho de Paredes, deixou de conceder os três meses de prorrogação que dava desde o início da pandemia. Ao fim de 20 dias ou pagas ou cortam-te a água. Não deve ter nada a ver com o conflito que a câmara criou com a empresa.
Ou terá?
É que até a gigantesca árvore de Natal que sempre ilumina o parque José Guilherme deixou de dizer “ Boas Festas – Be Water”.