Valsousenses reciclaram mais mas ainda estão longe da meta

A taxa de reciclagem da Ambisousa – Empresa Intermunicipal de Tratamento e Gestão de Resíduos Sólidos do Vale do Sousa chegou aos 33,58% em 2015. Um ligeiro aumento em relação aos resultados conseguidos em 2014, mostra o Relatório Anual da Reciclagem da instituição.

Ainda assim, a reciclagem na região está longe de alcançar as metas previstas. No ano passado, cada habitante encaminhou para as estações de triagem da Ambisousa, em média, 20 quilos de resíduos. A meta traçada pelo Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos – PERSU 2020 prevê que esse valor deve chegar aos 32 quilos, em 2020. Isso exigirá esforço da Ambisousa, mas também dos municípios.

Para cumprir os objectivos e promover o aumento da recolha selectiva e a retoma de materiais recicláveis, a Ambisousa vai apostar na manutenção da rede de ecopontos e na implementação selectiva porta-a-porta, num investimento de cerca de 2,3 milhões de euros, a realizar nos próximos quatro anos.

Taxa de reciclagem aumentou ligeiramente

Em 2015, deram entrada nas estações de triagem da Ambisousa, enviadas pelos seis municípios que compõem o Vale do Sousa, 7.496,20 toneladas de resíduos potencialmente recicláveis, mostra o Relatório Anual da Reciclagem. Segundo o documento da Empresa Intermunicipal de Tratamento e Gestão de Resíduos Sólidos, os principais materiais encaminhados para reciclagem foram, sem surpresa, o vidro (47% – 3,5 toneladas), o papel e cartão (33% – 2,5 toneladas) e o plástico (16,4% – 1,2 toneladas), num total de 7,2 toneladas.

Paredes, Penafiel e Paços de Ferreira foram os três concelhos que mais contribuíram para a reciclagem da região. Paredes mantém-se como líder do campeonato da reciclagem, tendo encaminhado para a Ambisousa cerca de 27% do total dos resíduos separados, refere o relatório de 2015. Seguem-se Penafiel, com 23%, Paços de Ferreira, com 18%, Felgueiras, com 15%, Lousada, com 13% e Castelo de Paiva, com 4%.

Destaque para Lousada que aumentou, em cerca de 100 toneladas, os resíduos encaminhados para reciclar. Já Paredes desceu as quantidades de vidro, papel e cartão e plásticos recolhidos.

No ano passado, a taxa de reciclagem da Ambisousa foi de 33,58%, “o que evidencia uma evolução positiva, comparativamente com 2014”, mostra o documento. A taxa no ano anterior foi de 32,98%. Mas convém referir que a taxa estava em queda desde 2010. Em 2009, tinha chegado aos 39,57%.

A quantidade de resíduos de embalagem enviadas para reciclagem em 2015 rondou as 6.906 toneladas, mas a Ambisousa estima que o potencial de embalagens incluídas nos resíduos sólidos urbanos chegaria às 20.563 toneladas. Ou seja, muitos materiais passíveis de serem reciclados continuam a ir para o aterro.

Cada habitante deve reciclar 32 quilos de resíduos em 2020

Mas os municípios da Ambisousa estão ainda longe de conseguir cumprir as metas de recolha selectiva definidas no PERSU 2020. Actualmente, cada habitante recicla, em média, 20 quilos de resíduos por ano, sendo que não houve crescimento em relação ao ano anterior. Em 2020, esse número deverá ser de 32 quilos por habitante.

“É possível constatar que o resultado de 20 quilos por habitante obtido terá, forçosamente, que implicar um esforço acrescido por parte dos municípios (60%) para cumprimento da meta em 2020”, refere o relatório.

No último ano, os concelhos de Castelo de Paiva, Felgueiras e Lousada aumentaram o número de quilos reciclados por habitante. Já Paços de Ferreira, Paredes e Penafiel, apesar de terem valores mais elevados, viram os números cair e afastaram-se mais da meta traçada.

Ambisousa vai investir mais de dois milhões de euros para cumprir metas

O Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos (PERSU 2020) prevê o aumento da retoma de resíduos recicláveis através de recolha selectiva para 47 quilos por habitante/ano em 2020, o aumento da percentagem de resíduos urbanos reciclados para o dobro, de 24% (em 2012) para 50% (em 2020), e também a diminuição da deposição de resíduos biodegradáveis em aterro, para 35%.

Mas a forma como cada sistema do país vai contribuir para essas metas será diferente. No caso da Ambisousa, de acordo com o Plano de Acção do Sistema do Vale do Sousa – PAPERSU, apresentado em Abril de 2015, a meta de recolha selectiva para alcançar em 2020 é de 32 quilos por habitante/ano; a de preparação para reutilização e reciclagem é de 35% e a meta máxima de deposição de resíduos biodegradáveis em aterro é de 50%.

Para atingir estes objectivos, a Ambisousa definiu que ia intervir na prevenção da produção de resíduos; no aumento das recolhas selectivas e da retoma de materiais recicláveis, na valorização de resíduos e no desvio de aterro.

Empresa intermunicipal acredita que podem chegar aos 34 quilos reciclados por habitante em 2020

A empresa intermunicipal definiu várias metas intercalares a cumprir. No caso da recolha selectiva, as expectativas apontam para que cada habitante recicle, em média, 25 quilos de resíduos por ano, em 2016, valor que vai aumentar, progressivamente, para os 27 quilos, em 2017, 28 quilos, em 2018, 31 quilos, em 2019, e 34 quilos, em 2020. A Ambisousa prevê recolher quase 12.500 toneladas de resíduos destinados à reciclagem nesse ano. Dessas, 5.334 toneladas serão de vidro, 4.306 de papel e cartão e 2.565 de plásticos.

Chegar a estes números, refere o documento da Ambisousa, passará pela recolha por ecopontos e pela recolha porta-a-porta. A empresa preconiza um reforço da rede, com um aumento não muito acentuado do número de ecopontos. “O aumento do número de ecopontos até 2018 será, por um lado, da responsabilidade da empresa prestadora de serviços de acordo com a adenda ao contrato estabelecido com três dos concelhos que integram a Ambisousa (Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira) e por outro, nos restantes concelhos, assegurada pela Ambisousa, desde que financiada no âmbito do próximo quadro comunitário de apoio”, explica.

Mas cumprir as metas passará também por um incremento acentuado da recuperação de materiais recicláveis dos resíduos urbanos por outras vias que não a recolha selectiva por ecopontos. “Atendendo aos resultados bastante positivos de sistemas de recolha porta-a-porta existentes, nos quais se têm atingido quantidades consideravelmente mais elevadas de resíduos recolhidos, a solução a adoptar pela Ambisousa para recuperação dos quantitativos necessários ao cumprimento da meta da recolha por recolha selectiva irá no sentido de, faseadamente, implementar um sistema de recolha desta natureza na sua área de intervenção”, justifica a empresa municipal. “Assim, a partir de 2018, altura em que termina o período da prestação de serviços de recolha nos concelhos de Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira, a Ambisousa avançará na implementação da recolha porta-a-porta de recicláveis de forma a passar dos 21 kg/hab.ano, para uma capitação de retoma de 32 kg/hab.ano em 2020”, acrescenta.

Nestas duas áreas, a Ambisousa prevê realizar um investimento de quase 2,3 milhões de euros, entre 2016 e 2020.