A Câmara de Valongo quer criar “salas de aula do futuro” e construir mini parques infantis nas 28 escolas do primeiro ciclo que são da responsabilidade do município. O objectivo é que o projecto vá para o terreno já no próximo ano, ainda que não haja ainda previsões do investimento necessário. A novidade foi avançada por José Manuel Ribeiro durante a cerimónia de lançamento do projecto “MAIS VAL – Melhores Aprendizagens, Inovação e Sucesso em Valongo”, que visa o combate ao abandono e insucesso escolar e a promoção do sucesso dos alunos, que decorreu esta manhã no Centro Escolar Mirante de Sonhos, em Ermesinde.
Segundo o presidente da Câmara Municipal de Valongo, as salas de aula do futuro serão à semelhança da equipada na Escola Básica de Alfena, no âmbito do Orçamento Participativo Jovem de Valongo, com “custos controlados”. “Não têm que ser salas de aula do futuro milionárias”, argumentou.
“O dinheiro tem impacto social nas escolas. Não interessa quanto custa. Este ano estamos a resolver os problemas físicos das escolas, com a colocação de 14 coberturas. Uma escola sem problemas físicos, com salas de aula do futuro e com parques infantis torna-se interessante para os meninos, que vão querer ir à escola e vão valorizar a escola, e também para pais e professores”, defendeu o autarca.
“Se calhar vamos ter que deixar de fazer outros investimentos, mas estes são necessários. Temos que tornar a escola apelativa. É isso que vai fazer a diferença para alunos e pais. E seremos pioneiros, julgo que não há outro município a assumir este compromisso nas escolas do 1.º ciclo do país”, sustentou.
Projecto quer diminuir em 12% a percentagem de alunos com pelo menos uma negativa no 2.º ciclo do ensino básico e reduzir em 26% as taxas de retenção no 1.º e 2.º ciclos
O Centro Escolar de Mirante de Sonhos foi o palco escolhido para apresentar o projecto “MAIS VAL – Melhores Aprendizagens, Inovação e Sucesso em Valongo” que tem como metas diminuir em 12% a percentagem de alunos com pelo menos uma negativa no 2.º ciclo do ensino básico e reduzir em 26% as taxas de retenção no 1.º e 2.º ciclos.
Trata-se de um investimento de 609 mil euros, sendo que 500 mil euros são comparticipados por fundos comunitários.
Durante 36 meses, nos três próximos anos lectivos, numa parceria entre a Câmara Municipal de Valongo, os seis agrupamentos de escolas do concelho e grande parte das associações de pais das escolas de Valongo, serão postos em prática vários projectos que visam a promoção das competências de leitura; dar apoio na transição entre o 1.º e o 2.º ciclo de escolaridade; intervir junto das famílias com crianças em risco de abandono escolar e com comportamentos de risco; promover a participação parental e criar processos de aprendizagem inovadores e interactivos, com base na tecnologia.
Entre as quatro grandes acções previstas, avançam já a E-MIEV – Equipa Multidisciplinar de Intervenção nas Escolas de Valongo, que vai disponibilizar profissionais com formação em psicologia, serviço social e terapia da fala, que, juntamente com os profissionais das escolas vão prestar apoio aos alunos que revelem maiores dificuldades de aprendizagem, risco de abandono escolar e/ou comportamentos de risco, e às suas famílias. No terreno fica já também a plataforma digital interactiva “Valongo EduCA+: Educar, Comunicar e Aprender”, uma ferramenta destinada a crianças do 1.º ciclo do Ensino Básico que visa promover a criação de novos ambientes de aprendizagem, com conteúdos, jogos e actividades.
A plataforma já está a ser usada pelos alunos de Mirante de Sonhos que hoje mostraram, em sala de aula, como pode ser utilizada. “É uma mais-valia para dinamizar a sala de aula e dá aos alunos mais motivação para aprender”, confirmou a professora Alexandra Azevedo.
Em Setembro, arrancam dois outros projectos do MAIS VAL: o VALer – Valongo a Ler, que vai começar diagnosticar os níveis de leitura nos alunos do 2.º ano do concelho e intervir junto dos que demonstrem dificuldades; e o “Aprender a Aprender”, com sessões de apoio ao estudo, dinamizadas por técnicos especializados, que visam dotar os alunos do 4.º ano de estratégias de aprendizagem e de auto-regulação.
“Em Valongo não é preciso ter dinheiro para ler livros”
Na sessão oficial de lançamento do projecto esteve presente Helena Fonseca, da Estrutura de Missão do Programa Nacional de Promoção do Sucessos Escolar, que lembrou que “Portugal tem um desígnio que é europeu que é reduzir o insucesso escolar para metade até 2020”. “Este é um desafio de todos”, salientou, lembrando que a promoção do sucesso escolar não é um tema novo e que as escolas trabalham nisso há vários anos e com várias estratégias. “Mas é preciso mais recursos”, confirmou, realçando a importância deste compromisso municipal.
Já José Manuel Ribeiro disse-se satisfeito por finalmente ver o projecto no terreno. “Queremos poder dizer mais tarde que fizemos todos os possíveis para que não se perdesse talento, que ninguém ficou atrás da linha, mesmo que fosse de uma família carenciada”, afirmou o autarca.
O presidente da Câmara Municipal de Valongo falou ainda da importância da leitura na formação de pessoas “plenas” e mais “exigentes” e afirmou que “em Valongo não é preciso ter dinheiro para ler livros”.
“Em três anos passamos de 3.000 para 9.000 leitores nas bibliotecas. Quem quiser ler um livro basta inscrever-se na biblioteca e dizer qual é. Nós compramos”, explicou.
Antes da sessão actuou o coro Cantar Sonhos composto por 250 alunos da escola.
