As crianças de Sobrado já nascem apaixonadas pelas Bugiadas e Mouriscadas, tradição de São João que marca aquela freguesia de Valongo, acredita a direcção da Associação Organizadora Casa do Bugio e das Festas de S. João de Sobrado. Ainda assim, a instituição avançou com um projecto de Oficinas de Artes Decorativas S. Joaninas, que vai chegar a 800 crianças do pré-escolar e do 1.º, 2.º e 3.º ciclo das escolas básicas do Agrupamento de Escolas de Valongo, que visa envolvê-las ainda mais nesta manifestação cultural.
Desde a semana passada, estão a ser construídos, nas escolas, elementos como barretinas em papel, manjericos, cordões, bandeirolas, franchas, bandolins, flores em plástico e os chapéus de Bugio que serão expostos nas ruas de Sobrado e noutros edifícios que testemunham a tradição São Joanina, como a Casa do Bugio, em Junho.
“Basta ver as Bugiadas e Mouriscadas para se perceber que há cada vez mais jovens a participar na festa”
Foi em Outubro de 2017 que a direcção liderada por César Ferreira tomou posse da Associação Organizadora Casa do Bugio e das Festas de S. João de Sobrado e da Casa do Bugio.
“Sou sobradense e bugio de alma. Decidi convidar alguns amigos para me ajudarem a tornar a associação mais activa e aberta aos sócios e à população. Decidimos pegar nesta nau gigante que estava sem uma rota definida” depois da demissão do anterior presidente, explica o dirigente.
Uma das ideias da nova direcção passou por decorar as ruas com elementos ornamentais próprios da quadra de são joanina. “Sabendo que o São João de Sobrado é predominado pela cor, alegria e vivacidade, as oficinas nascem tendo como principal objectivo que as crianças envolvidas neste projecto possam dar ainda mais cor á nossa festa”, afirma César Ferreira.
Segundo o presidente da direcção da Associação Organizadora Casa do Bugio e das Festas de S. João de Sobrado, lançaram o repto à Câmara Municipal de Valongo e ao Agrupamento de Escolas de Valongo para criarem o projecto de Artes Decorativas S. Joanina, que conta com o artista plástico sobradense Fábio Dias, e tem como objectivo sensibilizar os mais novos para o conhecimento e o respeito pelo património cultural.
Não que as crianças de Sobrado já não conheçam bem as suas tradições, salienta César Ferreira. “Em jeito de brincadeira dizemos que as crianças de cá já nascem a saber o que são as Bugiadas e Mouriscadas. As crianças já têm a tão afamada e inexplicável ‘paixão. Queremos conseguir agarrar essa alegria tão característica das crianças e deixar que elas a demonstrem através dos seus trabalhos de decoração”, sustenta.
O dirigente associativo acredita mesmo que a continuidade desta tradição sobradense está assegurada. “A nossa festa é tão peculiar e especial por não deixar cair no esquecimento os costumes e tradições, zelando sempre por preservar e transmitir às novas gerações aquilo que nos foi sendo transmitido através dos nossos pais e avós. Basta ver as Bugiadas e Mouriscadas para se perceber que há cada vez mais jovens a participar na festa. Daí termos a convicção de que a festa perdurará por muitas mais gerações”, defende César Ferreira.
As actividades já arrancaram neste “ano piloto”. No próximo ano lectivo, o objectivo é que estas oficinas sejam inseridas no plano de actividades do Agrupamento.
Os 800 alunos envolvidos vão aprender, semanalmente, técnicas decorativas portuguesas, em conjunto com outras técnicas como são a arte de Kirigami e de Origami. “A ideia é que os elementos que vão sendo construídos nas escolas, ao longo das sessões, sejam expostos nas ruas em Junho, para decorarem as ruas de Sobrado e outros edifícios que testemunham a tradição São Joanina. Estamos a falar de elementos como: barretinas em papel, manjericos, cordões, bandeirolas, franchas, bandolins, flores em plástico e os chapéus de Bugio que retratam fielmente a temática”, explica o protocolo assinado com a autarquia, que apoia o projecto com 2.500 euros referentes à deslocação dos professores às escolas e à compra de material de papelaria e artes.
O documento prevê que a iniciativa ajude a consolidar a importância da Bugiada e Mouriscada na cultura tradicional concelhia; dar a conhecer a história, memórias e costumes através de acções práticas, dirigidas a todas as faixas etárias; sensibilizar as crianças e alunos/as do concelho para o conhecimento e o respeito pelo(s) diferente(s) património(s) cultural(ais) e incentivar a promoção de actividades culturais no concelho.
Segundo César Ferreira, o resultado destas oficinas vai ser exposto na Casa do Bugio “que pela primeira vez, esperamos nós, estará com a pompa e circunstância que merece no dia das Bugiadas e Mouriscadas”.
No final desta actividade, a associação espera que “as crianças se tenham divertido, aprendido e que sintam orgulho por terem participado de forma activa nesta nossa grandiosa festa”.