“Esta foi a melhor prenda de Natal de toda a minha vida”, garante Vânia Torres que recebeu, esta segunda-feira, as chaves de uma nova casa, em Valongo. Há 10 anos à espera de uma habitação social, Vânia vivia com o filho de cinco anos numa casa emprestada por familiares. Vai agora ocupar um T2 na Palmilheira. “A casa está nova. É linda e não tenho palavras. Não há dinheiro que pague isto”, afirmou.
Esta foi uma das 17 famílias que foram realojadas pela Câmara Municipal de Valongo nesta nova vaga de entrega de habitações sociais. Em espera estão cerca de 1.000 famílias.
“Quando recebi a chamada a dizer que íamos receber casa chorei de alegria”
Os dois bebés gémeos de José Maria e Sandra Silva dormiam descansados esta manhã. Não se apercebiam ainda que viviam até agora numa casa onde mal cabiam os sete elementos da família nem da alegria dos pais em receberem a chave que esperam que lhes vá mudar a vida.
O casal tem mais três filhos, de 14, 12 e 7 anos, que partilhavam o mesmo quarto de uma casa arrendada em Ermesinde onde os pais mal conseguiam pagar a renda e as despesas.
“Vai ajudar muito na questão financeira e nas questões de espaço. Vai dar um empurrão grande na nossa vida. Havia meses em que contávamos todos os tostões para pagar ao senhorio… Se não fossem os meus sogros…”, explica José Maria. É que neste momento apenas Sandra trabalha. Além do seu rendimento contam apenas com os abonos de família relativos às crianças.
“Este Natal vai ser melhor e mais animado. Quando recebi a chamada a dizer que íamos receber casa chorei de alegria”, conta Sandra. A família estava na lista de espera desde 2011.
Também a família de Rosa Ferreira, de 47 anos, estava há cinco anos à espera de habitação social. Um incêndio que consumiu a casa onde vivia com o marido, o filho e o cunhado, em Sobrado, precipitou a solução tão ansiada.
Agora a viver na casa de emergência da Protecção Civil da Câmara Municipal de Valongo, a família vai instalar-se numa nova habitação, em Campo. “Vai ser um recomeço de vida. Estamos a começar do zero”, explica, dizendo que já têm algumas mobílias e precisam agora de electrodomésticos para transformarem a casa em lar.
“Só nestas 17 casas estão mais de 100 mil euros de investimento”, salientou autarca
Ao todo, 47 pessoas carenciadas, incluindo 15 crianças, receberam das mãos do executivo municipal e dos responsáveis da empresa municipal Vallis Habita as chaves de uma nova habitação. Trata-se de casas nas freguesias de Alfena, Campo, Ermesinde, Sobrado e Valongo. As famílias vão pagar rendas entre os 4,21 euros e os 189,79 euros.
“Infelizmente, não temos habitação para todos os pedidos. Temos cerca de 1.000 famílias em espera”, começou por dizer o presidente da Câmara Municipal de Valongo.
Mas, salientou José Manuel Ribeiro, nos últimos quatro anos foram recuperadas 73 habitações sociais e realizadas cerca de 26 transferências. O que perfaz cerca de 100 casas entregues. “Mais tivéssemos e mais estaríamos a entregar”, garantiu.
Para recuperar cada habitação, sempre que ficam desocupadas, são precisos cerca de 8.000 euros. “Só nestas 17 casas estão mais de 100 mil euros de investimento”, salientou o autarca.
José Manuel Ribeiro lembrou ainda que, com o apoio de fundos comunitários, a Câmara de Valongo está a realizar um investimento de 2,2 milhões de euros na recuperação do exterior dos edifícios de habitação social, para melhorar o conforto térmico, e também nos espaços envolventes.
O presidente da Câmara aproveitou também para pedir às famílias presentes que estimem os espaços e ajudem a fazer dos empreendimentos sociais um espaço de “esperança”. Além disso, apelou a que tirem partido deste “empurrão” que lhes foi concedido. “Entendam isto como um incentivo para serem felizes e para terem uma nova oportunidade na vida. Ninguém está condenado a estar sempre na mó de baixo. Se tivermos vontade podemos ultrapassar os nossos problemas. Não podemos resignar-nos”, argumentou. “Espero que, daqui a dois ou três anos a vossa vida melhore e possam ir para outros sítios”, concluiu o autarca.