Vais tomar a vacina? Fazes bem!

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Nós, não!

Seja da Astrazeneca, da Pfeizer, da Jonhson ou outra qualquer. Nem que fosse uma vacina que nos garantisse não ter efeitos secundários e danos colaterais ou desse perpétua imunidade ao vírus ou mesmo até que a diretora-geral de saúde nos coloque no fim da lista.

Desde o início do processo que defendemos a ideia de que os professores deveriam ser considerados prioritários. Pelo que víamos, ouvíamos e sabíamos, seria importante manter as escolas abertas em condições de segurança. É à volta da escola que a sociedade se organiza. Quando as escolas estão fechadas atrasam-se percursos de vida, mas a sociedade e, nela, sobretudo a economia, também não têm condições de sobrevivência. Sem a escola as desigualdades sociais agravam-se ainda mais, como se não fosse já incompreensível a injustiça social que, todos os dias, nos confronta e desafia.

Foi a partir destes pressupostos que sempre defendemos nas nossas crónicas, para garantir estas preciosidades essenciais ao mínimo funcionamento do mundo em que vivemos, que afirmamos convictamente a prioridade que devia ser dada aos professores. Contudo, acrescentamos sempre: quando fosse a sua vez.

Mudámos de opinião?

Não, pelo contrário. Cada vez mais estamos convictos dessa necessidade.

O que mudou, então?

Muitas coisas. Desde logo, os critérios de prioridade têm sido alterados, mais do que ao sabor do rigor científico, mudam em função dos dias. Hoje as prioridades são uns, amanhã outros. Hoje, os idosos estão à frente de todos, amanhã são profissionais de saúde, depois os bombeiros, agora os professores.

Para nós, basta! Basta de nos fazerem crer que todos somos prioritários quando, na verdade, somos meros peões deste “capitalismo selvagem” que comanda a distribuição das vacinas e, propositadamente ou não, Boris Johnson, primeiro-ministro inglês, confirmou por estes dias. É que ao capitalismo selvagem da distribuição interessa também a indefinição sobre quem tomou ou não tomou a vacina. É por isso também que os ingleses já vacinaram mais de 40% da população e nós ainda não ultrapassamos os 15%.

O critério que não sofre contestação e, desde o início, não foi alterado é o que nos diz que os idosos são os mais afetados e a mortalidade expressa-se de forma aterradora e inquestionável sobre os que têm mais de 80 anos.

Por isso, não prescindimos da prioridade que a nossa profissão deve ter, mas só aceitaremos tomar a nossa vacina quando nos garantirem que todos os octogenários estão vacinados.

Até lá, testem-nos todos os dias, façam de nós o que quiserem, mas nunca nos farão aceitar a vacinação sem que idosos como a nossa mãe, com 84 anos, dura resistente a um cancro, ainda não tenham sido tidos nem achados neste processo em que já tanto escroque social se “abotoou” até com a bendita vacina.

Queremos a nossa vacina o mais rápido possível. Somos prioritários. Quando for a nossa vez!