O ciclo vital dos organismos não é uma linha reta, uniforme. Da mesma forma, as instituições refletem esta tendência e, por isso, é natural que a momentos de maior euforia sucedem momentos de introspeção e debate interno, geradores de renovação. Muitos terão dificuldade em entender esta verdade e olhavam para o PSD como um corpo moribundo, ignorando que o Partido tem no seu ADN os valores e a alma dessa figura cimeira e uma referência para muitos: Sá Carneiro.
O jantar do PSD Lousada, realizado no sábado, foi claramente um sinal da vitalidade do Partido e a afirmação dos valores da social-democracia. Foi também um importante ponto de partida para as próximas batalhas eleitorais, porquanto permitiu estabelecer as linhas de pensamento que abrirão o debate e nortearão o caminho do PSD. Ouvi, nos discursos do presidente da concelhia, Simão Ribeiro, e no do eurodeputado Dr. Paulo Rangel, aquilo que é a minha forte convicção: vivemos neste momento em Portugal uma austeridade encapotada. António Costa pôs-nos nos bolsos alguns euros a mais todos os meses sacrificando os serviços públicos essenciais: cortou na saúde, na segurança, nas infraestruturas… Uma hábil manobra, que criou a ilusão de prosperidade, mas que depressa se revela quando temos de esperar meses a fio por uma consulta ou cirurgia, quando vemos os serviços públicos de transportes obsoletos, quando sentimos que a nossa segurança está em causa ao circularmos nas estradas…
A governação socialista em Lousada é o reflexo do que se passa no país, mas com a agravante de se prolongar há demasiado tempo, tempo esse que vai criando a sensação de que tudo vai bem num concelho que, fruto de falta de estratégia e de visão, se vai tornado cada vez mais pequeno. As oportunidades não são aproveitadas.
Temos um concelho coxo no que toca à intervenção do cidadão lousadense. Tudo, ou quase tudo, tem de passar pelo crivo da autarquia. O PS Lousada conseguiu, ao longo destes trinta anos, assegurar-se do poder até na sociedade civil. Infelizmente, não temos uma associação comercial nem industrial fortes e capazes de permitir um maior desenvolvimento nestas áreas, vitais para qualquer município. As associações espelham também esta realidade: as iniciativas de sucesso, num ápice, passaram para a alçada da autarquia, que, pasmem-se, passou a ser uma comissão de festas. São muitos os exemplos, mas destaco o que aconteceu em relação ao maior evento do concelho, a festa do Senhor dos Aflitos. Verificamos que, até neste evento, a palavra que manda é a do Presidente da Câmara.
O PSD Lousada acredita que os lousadenses um dia lhe darão a oportunidade de mostrar que há um outro caminho, um caminho diferente, livre, de oportunidades, que possa ser construído sem as amarras ou o centralismo da governação da autarquia. Esta mobilização demonstrou que é possível mudar. Este PS está a governar com as medidas do programa eleitoral do PSD, medidas essas que antes considerava irrealistas, e isso é a prova de que o futuro do concelho passa pelas ideias sociais-democratas.