Ainda não passou um mês desde que o novo executivo municipal de Paredes tomou posse, mas há já três decisões tomadas que devem ser realçadas.
A primeira foi a de acabar com a “feira franca” na Praça de José Guilherme, transferindo-a para o Largo da Feira. Até agora, aquela que é considerada a sala de visitas do concelho estava transformada numa caótica feira de artigos usados que em muitos casos deixavam muito a desejar. Por entre a desordem que reinava entre a escadaria do Tribunal e a entrada do edifício dos Paços de Concelho, era possível encontrar, entre outras bugigangas, guarda-lamas de motorizadas, rodas de bicicletas, chaves de rodas, toalheiros em ferro, telemóveis usados (em quantidades industriais), torneiras velhas, jantes de automóveis, telecomandos da MEO, antenas parabólicas da ZON, cartões de telemóveis da Vodafone, chaves de parafusos e até pneus usados. Passar toda esta tralha para o Largo da Feira foi uma decisão acertada. No entanto, para que a cidade continue com vida ao fim-de-semana, parece-me que seria interessante criar um modelo de feira na Praça de José Guilherme, devidamente organizada, onde fosse possível encontrar novamente os artigos de artesanato, produtos hortícolas e até bolos caseiros, tudo vendido directamente pelos respectivos produtores.
A segunda decisão foi a do pagamento dos manuais escolares até ao 12.º ano de escolaridade. Durante a campanha eleitoral os socialistas sempre afirmaram que os manuais seriam gratuitos. Nunca referiram que iam pagar apenas uma parte do valor nem tão-pouco disseram que os mesmos manuais seriam emprestados, uma vez que os mesmos terão que ser devolvidos no final do ano lectivo. Assim que as famílias começarem a receber o valor subsidiado, que na maioria dos casos é pouco mais de metade do que as famílias gastaram, poderá ter acabado o “estado de graça” de que os novos executivos usufruem no início dos seus mandatos.
Por último, naquela que foi a primeira reunião de câmara depois da distribuição dos pelouros, Alexandre Almeida apresentou uma proposta para a contratação de um novo empréstimo bancário que permitirá amortizar outros empréstimos e reduzir significativamente esses encargos. Até aqui, nada extraordinário, não fosse o preâmbulo da proposta, escrita pelo próprio Alexandre Almeida, afirmando que “a dívida total do Município de Paredes, à data de 31 de Dezembro de 2016, encontrava-se e encontra-se actualmente abaixo do limite fixado no artigo 52.º da Lei n.º 73/2013, de 3 de Setembro”. Traduzindo, o presidente da Câmara Municipal afirma categoricamente que no final do ano passado a dívida municipal era de 46 milhões de euros e que actualmente não ultrapassa os 57 milhões impostos pela referida lei.
Ora, isso não teria importância alguma se não tivéssemos ouvido dezenas e dezenas de vezes o candidato socialista Alexandre Almeida, durante a campanha eleitoral, afirmar que a dívida municipal era “colossal”, “ingovernável” e que estava “muito acima dos 100 milhões de euros”. Assim, torna-se uma prova de que as campanhas eleitorais são cada vez mais um espectáculo e uma farsa ridícula e cada vez menos a procura da verdade e a diferenciação dos candidatos pelas suas ideias e carácter.