A Câmara de Valongo vai avançar com o condicionamento de trânsito de camiões na Estrada Municipal 606 que liga Sobrado a Alfena. O objectivo, adiantou José Manuel Ribeiro em reunião de executivo, é prevenir que haja cargas não autorizadas a chegar ao aterro de Sobrado e também acautelar questões de segurança e mobilidade naquela via.
Na estrada, que assume também as designações de Rua Nossa Senhora do Amparo e Rua de Campelo, passarão a circular apenas “camiões de emergência, serviços públicos e outros previamente autorizados”. Quem infringir poderá ser multado pelas autoridades.
O executivo socialista disse ainda ter recusado, há cerca de um ano, um investimento “de milhões” da empresa por não ser benéfico para a população.
Só vão passar camiões autorizados
Depois de um munícipe ter levantado questões sobre o aterro de resíduos não perigosos contestado pela população de Sobrado, o presidente da Câmara Municipal de Valongo afirmou que perante um pedido dos moradores vai “condicionar a circulação de trânsito na estrada 606”. “Vão ser obrigados a dizer quem circula naquela estrada”, sustentou.
Mais tarde, ao Verdadeiro Olhar, o vereador da Mobilidade lembrou que o mesmo já aconteceu na mesma via em Alfena.
“Vamos replicar na EM 606 o que foi feito para o lado de Alfena. Para evitar que o trânsito pesado circule no centro das cidades fizemos uma limitação de tráfego entre a saída da A41 e o centro de Alfena. Vamos fazer o mesmo para o lado de Sobrado, porque aquela estrada não tem passeios nem condições de segurança. Queremos evitar o trânsito pesado que não é necessário, que não tem de passar ali e que pode ir pela auto-estrada”, afirmou Paulo Esteves Ferreira.
Isso passará pela limitação de camiões, sendo que só os de “emergência, serviços públicos e outros previamente autorizados” é que poderão circular. “Vamos fazer uma consulta à junta e enviar uma carta às empresas que terão de identificar os transportes que terão de ser validados por nós. Depois iremos facultar essas matrículas à polícia que poderá autuar todos os camiões que não sejam autorizados”, descreve.
A meta é só uma: “evitar que haja carros com cargas não autorizadas naquela estrada” que cheguem ao aterro de Sobrado. “Tudo isto também pretende regular algo que acreditamos estar a acontecer que são as cargas nocturnas no aterro. Caso isso aconteça com isto fica resolvido”, atesta Paulo Esteves Ferreira.
“Nós não queríamos continuar a potenciar um negócio que prejudica a população de Sobrado”
Outro tema levantado foi o de um investimento que esteve previsto para o local. José Manuel Ribeiro confirmou, mas garantiu que a Câmara não autoriza o investimento.
“A câmara entendeu que por razões ambientais não quer ali aquele tipo de negócio. A consequência foi um processo em tribunal da empresa”, referiu.
Segundo Paulo Esteves Ferreira, a Recivalongo abordou a Câmara há cerca de um ano para apresentar um “projecto inovador” que queria implementar. Um “grande investimento ligado à produção de gás aproveitando resíduos”. “Não aceitamos porque o documento não estava suficientemente técnico para percebermos o que queriam fazer, depois implicava a construção de uma torre que em termos urbanísticos e visuais era mais ruído e mais poluição. E porque levantou suspeitas sobre o que ia lá ser feito e como ia ser feito. Nós não queríamos continuar a potenciar um negócio que prejudica a população de Sobrado. Se calhar com aquele investimento ainda ia receber mais resíduos e de mais países”, alegou o autarca.
“Nós não queremos a Recivalongo no concelho, nem nada associado àquilo”, assegurou ainda o vereador, dizendo que o receio são as consequências futuras.
“Não parece que quem cobra 10% do que custa noutros países tratar resíduos esteja a fazer um tratamento eficaz. A fiscalização tem de ser actuante, sem anunciar idas. Tem de se perceber se Portugal está interessado em receber resíduos que os outros países não querem a preço de saldo”, criticou.
Investimentos de milhões, garantiu, nem sempre são bom investimento. “A Recivalongo é um bom exemplo disso. Fizeram investimento de vários milhões, mas não trouxeram nada de benéfico”, concluiu.