A propósito da vinda do Papa Francisco a Fátima, o Governo concedeu uma simpática tolerância de ponto aos funcionários públicos no próximo dia 12 de Maio. Aparentemente, não há nada de excepcional: já tivemos outras tolerâncias de ponto para ver outro Papa e até para assistirmos a um jogo de futebol da selecção nacional, pelo que esta seria apenas mais uma.
No entanto, esta benesse do Governo aos funcionários públicos tornou-se notável por dois motivos: pela algazarra de uns deputados socialistas, que invocaram a laicidade dos Estado, e porque os meus filhos não vão ter aulas na próxima sexta-feira.
Para que conste, sou católico e provavelmente serei um dos muitos portugueses que estarão em Fátima, mas esta tolerância de ponto não me parece correcta. Como se percebe, não é por causa da questão do Estado laico; é pela oportunidade e necessidade de tal medida.
O Papa Francisco chega a Fátima já depois das 19 horas. A essa hora a maioria dos portugueses já saiu do trabalho e estará, senão em casa, pelo menos a caminho de casa. Ou seja, a tolerância de ponto não acrescenta nada a quem quer assistir à chegada do Papa. No entanto, prejudica bastante quem trabalha no sector privado e tiver filhos em idade escolar, uma vez que, por causa do encerramento das escolas públicas nesse dia, haverá muitas famílias que não terão com quem deixar os filhos ou terão que faltar ao trabalho para poder ficar com eles.
Parece-me que esta tolerância de ponto não passa de uma medida populista que vai causar problemas a muitas famílias.