Vitorino Silva durante a campanha

Vitorino Silva viveu momentos inesquecíveis. Em poucas horas, abandonou o papel que lhe estava destinado de actor secundário nas últimas eleições presidenciais e tornou-se num dos vencedores da noite que consagrou Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República. “Tino de Rans” conquistou 3,28 por cento dos votos e ficou no sexto lugar de uma eleição que contou com dez candidatos. Um resultado que poucos esperavam e que deixou o próprio candidato e o povo de Rans, onde o filho da terra foi o mais votado, satisfeitos.

O dia seguinte às emoções eleitorais foi passado no conforto da família, mas “Tino de Rans” promete voltar ao combate político em breve.

 

Cumprimentado em Rans e em Valongo

Vitorino Silva acompanhou a divulgação dos resultados eleitorais num escritório situado nas Amoreiras, em Lisboa. Foi aí que tentou falar, em directo, com os portugueses, mas as televisões preferiram transmitir Marcelo de Rebelo de Sousa a dirigir-se para a Universidade de Direito, onde fez o discurso de vitória. A comitiva de “Tino de Rans” exaltou-se e protestou junto dos jornalistas. Também por isso, a viagem de regresso a Penafiel só se iniciou pela 1h30. Haveria de terminar, já em Rans, depois das 5h30 e o adiantar da hora fez com que Vitorino Silva passasse a manhã de segunda-feira a descansar. Só da parte da tarde é que um dos vencedores da noite eleitoral saiu à rua. Acompanhado pela esposa, recebeu os primeiros cumprimentos num café situado a poucos metros de casa. Em seguida, foi ao encontro da família mais próxima que reside nesta freguesia de Penafiel e, posteriormente, dirigiu-se a Valongo para mais cumprimentos e conversas com outros familiares e amigos. Também foi no concelho do qual já tentou ser presidente que prestou as primeiras declarações públicas. “Neste momento, só me sinto honrado por ter participado num acto de cidadania”, disse. “Tino”, que revelou ter recebido “dezenas de telefonemas” naquelas poucas horas, também ficou contente por ter tido “votos em todo o país”.

Vitorino Silva durante a campanha
Vitorino Silva durante a campanha

Apesar do bom resultado, o calceteiro mais famoso de Portugal não se deixa deslumbrar. E até recusou mostrar contentamento por ter incomodado candidatos como Maria de Belém e Edgar Silva. “Não me deu um gosto especial ficar perto deles. O que me deu gozo foi que tivessem discutido os temas que eu levei para a campanha”, sustentou.

 

“Quero tirar o monopólio aos partidos”

Um dia depois de ter sido protagonista numas eleições presidenciais, Vitorino Silva só tinha uma certeza: iria regressar, na manhã seguinte, ao emprego na Câmara do Porto como calceteiro. A política fica para um futuro que o próprio deseja que seja breve, mas que ainda não sabe qual será. “Quero tirar o monopólio aos partidos e fazer com que a sociedade civil tenha voz e possa decidir. Tudo farei para que haja círculos uninominais e os deputados possam ser eleitos fora dos partidos”, prometeu. Uma tarefa que ficou facilitada com os resultados do passado domingo. “O povo está livre. Os partidos pensavam que eram donos dos votos, mas contribuí para uma mudança de mentalidade”, defendeu.