Depois de duas semanas de “inferno” e noites “horríveis”, muitas com frio e chuva, os 150 funcionários de uma fábrica de calçado em Boim, Lousada, estão de esperanças renovadas.

Deixaram, esta noite, a porta da empresa, depois de uma visita do administrador de insolvência que terminou com a troca de alarmes das instalações e a promessa de que todos os trabalhadores da Sioux Portuguesa terão os papéis para o fundo de desemprego até terça-feira da próxima semana. Houve mesmo quem já tivesse recebido hoje os documentos que permitem apresentar-se no centro de emprego.

Os trabalhadores, que já desmontaram a tenda de lonas que os abrigou, realizam esta noite ainda um momento de despedida. “As pessoas já choram emocionadas. Para algumas foram 30 anos aqui. Precisamos de nos libertar deste peso e começar a pensar no futuro”, refere Liliana Ribeiro.

A ex-funcionária confirma que tiveram “a garantia de que todos vão receber os papéis para o fundo desemprego até à próxima semana”. “Alguns já receberam hoje. Também vamos activar o fundo de garantia a ver se recebemos alguma coisa”, acrescenta.

Com a troca dos alarmes, “só o administrador de insolvência e outros dois colegas terão acesso à fábrica”, explica Paulo Santos. “É um alívio acabar este inferno”, garante o trabalhador que passou 15 noites à porta da empresa para salvaguardar o património.

Contactado, o administrador de insolvência, adianta que o processo de insolvência, que deu entrada na semana passada, segue agora os trâmites legais, decorrendo a fase em que os credores podem reclamar créditos, o que os funcionários têm também de fazer.

Sobre a troca de alarmes, Jorge Fialho Faustino disse apenas tratar-se de tomar “as medidas necessárias para salvaguardar os interesses dos credores e proteger os bens”.