Foto: Pexels/ Engin Akyurt (DR)

A taxa média de ocupação do internamento nos hospitais portugueses foi de 91% em 2023, mas o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa superou este número cifrando-se nos 124,5%.

Os dados constam de um relatório do Conselho de Finanças Públicas, a que o VERDADEIRO OLHAR teve acesso, e que analisa o desempenho do Serviço Nacional de Saúde.

Assim, lê-se no documento que a taxa média de ocupação de 91% foi “a maior dos últimos dez anos”, tendo sido “superior à registada em 2022, que se ficou pelos “86%”. No entanto, este número “engloba situações bastante discrepantes em várias regiões”, sendo que a do Tâmega e Sousa é a mais elevada, seguindo-se o Centro Hospitalar do Oeste, com 109,6%, Centro Hospitalar do Médio Ave, com 103,6%, e Hospital de Vila Franca de Xira, com 100,2%.

Neste âmbito, e ao análisar a área de influência dos hospitais do SNS, o Conselho de Finanças Públicas aponta a existência de “uma disparidade significativa, não só entre regiões, mas também dentro das próprias zonas urbanas”. Ou seja, o número de utentes que um hospital serve diretamente na sua área geográfica designada, reflete a população que depende principalmente desse hospital para cuidados de saúde. Aqui, a ULS do Tâmega e Sousa abrange 493 469 utentes, situando-se no grupo das unidades com ‘Maior Área de Influência Primária’.

Analisando a generalidade do SNS, diz o Conselho de Finanças Públicas que, em 2023, aumentou a atividade hospitalar, mas de “forma insuficiente para satisfazer a procura”, sendo que “nos cuidados primários reduziu-se o número de consultas médicas”.
Pela Rede Nacional Cuidados Continuados Integrados, “o maior número de utentes assistidos em 2023 não foi suficiente para responder ao aumento do número de utentes referenciados nesse ano”. Quer isto dizer que, “o nível de atividade do SNS foi insuficiente para fazer face às necessidades (crescentes) da população”.

Já o número de utentes do SNS aumentou para 10,6 milhões inscritos, dos quais 1,7 milhões de utentes (16%) não tinham médico de família atribuído. Face a 2022 trata-se de “mais 230 mil utentes” nesta situação.

Um outro dado curioso versa sobre a taxa de absentismo ou ausências ao trabalho, onde se destaca o Tâmega e Sousa, com 12,8%. O número é apenas superado pelas ARS do Centro, com 18,6%, e de Lisboa e Vale do Tejo, com15,5%. Ora estes dados são importantes, porque têm “impactos consideráveis na despesa, nomeadamente pela necessidade de contratação de trabalhadores temporários e aumento do trabalho suplementar”. A elevada taxa de absentismo pode ainda afetar “a produtividade e a qualidade dos serviços prestados, contribuindo para um aumento geral dos custos”, refere ainda o relatório, elencando que, em 2023, esta taxa média nas entidades do SNS rondou os 9,4%.