Tâmega e Sousa teve 38 mil trabalhadores em layoff: 11,3% da população empregada

Mostra relatório Norte Conjuntura que revela ainda que desemprego registado nesta região aumentou mais de 26% no segundo trimestre do ano, face ao mesmo período do ano passado

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O elevado número de trabalhadores em regime de layoff permitiu “atenuar significativamente” a quebra potencial no emprego, perante um contexto de forte redução da actividade económica, conclui o relatório trimestral Norte Conjuntura da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).

O mesmo documento revela que o número de trabalhadores na região Norte abrangidos por este regime no segundo trimestre de 2020 era de 337,3 mil, representando 41% do total de Portugal Continental. No país, houve 823 mil trabalhadores em layoff, 18,3% de toda a população empregada.

Sem a aplicação destas medidas “podiam ter sido perdidos um milhão de empregos” entre o segundo trimestre de 2020 e o mesmo período do ano passado, sustenta o documento da CCDR-N.

Infografia: Norte Conjuntura

“Na região Norte 20,1% de toda a população empregada foi abrangida por este instrumento de protecção social”, caso não o fosse, estima-se que a redução do emprego poderia ter sido de 22,1% ao invés dos 2,5% das estatísticas oficiais, acrescenta o mesmo relatório.

A Área Metropolitana do Porto (AMP) – que integra os concelhos de Paredes e Valongo – era a que no final do segundo trimestre tinha mais trabalhadores em layoff, 170.655 pessoas, 50,6% do total da região Norte. Já as sub-regiões do Ave (15,5%), Cávado (12,7%), Tâmega e Sousa (11,3%) e Alto Minho (5,5%), “todas com forte orientação industrial e exportadora, concentravam, no conjunto, 45% do total dos trabalhadores abrangidos por este regime na região Norte”. No Tâmega e Sousa – onde se incluem os concelhos de Lousada, Paços de Ferreira e Penafiel – isso corresponde a 38.187 trabalhadores.

Lousada e Penafiel entre os municípios que estão a recuperar melhor no desemprego

O mesmo documento, relata que o número de desempregados inscritos nos centros de emprego da região Norte aumentou para 153.887 (em média) no segundo trimestre de 2020, um crescimento de 20% face ao período homologo de 2019, mas ainda assim abaixo dos 30,6% registados no país. A diferença é justificada por factores de ordem económica, como as exportações e o grande número de trabalhadores abrangidos por layoff, que evitou despedimentos.

Infografia: Norte Conjuntura

A par de outras regiões, como o Alto Minho, Ave, Cávado e Área Metropolitana do Porto, o Tâmega e Sousa foi dos que registou “um crescimento mais significativo”. No Tâmega e Sousa o desemprego no segundo trimestre do ano foi 26,4% superior ao do mesmo período do ano anterior. E na AMP o crescimento foi de 17,1%.

Infografia: Norte Conjuntura
Infografia: Norte Conjuntura

Segundo o relatório, a sub-região do Tâmega e Sousa “distinguiu-se ligeiramente” das restantes sub-regiões do Norte, já que apenas observou um crescimento do desemprego durante a fase de confinamento. Os meses de Maio e Junho trouxeram reduções ligeiras do desemprego. Em Julho manteve-se praticamente inalterado. Já na AMP, após o crescimento nos meses de Março a Maio, o desemprego reduziu 1,6% em Junho e seguiu-se um aumento de 1,7% em Julho.

Infografia: Norte Conjuntura

A CCDR-N explica que o número de inscritos nos centros de emprego atingiu o valor mais elevado em Maio na maioria dos municípios do Norte, reflectindo o impacto negativo do confinamento obrigatório nas economias locais e o fraco dinamismo observado nesse mês, “devido às incertezas sobre a evolução da pandemia”. Já entre Fevereiro e Maio, o desemprego registado nos municípios “mais urbanos, industrializados e abertos ao exterior, localizados maioritariamente no eixo litoral, registou um aumento muito expressivo e superior” ao dos outros concelhos. Com a retoma dos mercados a situação foi alterando. Entre “os municípios mais resilientes da região Norte”, os que conseguiram diminuir o desemprego sucessivamente em Junho e Julho, estão os do cluster industrial Oliveira de Azeméis, São João da Madeira, Penafiel, Lousada, Felgueiras, Santo Tirso, Trofa, Vila do Conde, Vila Nova de Famalicão, Guimarães, Braga, Barcelos, Viana do Castelo de Vila Nova de Cerveira.

Estes municípios “mais abertos ao comércio internacional e mais industrializados parecem estar a recuperar mais rapidamente por força do crescimento da procura externa de bens”, conclui o documento.

Infografia: Norte Conjuntura