Sensibilizar e formar os agentes e actores ligados ao sector das instituições particulares de solidariedade social, associações empresariais e empresários, assim como as entidades ligadas ao mercado social, foi o lema da acção de formação que decorreu, esta sexta-feira,  no auditório da Biblioteca de Penafiel, numa iniciativa do Plano Nacional de Formação Financeira “Todos Contam”, promovida pelo Conselho Nacional de Supervisores Financeiros e que contou, também, com a participação da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Tâmega e Sousa.

O presidente da Câmara Municipal de Penafiel, Antonino de Sousa, numa curta intervenção, assumiu que estas acções são fundamentais para potenciar a chamada literacia financeira quer junto das instituições particulares de solidariedade social, que lidam no seu dia-a-dia com os problemas das pessoas, quer junto de outras entidades e serviços como os gabinetes de inserção profissional, o serviço social do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, os agrupamentos centros de saúde, assim como o Gabinete Janela Aberta, mais direccionada para as questões da violência doméstica, a rede local, o programa de respostas integradas assim como o contrato local de desenvolvimento social.

“É importante que quem está nestas áreas sociais possa dar esse contributo de sensibilizar as populações que têm menos formação para a importância de gerir o seu orçamento familiar, nas questões dos depósitos, nos serviços mínimos bancários ou informando-as das novidades que os bancos estão a adoptar na sequência da crise económico-financeira que, também, atingiu as famílias, existindo todo um conjunto de circunstâncias novas para as quais todos temos de estar devidamente informados”, expressou, assumindo que mais informação poderia ter evitado alguns dos constrangimentos porque passou o país, nomeadamente no período da intervenção da Troika com as consequentes medidas que tiveram de ser adoptadas.

Presidente da Comissão de Coordenação de Desenvolvimento da Região Norte, Fernando Freire de Sousa

“Tâmega e Sousa é a região mais jovem do país e com níveis de desenvolvimento, nalguns casos, significativos”

O presidente da Comissão de Coordenação de Desenvolvimento da Região Norte, Fernando Freire de Sousa, revelou que o projecto-piloto de promoção da formação financeira que a CIM do Tâmega e Sousa está a dinamizar resulta de um acordo de cooperação celebrado entre esta entidade, o Conselho Nacional de Supervisores Financeiros (Banco de Portugal, Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões e Comissão do Mercado de Valores Mobiliários), tendo a CCDR-N escolhido a sub-região do Tâmega e Sousa como uma área preferencial para avançar com estas acções.

A este propósito, Freire de Sousa justificou a escolha da sub-região do Tâmega e Sousa com o facto de esta ser uma das regiões mais jovens do país e apresentar, nalguns casos, níveis de desenvolvimento significativos. “Esta região define-se por ter uma população jovem, não há nada como começar pelos mais novos, dotando-os de conhecimentos neste domínio. Depois tem um tecido empresarial significativo e estas questões da banca, o crédito têm toda a pertinência”, frisou.

Primeiro Secretário Executivo da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa, Alírio Costa,

“Pretendemos informar e formar os agregados familiares, cujos agregados têm rendimentos mais escassos, que uma boa poupança do seu orçamento é determinante para gerir os seus custos”

O primeiro Secretário Executivo da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa, Alírio Costa, destacou que esta iniciativa esteve integrada no âmbito da Semana da Formação Financeira 2017, tendo a CIM do Tâmega e Sousa sido desafiada pela CCDRN para integrar a primeira NUT III do país para integrar este pacote nacional de formação financeira no sentido de facultar aos mais jovens e a outros públicos algumas ferramentas que estão disponíveis no domínio da formação financeira.

“Pretendemos explicar a importância da poupança, numa altura em que se celebrou recentemente o Dia Mundial da Poupança, queremos levar às escolas desde o primeiro ciclo até ao 12.º ano e às comunidades mais adultas que a poupança é fundamental para alavancar o seu futuro e do país”, revelou, salientando que é, também, objectivo da CIM Tâmega e Sousa, no âmbito do protocolo de acção, desenvolver acções juntas das pequenas e médias empresas, das famílias mais carenciadas explicando pequenos hábitos de poupança que quando devidamente observados podem fazer toda a diferença no dia-a-dia dessas pessoas.

“Queremos informar e formar os agregados familiares cujos agregados têm rendimentos mais escassos que uma boa poupança do seu orçamento é determinante para gerir os seus custos. Queremos explicar, também, a quem vai fazer um crédito para comprar casa, carro ou outros bens qual o papel que o supervisor deve assumir. Compete a este explicar que existe, hoje, um conjunto de mecanismos na contratualização desses créditos e explicar que as pessoas não podem pedir mais dinheiro do que a capacidade financeira que dispõem”, avançou.

Alírio Costa reconheceu que a micro e as pequenas empresas desconhecem, a maioria das vezes, os mecanismos e as ferramentas que têm ao seu dispor.

“Detectamos nestes domínios um desconhecimento significativo no que toca aos instrumentos de crédito. Os indicadores do Banco de Portugal revelam que mais de 70% das microempresas nunca pediram um crédito porque desconhecem a sua existência”, assumiu, atestando que o Plano Nacional de Formação Financeira agrega parceiros como o IAPMEI e o Turismo de Portugal que ao associar-se a esta iniciativa querem, também, dar um contributo no sentido de sensibilizar os seus associados e parceiros quanto aos mecanismos que dispõem e à possibilidade de alavancarem os seus negócios de forma sustentada e segura.

A importância dos parceiros locais

Lúcia Leitão, representante do Banco de Portugal, defendeu a necessidade da instituição que representa articular esforços com as instituições e os vários parceiros a nível local, porque são estes que melhor conhecem melhor as necessidades sociais e o tecido empresarial.

Lúcia Leitão realçou, também, a importância da chamada “literacia financeira”, com especial ênfase junto dos mais novos, dotando-os de instrumentos e conhecimentos que lhes possibilitem adoptar decisões mais esclarecidas e evitar que, por vezes, sejam tentados a consumir produtos que, pelas suas características, representam um maior risco.

A representante do Banco de Portugal garantiu, ainda, que a formação financeira que está a ser ministrada apoia a tomada de decisões financeiras nas várias etapas da vida e tem em conta as idades e das necessidades dos vários públicos.

“Pretendemos fomentar atitudes e comportamentos adequados na relação com o dinheiro, é um projecto para todos, com um número mais alargado de parceiros, que tem trabalhado junto das escolas, dos docentes, na prossecução de materiais pedagógicos”, assegurou, reafirmando que o Banco de Portugal quer estar mais próximo dos públicos mais vulneráveis e das autarquias.

Estas sessões foram também realizadas nos concelhos de Lousada e Paços de Ferreira.

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