Nelson Ricardo Castro, detido a 15 de Janeiro último por ser suspeito de realizar dezenas de burlas, não está a cumprir as medidas de coacção impostas pelo Tribunal. Segundo o VERDADEIRO OLHAR apurou, o homem de 29 anos nunca se apresentou no posto de Lordelo da GNR, embora continue a residir na habitação da família, situada em Rebordosa, Paredes.
As alegadas vítimas de Nelson Ricardo Castro, entre os quais um casal vizinho que foi burlado em cem mil euros, temem que o jovem regresse ao Brasil, onde recentemente passou uma longa temporada.
Detido com o irmão em Janeiro
Nelson Ricardo foi detido com o irmão Valdemar no passado mês de Janeiro. Ambos são suspeitos de realizar diversas burlas na zona do Grande Porto. Valdemar ficou, inclusive, conhecido por “Burlão das notas de 50 euros”, por simular o pagamento de despesas feitas em cafés com esta nota e fugir sem liquidar a conta e ainda com o troco.
Depois de perseguidos pela GNR durante sete horas, ambos foram presentes ao juiz do Tribunal de Instrução Criminal, que os libertou, mas que impôs que ficassem sujeitos a apresentações periódicas no posto da GNR mais próximo da habitação. No caso de Nelson Ricardo seria o de Lordelo, em Paredes.
Porém, o jovem de 29 anos, assim como o irmão, nunca cumpriu esta medida de coacção e o caso já foi comunicado pela Guarda ao Tribunal.
Usou dados bancários para transferir dinheiro para contas de apostas
Nelson Ricardo tem marcado para o final deste mês um julgamento, no qual responderá pelos crimes de furto qualificado e burla informática. Segundo a acusação do Ministério Público (MP), o caso remonta a Junho de 2012. Nessa altura, Nelson Ricardo Castro terá ficado com um cartão multibanco de um casal vizinho e transferiu os primeiros milhares de euros para contas da Tradefair e Betfair. Em seguida, usou o dinheiro para realizar apostas online.
Já em Agosto, e após as vítimas terem fechado a conta bancária que estava a ser usada na burla, Nelson Ricardo Castro terá invadido a casa dos mesmos vizinhos, situada em Rebordosa, Paredes, e copiou o código PIN de um cartão associado a uma outra conta que havia sido aberta recentemente. Na posse dessa informação, terá activado o serviço online e voltado a efectuar diversas transferências para as mesmas casas de apostas virtuais. O mesmo jovem também é acusado de fazer compras online e transferir milhares de euros para diferentes contas bancárias. Uma estava em seu nome e as restantes pertenciam a amigos. Neste último caso, o dinheiro era rapidamente levantado pelos comparsas e entregue, em mão, ao mentor de todo o esquema. O MP calcula que, no total, o dinheiro furtado ronde os cem mil euros.
Devido a este processo, Nelson Ricardo Castro foi constituído arguido, mas nunca foi notificado da acusação porque, entretanto, rumou ao Brasil. Segundo os vizinhos que foram vítimas do furto, Nelson regressou a Rebordosa no final do ano passado, mas, para as autoridades, continuava com paradeiro incerto. “Descobri que ele estava novamente na casa dos pais e fui avisar a Polícia Judiciária, o Departamento de Investigação e Acção Penal e o Tribunal, mas ninguém fez nada”, lamenta a vítima, que voltou a ter Nelson como vizinho.