A serra de Santa Justa foi o local escolhido pelo Centro de Recuperação de Fauna Selvagem do Parque Biológico de Gaia para a libertação e devolução à natureza de duas corujas do mato e de três ouriços cacheiros. A iniciativa juntou, sexta-feira à noite, cerca de cinco dezenas de pessoas, entre elas muitas crianças curiosas.
A devolução dos animais à natureza, estado selvagem de onde nunca deveriam ter sido retirados, é o culminar de um processo de recuperação que nem sempre é rápido. E a libertação nem sempre é possível. Mas para estes cinco animais chegou o dia de uma segunda oportunidade de vida ao ar livre, na natureza, proporcionado, neste caso, pela serra de Santa Justa.
Do plano inicial de libertação faziam parte apenas as duas corujas e os dois ouriços cacheiros. O quinto protagonista da história, um ouriço cacheiro, Donzela de seu nome, apareceu pela mão da pequena Ana Beatriz, de 9 anos, residente em Rio Tinto. Informada pelo pai, espeleogista em Valongo, da existência desta acção de libertação de animais na serra não hesitou em concordar na devolução do ouriço cacheiro à natureza, ainda que estivesse “triste” por ficar sem a companhia deste animal. Ana Beatriz conta que a Donzela foi entregue por um menino à sua mãe que é professora no Porto. Só esteve em sua casa apenas um dia, mas foi o suficiente para rapidamente se afeiçoar ao animal selvagem. Mas também não foi difícil de compreender que o lugar da Donzela é na natureza e que aí “será mais feliz”. E por isso foi fácil para Ana Beatriz colocar o ouriço cacheiro, bem de saúde como garantido pela veterinária do Parque Biológico, junto de um eucaplipto e deixá-lo seguir a sua nova vida, longe dos humanos.
A iniciativa de libertação dos animais, realizada numa parceria entre o Centro de Recuperação de Fauna Selvagem do Parque Biológico de Gaia e a Câmara Municipal de Valongo incluiu uma acção de sensibilização para a necessidade de se proteger e preservar as espécies selvagens e para a importância destes animais para o equilíbrio do ecossistema.