Foto: AEPF

O secretário de Estado da Indústria inaugurou, este sábado, a 48.ª edição da feira Capital do Móvel, em Paços de Ferreira. João Vasconcelos elogiou a qualidade do mobiliário produzido no concelho e a capacidade de persistência dos empresários. “Se sobreviverem a uma das piores crises dos últimos 100 anos, merecem estar aqui”, afirmou.

“Agora, é preciso saber vender. Fazer os móveis vocês sabem, melhor que ninguém. O desafio é vendê-los noutros mercados”, acrescentou o governante, que visitou os 75 expositores presentes na Feira de Mobiliário e Decoração.

Até ao próximo fim-de-semana, a Associação Empresarial de Paços de Ferreira (AEPF) espera que cerca de 20 mil pessoas visitem o certame, de países como Espanha, França, Angola, Alemanha e Inglaterra. O retorno de vendas previsto para os empresários é de um milhão de euros.

O presidente da AEPF, Rui Carneiro, aproveitou a presidência do secretário de Estado para pedir mais apoio para a promoção da marca nos mercados externos e para adequar a formação da mão-de-obra às necessidades dos empresários. Também o presidente da Câmara Municipal de Paços de Ferreira, Humberto Brito, lembrou ao governante o importante impacto que uma ligação ferroviária teria na economia do concelho.

 

É preciso mais apoio para a promoção da marca no estrangeiro e formação adequada, defendeu presidente da AEPF

Os móveis produzidos em Paços de Ferreira e na região chegam a mais de 40 países, disse Rui Carneiro, acrescentando que em 2016, em termos nacionais, as exportações de mobiliário e colchoaria chegaram a 1,7 mil milhões de euros.

O sector soube reinventar-se e exporta cerca de 80% da produção, salientou o presidente da AEFP. “De acordo com a projecção que recentemente fizemos, estimamos que, em 2020, Paços de Ferreira exporte 355 milhões por ano”, sustentou.

A Associação Empresarial tem apoiado as indústrias e os comerciantes, em várias frentes, para que sejam mais competitivos. “Só em 2016, realizamos cerca de 100 acções de capacitação, missões empresariais, missões inversas, sessões de esclarecimento, workshop e, palestras”, explicou Rui Carneiro.

Mas é preciso fazer mais, defendeu. E, para isso, é preciso mais apoio. “De acordo com os nossos estudos, e em comparação com o sector do calçado, por exemplo, necessitamos de cerca de dez milhões de euros anuais para fazer face às necessidades inerentes à promoção da marca nos mercados externos”, disse ao secretário de Estado da Indústria, apelando a que o poder central seja “mais célere na aprovação de projectos e na atribuição de subsídios”.

Além disso, o presidente da AEPF lembrou que é preciso mão-de-obra qualificada e que a formação seja adequada às necessidades das empresas. “É fundamental que haja uma delegação de competências quanto às áreas de formação que prestamos a empresários, jovens e adultos, pelo que uma maior sensibilidade por parte dos órgãos governamentais que tutelam estes projectos seria muito bem recebida”, afirmou.

Foto: AEPF

Humberto Brito voltou a defender a ferrovia no concelho

Presente na inauguração da 48.ª Capital do Móvel, o presidente da Câmara de Paços de Ferreira elogiou a capacidade empreendedora dos empresários e lembrou que há sinais positivos na economia e no emprego do concelho.

Humberto Brito recordou que, recentemente, visitou projectos de investimento em curso que ascendem a mais de 100 milhões de euros e que vão criar mais postos de trabalho.

Mas o autarca aproveitou também a presença de João Vasconcelos para reafirmar a importância de ter uma rede moderna de transportes públicos num concelho com mais de 5.000 empresas, que factura mais de mil milhões de euros e que é um dos mais jovens do país.

“Acredito que a ferrovia seria uma importante infra-estrutura para o futuro do nosso concelho”, defendeu, sustentando que a A42 é já insuficiente para as necessidades de Paços de Ferreira.

“O novo quadro comunitário deve ter um papel decisivo nesta nova visão estratégica, de modo a reforçar a coesão territorial e ajudar a superar adversidades”, acrescentou o autarca, adiantando que vão apresentar estudos ao Governo que suportam esta visão.

Para construir os cerca de 30 quilómetros de linha férrea, que permitiriam uma ligação ao aeroporto do Porto e ao porto de Leixões, é necessário um investimento de 50 milhões de euros, que podem ser financiados pela União Europeia, sustentou Humberto Brito, pedindo ao secretário de Estado que intervenha junto do Ministro do Planeamento na defesa desta obra.