O secretário de Estado Adjunto e do Comércio, Paulo Alexandre Ferreira defendeu, este sábado, na 49.ª Feira de Mobiliário e Decoração, organizada pela Associação Empresarial de Paços de Ferreira, que é fundamental as associações ligadas ao sector do mobiliário se organizem sob a forma de um cluster.
“Dada a fragmentação do tecido empresarial e do mobiliário em Portugal, isso tornaria mais fácil a definição de uma estratégia comum que gerasse mais-valias para as empresas”, disse, salientando que o sector do mobiliário é um sector constituído maioritariamente por pequenas e micro empresas que pela sua dimensão têm mais dificuldade em encetar processos de inovação e internacionalização.
“As micro empresas estão mais focadas na sua actividade operacional e menos vocacionadas para encetar processos de conquista de novos mercados. É importante que noutros concelhos, com outras associações isso pudesse ser feito de uma forma integrada, sob a forma de um cluster do mobiliário, de forma a catapultar ainda mais o que é o potencial da indústria do mobiliário em Portugal”, afirmou.
O secretário de Estado defendeu que a Capital do Móvel assume-se como um evento de referência para as empresas, uma oportunidade para estas se darem a conhecer a novos públicos, constituindo este certame uma oportunidade para os operadores do sector de partilharem conhecimentos e conhecerem outras empresas.
O governante esclareceu que do lado do Governo existe uma estratégia de competitividade para o país que está explanada no Programa Nacional de Reformas, defendendo uma redução nos custos de contextos para as empresas, resultantes do cumprimento de formalidades administrativas, de origem legal ou regulamentar relacionados com a prática da actividade.
A este propósito, Paulo Alexandre Ferreira recordou que o Governo tem vindo desde o primeiro momento a reduzir burocracias, atestando que o programa Simplex está a criar condições para que as empresas possam trabalhar com menos custos de contexto.
O secretário de Estado apontou, também, a aposta na inovação como um objectivo determinante para as empresas e para o sector.
“Criar condições para que as empresas possam progredir aquilo que é a sua cadeira de valor, possam produzir com mais qualidade, com novos processos e avançar com novos produtos em busca de novos mercados”, frisou, sustentando que o programa Interface, iniciativa que pretende ligar o sistema científico e tecnológico nacionais e as empresas através de centros tecnológicos, tem dado contributos no sentido de valorizar os produtos portugueses, através da inovação, do aumento da produtividade, da criação de valor e da incorporação de tecnologia nos processos produtivos das empresas nacionais.
“O tecido empresarial português é um tecido quase historicamente endividado e isso acaba por limitar aquilo que é a capacidade de adaptação e aproveitar as novas oportunidades”
Paulo Alexandre Ferreira assumiu, também, que o Governo tem investido na capitalização das empresas.
“O tecido empresarial português é um tecido quase historicamente endividado e isso acaba por limitar aquilo que é a capacidade de adaptação e aproveitar as novas oportunidades”, expressou, apontando que é determinante alterar a estrutura de financiamento das empresas, tornando-as menos dependentes do endividamento, mais dependentes daquilo que são os recursos próprios.
Sobre este assunto, o governante esclareceu que o Governo avançou com o programa Capitalizar em 3 de Novembro de 2015, visando a melhoria da eficácia nos processos de reestruturação empresarial e de insolvência; a alavancagem financeira das empresas e a dinamização do mercado de capitais.
O membro do Governo informou, ainda, que o orçamento para 2017 e 2018 contemplará, também, medidas fiscais que irão reforçar a capacidade das empresas em se capitalizarem e reforçarem a sua autonomia financeira.
Paulo Alexandre Ferreira realçou, também, que outras das prioridades do Governo PS é o financiamento à economia.
“O que acontece é que, muitas vezes, o financiamento de curto prazo coloca em causa a própria sustentabilidade financeira das empresas quando são confrontados com a banca. Queremos que esse financiamento seja convertido em financiamento de médio e longo prazo”, acrescentou, reforçando que no âmbito dos incentivos às empresas foram já pagos mais de 900 milhões de euros desde Novembro de 2015.
O secretário de Estado congratulou-se, também, com os últimos indicadores que apontam para uma aceleração do crescimento económico desde o segundo semestre de 2016, a evolução favorável no mercado de trabalho e a redução da taxa de desemprego, 9%, que atingiu o valor mais baixo desde 2008.
O presidente da Associação Empresarial de Paços de Ferreira (AEPF), Rui Carneiro, na sua intervenção, sublinhou que apesar das dificuldades que o mobiliário e o comércio do mobiliário passaram, com o encerramento de várias empresas, o cenário, hoje, é mais risonho.
“Registamos um crescimento firme do volume de negócios nas empresas já existentes, cada vez mais empresas a abrir e a gerar emprego, um aumento constante nas exportações e a uma maior procura do mercado interno”, frisou, enfatizando que tal só foi possível pela persistência dos empresários e o apoio das entidades que os acompanham.
O responsável pela AEPF relevou a colaboração a instituição que dirige tem mantido com a Moveltex – Centro de Competências e de Incubação de Empresas reiterando que estas parcerias institucionais têm sido benéficas, também, para o sector do têxtil.
“Este é o segundo sector mais representativo e que acaba de ganhar um novo fulgor com a criação da COPMODA 1936. Esta marca de vestuário apresentada no dia 21 pelo município e pelo Centro de Competências e de Incubação de Empresas terá peças produzidas exclusivamente em empresas do concelho”, confessou.
Falando da importância do mobiliário e da marca Capital do Móvel, Rui Carneiro recordou que, só no ano passado, o sector exportou 1700 milhões de euros e nos últimos cinco anos as exportações de mobiliário cresceram 11,6% em valor, esperando atingir em 2020 os 400 milhões de euros.
O dirigente associativo questionou, também, o secretário de Estado quanto aos novos apoios ao comércio local e à necessidade de reabrir o comércio investe, sistema de incentivos dirigido a empresas de micro ou pequena dimensão do sector do comércio a retalho e a associações que promovam o comércio localizado nos centros urbanos.
Referindo-se à Capital do Móvel, o responsável pela AEPF concretizou que a exposição é uma montra do que melhor se faz no concelho, defendendo a aposta na qualidade e inovação.
“É por isso que anunciamos um novo modelo de promoção da marca Capital do Móvel, exposição de mobiliário. A partir de 2018 vamos estar nos centros históricos do Porto e Lisboa com uma pequena amostra do que o público pode encontrar em Paços de Ferreira. Este projecto a que chamamos a Capital do Móvel Pop-Up será apresentada mais à frente”, atestou.
O presidente da Câmara de Paços de Ferreira, Humberto Brito, regozijou-se com a colaboração institucional que tem existido entre a câmara municipal e a AEPF e defendeu que Plano Estratégico da Industria da Madeira, do Mobiliário e do Têxtil foi uma aposta ganha.
“Este plano estratégico que foi idealizado pelo Instituto Politécnico do Porto trouxe-nos um estudo, uma avaliação das oportunidades e das dificuldades que teríamos pela frente bem como as soluções que teríamos de implementar nestes últimos quatro anos”, anuiu.
Sobre o têxtil, o edil reforçou que o têxtil e o vestuário têm um peso significativo na realidade económica do território, correspondendo este sector a a 21% do volume de emprego,
“São cerca de 180 empresas que trabalham neste sector de actividade e exportam cerca de 150 milhões de euros para os mercados externos”, disse.
O autarca relevou, também, o facto da taxa de desemprego ter caído em 52% no concelho.
“Os últimos dados relativos ao mês de Junho indicam entre Outubro de 2013 e Junho de 2017, há uma redução efectiva na taxa de desemprego de 52%, menos três mil pessoas que estão no desemprego no concelho”, avançou, sustentando que segundo a CCDR Norte, Paços de Ferreira é dos três únicos concelhos da região Norte que continua a aumentar a sua população e é a par de Maia e Valongo, um dos municípios que continua a crescer.
Humberto Brito avançou, ainda, que o seu executivo tem apostado na descida dos impostos, das taxas de IMI, dos coeficientes de localização, tendo reduzido as taxas que as indústrias pagavam em cerca de 50% como forma de não onerar a carga fiscal sobre as empresas e reduzir os seus custos fixos.
No seu discurso, o chefe do executivo reiterou a intenção de avançar com o projecto ferrovia no concelho.
“Esta não é uma impossibilidade. Não são as questões de geografia ou orografia. O estudo está feito. É uma questão de decisão política. Temos uma autoestrada que veio com vinte anos de atraso e temos hoje de resolver um problema de mobilidade, de transporte público, até porque temos uma população muito jovem, temos cerca de 10 mil alunos que estudam entre o primeiro ciclo e o 12.º ano, numa população de cerca de 60 mil habitantes que deve merecer do Governo uma atenção especial”, declarou.