Captar turistas asiáticos, nomeadamente da China, Coreia do Sul e Japão, mercados emergentes com grande poder de compra, mas com características muito específicas é a próxima meta da Rota do Românico.

O “Estudo de Internacionalização da Rota do Românico para o Mercado Asiático” foi apresentado, esta segunda-feira, no Centro de Interpretação do Românico, em Lousada. O documento propõe algumas acções de promoção direccionadas para aqueles mercados.

“Este é mais um passo para afirmamos este projecto que é uma referência de boas práticas nacionais e internacionais na conservação e restauro de património e no turismo”, defendeu o presidente da Associação de Municípios do Vale do Sousa – Valsousa.

Humberto Brito, autarca de Paços de Ferreira, salientou que a ligação aos mercados asiáticos é um desafio, tratando-se de turistas que podem deixar dinheiro no território, ao mesmo tempo que levam mais longe a identidade da região, ligada à gastronomia, paisagens e património histórico.

“A Rota do Românico é um projecto emblemático da região e do país. Decidimos alargá-la a outros municípios. 218 dos 308 concelhos do país têm património românico. Esta é uma oportunidade de juntar forças e mostrar que este não é um projecto fechado”, disse.

A sessão contou com a presença do presidente da Entidade de Turismo Porto e Norte de Portugal, Luís Pedro Martins.

Número de visitantes continua a aumentar

Desde 2009 que, praticamente todos os anos, a Rota do Românico recebe grupos de turistas japoneses. Foi essa procura, com continuidade, que despertou a atenção da Rota e motivou este estudo de internacionalização, admite Rosário Machado ao Verdadeiro Olhar.

Segundo a directora do projecto, o objectivo foi compreender as características do mercado asiático, em concreto de três países – China, Japão e Coreia do Sul – e perceber se valeria a pena promover a Rota nestes mercados. A conclusão é que são mercados que vale a pena explorar, porque valorizam e procuram o touring cultural. “Este estudo é o primeiro passo. O seguinte é definir uma estratégia de promoção e captação de turistas desses países com metas claras a atingir a médio e longo prazo”, afirma.

Desde 2008, a Rota do Românico já recebeu 102.714 visitantes, em grupos organizados ou individualmente. Os valores correspondem apenas aos visitantes registados pelos serviços da Rota do Românico, não contemplando as visitas escolares e todos aqueles que, de forma autónoma, visitaram os 58 monumentos. Fora destas contas ficarão cerca de 65% que fazem visitas por iniciativa própria.

Em 2019, voltou a bater-se o recorde, mostram números provisórios, com mais de 13.600 pessoas a procurarem conhecer o património da região, sobretudo o Centro de Interpretação do Românico. “O CIR potenciou o aumento de visitantes à Rota, sendo que deve ser analisado como um complemento à própria Rota do Românico, ou seja, mais um elemento patrimonial no seu conjunto. Um dos objectivos estratégicos do Centro de Interpretação do Românico é funcional como um elemento âncora, sendo considerado um dos pontos de entrada ou término na própria Rota como um todo”, lembra Rosário Machado.

Em 2020, a directora da Rota do Românico antevê que haja “o descolar no aumento das visitas à Rota do Românico”, graças a várias actividades previstas para dinamização e à abertura de um novo equipamento, o Centro de Interpretação da Escultura Românica, em Abragão, Penafiel. “Estamos a iniciar o ano e, até à data, mais de 50 grupos já fizeram a reserva para visitar a Rota”, dá como exemplo.

Actualmente, cerca de 15% dos visitantes são estrangeiros, maioritariamente de Espanha, França e Brasil.

Públicos com necessidades específicas

A China tem 1,4 mil milhões de habitantes, a Coreia do Sul 50 milhões e o Japão 100 milhões de pessoas, sendo a China o país do mundo que mais emite turistas, explicou Ana Magalhães, coordenadora do estudo.

Além de terem poder de compra, estes mercados emergentes têm interesse pelo turismo cultural e paisagístico.

Segundo o estudo, estes públicos procuram hotéis de qualidade superior e mais do que visitar património “uma experiência”, pelo que a cooperação com entidades locais, nomeadamente unidades hoteleiras, restauração e operadores turísticos de qualidade são essenciais nesta estratégia. Da mesma forma são essenciais alianças estratégicas e redes internacionais.

“Hotelaria, gastronomia, vinhos e tradições culturais, sociais e religiosas” são exemplos de produtos a juntar à Rota do Românico para potenciar a experiência.

O documento sugere algumas adaptações para entrar nos mercados asiáticos, como o uso de amarelo e vermelho, associados à alegria, boa sorte e bem-estar, assim como a tradução do slogan, referiu Carla Duarte na apresentação do estudo.

Em cada país há especificidades. Na China pode funcionar a relação ao enoturismo, a pontos turísticos classificados como património da UNESCO, campanhas de marketing com forte componente visual, uma aposta nas plataformas online, programas para divulgação e de grupo. Os chineses são dos turistas que mais gastam quando viajam. Já os turistas coreanos procuram mais flexibilidade e visitar só um país, pelo que são mais difíceis de captar, devendo ser estudadas parcerias com influencers coreanos. O Japão é um país com população mais envelhecida, procuram alojamento quatro e cinco estrelas pelo que é recomendado reforço do alojamento na região.

Em todos os casos é preciso melhores transportes e mobilidade, aposta em aplicações para telemóvel e tablet com mapas interactivos, possibilidade de reservas online nas línguas dos visitantes destes países e um site completo.

Recorde-se que a Rota do Românico reúne 58 monumentos, distribuídos por 12 municípios dos vales do Sousa, Douro e Tâmega.