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Depois de cerca de 20 anos de espera, e muitas reivindicações, a máquina de ressonância magnética chegou ao Hospital Padre Américo, em Penafiel, em 2022. Terminadas as obras e feita a formação dos recursos humanos, o equipamento já está a funcionar desde os últimos meses do ano passado, confirmou ao Verdadeiro Olhar o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS).

Já foram feitos cerca de 200 exames, ainda com algumas limitações e privilegiando “fundamentalmente os casos de doentes internados, evitando assim a deslocação dos mesmos para o exterior, com os incómodos daí decorrentes”, adianta Carlos Alberto Silva.

“Com a entrada em velocidade de cruzeiro no início deste ano, está prevista a realização de cerca de 4.000 exames ao longo de 2023”, refere o administrador hospitalar. Ainda assim, reconhece, isso só vai dar resposta “a cerca de 50% das necessidades do CHTS”, devendo as ressonâncias magnéticas ser feitas “no exterior”, como acontecia até agora, devido à vasta população, de quase meio milhão de pessoas, servida pelo centro hospitalar.

Espera de 20 anos

Em retrospectiva, Carlos Alberto Silva recorda que “desde a construção do Hospital Padre Américo, em Penafiel, no início do século, que existia um espaço, no interior do serviço de Imagiologia, destinado à colocação de um equipamento de ressonância magnética”.

Mas a compra desse equipamento foi sendo adiada ao longo dos anos, por “razões várias”, desde “a falta de financiamento, à falta de recursos humanos e mesmo à estratégia global de desenvolvimento do hospital”.

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“Nos últimos anos, fruto da inversão de estratégia, decidiu-se apostar no reforço de recursos, materiais e humanos, que garantissem maior resposta de proximidade e internalização de alguns meios de diagnóstico que se fazem no exterior”, refere o administrador. O CHTS conseguiu assim uma “autorização para o respectivo investimento e também a abertura de vaga para a possível contratação de médico radiologista”.

O equipamento, orçado em cerca de 1,6 milhões de euros (valor que inclui as obras no espaço para a instalação), chegou a estar previsto para 2021, mas houve atrasos de entrega devido à procura por estas máquinas no mercado internacional, e acabou por chegar apenas no ano passado, depois de ultrapassadas “barreiras burocráticas”. Em Abril, o centro hospitalar divulgou imagens de uma grua a carregar o equipamento e anunciava que, em breve, estaria ao serviço da população, algo que só terá vindo a acontecer nos últimos meses do ano.

“Desenvolveram-se as obras e promoveu-se a instalação, admitiram-se os profissionais e, após as férias de Verão, levou-se a cabo a respectiva formação e treino dos mesmos. Nos últimos meses do ano o equipamento começou finalmente a funcionar, embora ainda com as limitações próprias de processos deste tipo, com necessidade de ajustamentos e correcções de algumas anomalias”, explica Carlos Alberto Silva.

É preciso mais médicos radiologistas, mas concurso não teve interessados

A mesma fonte clarifica que, até ao final do ano, terão sido realizados cerca de 200 exames, “dos diferentes tipos, com excepção da neuro-radiologia, que não está previsto considerar nesta fase”.

“Ainda se privilegiaram fundamentalmente os casos de doentes internados, evitando assim a deslocação dos mesmos para o exterior, com os incómodos daí decorrentes”, salienta o administrador.

Este equipamento não dará, contudo, resposta a todas as solicitações de um centro hospitalar que serve 500 mil pessoas de 12 concelhos. “Com a entrada em velocidade de cruzeiro no início deste ano, está prevista a realização de cerca de 4.000 exames ao longo de 2023, o que, caso se venha a confirmar, significará cerca de 50% das necessidades do CHTS, devendo as restantes continuar a ser feitas no exterior”, assume. Só em 2021, por exemplo, foram “solicitadas ao exterior cerca de 8.000 exames de ressonância magnética”, com os custos que isso implica e a necessidade de deslocar doentes. Até agora, os utentes que necessitassem deste exame tinham de o fazer fora da unidade hospitalar, em privados com os quais o serviço é protocolado.

A par disso, avança Carlos Alberto Silva, é preciso garantir recursos humanos, “sendo esta uma matéria particularmente difícil nesta área e que torna a situação mais imprevisível e de difícil controlo”. “Nos últimos meses deu-se a saída de um médico para outro hospital e a vaga prevista no concurso não foi preenchida, por não ter havido candidatos interessados”, revela.

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O Hospital Padre Américo tem, actualmente, apenas um radiologista, “o que torna as coisas muitíssimo complicadas, uma vez que, além das ressonâncias, esse especialista tem ainda um conjunto de outras coisas para realizar”, sustenta o responsável pela gestão do CHTS.

Por isso, a luta prioritária para este ano será o esforço para fixar profissionais, garante.