O resgate da concessão dos serviços de água e saneamento à Be Water – Águas de Paredes vai custar ao concelho mais de 50 milhões de euros, e não os 22,5 milhões anunciados pelo executivo socialista, argumenta Ricardo Sousa, presidente do PSD Paredes.
Em conferência de imprensa, o líder dos social-democratas defendeu a posição já assumida ontem pelos vereadores do partido, que votaram contra a proposta apresentada em reunião de executivo: não devia ser feito um resgate, mas antes uma rescisão do contrato por “justa causa”, devido aos “incumprimentos” da concessionária. “Para a Be Water nem mais um euro”, apelou.
“A Câmara prefere, e mal, beneficiar o infractor em mais de 22 milhões de euros”
“O PSD votou contra o resgate em reunião de câmara, não porque esteja de acordo com o trabalho realizado pela Be Water, porque não está, mas sim porque os paredenses poderão vir a ser prejudicados pelos números apresentados pelo presidente de câmara – que não garantiu a ninguém que ficariam por aí -, em mais de 50 milhões de euros”, explicou Ricardo Sousa aos jornalistas na sede do partido.
“Se a Câmara reconhece os diversos incumprimentos da Be Water, porque não rescinde o contrato?”, questionou.
Para o presidente do partido da oposição, “a Câmara prefere, e mal, beneficiar o infractor em mais de 22 milhões de euros”, o que é estranho quando o PS, ainda em campanha, apontava a má situação financeira da autarquia.
“O PSD não é favor do resgate, mas de uma rescisão do contrato por justa causa” e que a concessionária compense os paredenses pelos incumprimentos, argumentou o líder do PSD Paredes.
O social-democrata falou ainda da surpresa com que receberam este anúncio do presidente da Câmara, quando todas as respostas que foi dando quando questionado em reunião de câmara, Assembleia Municipal ou pela imprensa era de que “as negociações estavam a correr bem” e de que até já havia “acordo”.
“Esta é uma manobra de Alexandre Almeida para esconder a sua incompetência sobre a promessa que não cumpriu quanto à água e saneamento”, apontou Ricardo Sousa. Ou então “uma fuga para a frente” tendo em conta o acto eleitoral que se avizinha. “Isto vai ser usado como arma de arremesso na campanha eleitoral”, acredita.
“O resgate prejudica Paredes. O que vai faltar aos paredenses com este dinheiro mal gasto? Está a ser hipotecado o futuro”, criticou ainda o social-democrata.
À comunicação social, apresentou as contas que o levam a falar em mais de 50 milhões de euros. “Segundo um relatório a que o PSD teve acesso, o investimento em falta da Be Water são cerca de 31 milhões de euros”, que se somam aos 22,5 milhões de euros estimados para o resgate.
Recorde-se que Alexandre Almeida anunciou, na semana passada, que perante os incumprimentos da concessionária e a falta de investimento no concelho ia avançar com o resgate da concessão e a criação de serviços municipalizados.
Confrontado com a posição do PSD, que defendeu uma rescisão do contrato por justa causa em reunião de câmara, o autarca lembrou que há regras a cumprir e que o resgate está previsto contratualmente. Os incumprimentos serão postos em cima da mesa caso o processo vá para tribunal, afiançou.