A Lipor – Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto, entidade responsável pela gestão, valorização e tratamento dos Resíduos Urbanos de oito municípios, procedeu à inauguração do Moinho do Rio – Centro de Interpretação Ambiental do Rio Tinto, em Ermesinde.
Foi ainda inaugurado um mural de Bordalo II, comissionado pela Lipor especificamente para este local. Assim, na parede exterior principal do Centro de Interpretação Ambiental está a escultura “Peixe”, que simboliza por um lado todo o processo de renaturalização e recuperação que está a ser levado a cabo no troço do rio Tinto que passa no Trilho Ecológico da Lipor, e por outro os princípios da economia circular e da reutilização, em que os resíduos passam a ser olhados como matéria prima.
Esta inauguração é o culminar de um trabalho que a Lipor tem desenvolvido, no troço com cerca de 500 metros, que acompanha o Trilho Ecológico. Estes trabalhos tiveram início em 2017, ficando agora concluídos, nomeadamente um trabalho de despoluição e limpeza do leito do rio, a valorização das margens e a criação do trilho ecológico para percursos pedestres.
Além da possibilidade de usufruírem do moinho, os cidadãos podem fazer visitas em grupos organizados, percorrer o percurso da biodiversidade acompanhados, podendo interagir com a natureza e usufruir do Roteiro Virtual 4.0, que irá permitir fazer o trilho ecológico Parque Aventura utilizando as novas tecnologias, acedendo a uma panóplia de informações sobre o espaço.
O presidente do Conselho de Administração da Lipor, Aires Pereira, na sua intervenção, enfatizou a aposta que este serviço tem feito na educação e no ambiente, referindo-se à recuperação do Moinho do Rio como uma activo para toda a área do Grande Porto e enquadrando-se naquilo que tem sido a política ambiental da empresa.
“Este é mais um momento simbólico naquilo que é a recuperação do Rio Tinto, dentro daquilo que é o projecto de responsabilidade social da Lipor, uma associação composta por oito municípios que se dedica em exclusivo a tratar e reutilizar tudo aquilo que são os resíduos. Temos vindo, também, dentro daquilo que é a nossa responsabilidade social a implementar vários projectos que têm impacto no ambiente, na distribuição de ecopontos, distribuição de equipamentos, na recolha porta-a-porta e queremos sensibilizar os cidadãos para atingir as tais metas fixadas recentemente pelo Governo”, disse, salientando que a recuperação de um antigo moinho, onde foi instalado um Centro de Interpretação Ambiental para suporte a um Programa Educacional para as Escolas da região, tem como objectivo sensibilizar a comunidade para a defesa do ecossistema fluvial e do bem precioso que é a água.
O responsável pelo Conselho de Administração da Lipor manifestou, ainda, que a requalificação do Moinho do Rio, com um enquadramento único, veio conferir uma maior dignidade a um espaço que até há pouco tempo se encontrava poluído.
“A natureza surpreende-nos sempre que lhe damos uma oportunidade. Ainda não há muito tempo havia tudo menos água limpa neste espaço, mas quando voltamos a dar uma oportunidade à natureza, ela surpreende-nos. Nesse sentido, os projectos que temos em curso e este em que a Lipor se tem empenhado são projectos que fazem a diferença”, expressou.
Aires Pereira aludiu, também, à necessidade dos cidadãos e dos poderes públicos adoptarem políticas e comportamentos que contribuam para a valorização dos recursos naturais, a sustentabilidade dos ecossistemas, alertando para a importância da reciclagem e o contributo da chamada economia circular.
“Temos feito um esforço enorme e hoje só depositamos 1% dos resíduos que produzimos em aterro. Isto não existe no país. na Europa é muito difícil ter números desta ordem de grandeza”
Nesta matéria, Aires Pereira numa alusão às metas definidas pelo Governo e referindo-se em especial às declarações proferidas recentemente pelo ministro do Ambiente em que este se mostrou preocupado por Portugal estar aquém das metas de deposição de resíduos em aterro e reciclagem atalhou que a Lipor é no contexto do país uma espécie de uma ilha que não tem muito a ver com a realidade traçada pelo ministro. “Temos feito um esforço enorme e hoje só depositamos 1% dos resíduos que produzimos em aterro. Isto não existe no país. Na Europa é muito difícil ter números desta ordem de grandeza e aquele recado que foi dado aos municípios portugueses que fazem pouco, que os senhores presidentes de câmara se empenham pouco é um recado que não cabe aos municípios associados da Lipor. Temos feito muito e contribuído para as metas do país. Vamos continuar a atingir essas metas, a melhorar o ambiente. O empenhamento é total por parte dos oito municípios associados da Lipor”, esclareceu.
“No território do concelho de Valongo estamos a assistir àquilo que é correcto, isto é, devolver a natureza à utilização pública pela mão de uma entidade pública, pela mão de oito municípios, que colaboram entre si que sempre tiveram abertura para encontrar soluções para os problemas”
O presidente da Câmara de Valongo, José Manuel Ribeiro, relevou o papel e o trabalho da Lipor assim como a intervenção realizada neste espaço que foi até há pouco tempo conhecido como Fertor.
“Não era uma história muito bonita de se contar. No território do concelho de Valongo, na freguesia de Ermesinde, estamos a assistir àquilo que é correcto, isto é, a devolver a natureza à utilização pública pela mão de uma entidade pública, pela mão de oito municípios, que colaboram entre si, que sempre tiveram abertura para encontrar soluções para os problemas. Há pouco tempo tomamos uma decisão que foi a de adquirir estes terrenos, esta zona não é de aterro, o aterro é do outro lado, e este um projecto irá valorizar o Grande Porto”, assegurou.
O autarca deixou, também, um apelo aos mais novos para que usem o espaço, agora, inaugurado, transformando-se nos primeiros defensores deste equipamento.
“Às crianças gostava de dizer que um dia já viveram aqui peixes, um dia deixaram de viver e curiosamente um dia vão voltar a viver aqui peixes. A melhor forma de defender o ambiente é utilizar o ambiente. Venham cá todos os dias, tragam os vossos familiares, façam exercício”, sustentou.
“O Rio Tinto e o Parque Aventura são hoje equipamentos metropolitanos, não de Gondomar, não do Porto, não de Valongo. Não existem fronteiras”
O presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, mostrou-se, igualmente, satisfeito com a intervenção realizada, reconhecendo que esta requalificação conferiu maior dignidade ao local e vai permitir que os cidadãos possam usufruir de um equipamento de excelência. “Quando era mais novo e estudava na escola da Boavista, nas traseiras do Rio Tinto, deixou-se de pescar no rio porque a qualidade da água não o permitia. Entretanto, com a poluição das indústrias, de alguns produções agrícolas, a presença de alguns lixiviados do antigo aterro, o rio degradou-se, ficou poluído. Hoje, finalmente estamos aqui a reverter este processo”, manifestou, salientando que a Câmara do Porto e a Câmara de Gondomar têm um projecto orçado em nove milhões de euros para fazer o passadiço do Rio Tinto.
“O rio Tinto e o Parque Aventura são hoje equipamentos metropolitanos, não de Gondomar, não do Porto, não de Valongo. Não existem fronteiras. A fronteira aqui é o ambiente e a natureza. Estamos a fazer um trabalho para as gerações futuras e a dar contributos decisivos para valorizar o ambiente. Quanto mais apostarmos na valorização dos recursos e na preservação dos ecossistemas mais contribuíremos para a salvaguarda do planeta”, adiantou.
No interior do Moinho encontram-se vários painéis com informação sobre os equipamentos disponíveis na zona envolvente. No próximo ano lectivo, as escolas do concelho vão ser convidadas a deslocarem-se ao Centro de Interpretação Ambiental do rio Tinto.