Em novembro de 2018, quando o tema da reorganização administrativa do território ganhou de novo actualidade e espaço na agenda mediática, tive a oportunidade de escrever neste espaço, assim como em levar o tema a uma das reuniões da Câmara Municipal de Penafiel.
É notório que o actual governo em funções, deu sinais evidentes que pretende rever o mapeamento das freguesias, fruto da atabalhoada e imposta Reforma Relvas que extinguiu mais de 1000 freguesias em todo o país, sendo que em Penafiel, passamos de 38 para 28.
Confesso que volvido todo este tempo, me causa alguma estranheza, não se voltar a discutir este tema com propriedade e responsabilidade.
Em Penafiel, tivemos autarcas que se bateram até à exaustão pela defesa das nossas freguesias, e claro está pela manutenção da história e identidade das mesmas.
Na altura, um dos rostos mais visíveis desta luta em Penafiel, foi o ex autarca de Novelas, Carlos Monteiro, que liderou a nível local a conhecida Plataforma Contra a Extinção de Freguesias.
A ele juntaram-se outros autarcas em funções, nomeadamente os ex autarcas de Marecos Fernando Ribeiro, de Milhundos José Silva, de São Miguel de Paredes, Casimiro Rocha e outros que, embora em funções não executivas nas respetivas freguesias foram coerentes e lutadores dos legítimos interesses das mesmas.
Poderia mencionar dezenas de nomes, porém, os que supra elenquei, desempenhavam as funções de Presidentes de Junta e por conseguinte, foram rostos bem visíveis de uma luta que chegou à própria Assembleia Municipal, onde a coligação Penafiel Quer propôs e aprovou a extinção de 10 freguesias.
Recordo-me bem, que nessa reunião, tínhamos representantes de todas as freguesias e várias foram as vozes discordantes dessa proposta de extinção feita a “régua e esquadro”.
De entre várias situações ocorridas nessa famigerada e histórica (pela negativa) Assembleia Municipal, três ficaram gravadas na memória dos presentes, ou pelo menos, na minha:
A adesão maciça de concidadãos oriundos das três freguesias que hoje compõem a freguesia de Termas de S. Vicente, capitaneados pelo ex-autarca de S. Miguel de Paredes Casimiro Rocha, o abandono da sala na hora da votação por parte do ex-autarca de Figueira e o discurso emocionado mas cheio de racionalidade e lucidez proferido pelo jovem de Marecos João Ribeiro.
Falei nestes nomes, e como supra aludi, poderia falar em muitos mais, mas estes foram de facto e de direito acérrimos defensores das suas gentes, e mereciam nos dias de hoje uma actuação diferente por parte dos diferentes responsáveis partidários.
Na política devemos ter muita coisa, mas essencialmente coerência, clarividência, respeito e, quando nos proporcionam recuperar estatutos perdidos ao nível do poder local, é exigível que se faça algo.
E mais exigível se torna, quando é o governo da república a abrir essa possibilidade.
Estou certo que não se irá perder esta oportunidade.
Até se pode não conseguir nada, mas devemos lutar para ombrear o trabalho, a dedicação e o exemplo de servir de todos em geral, mas, em particular daqueles autarcas que viram as suas freguesias extintas e aos quais tanto devemos.
A política também é isto: reconhecimento, gratidão e afecto por aqueles que trabalharam em prol da suas populações, e até pelos partidos que desinteressadamente serviram ao longo de muitos anos e décadas.
Quero acreditar, que este tema volte em breve à ordem do dia, e que aqueles que se insurgiram no passado recente contra a Reforma Relvas, mantenham hoje a mesma posição, a bem de Penafiel e dos Penafidelenses.
Que assim seja, é o meu desejo sincero