Entre 2006 e 2016, a região Norte perdeu mais de 135 mil habitantes. Segundo as conclusões do relatório Norte Estrutura, divulgado esta segunda-feira pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), o saldo migratório negativo explica cerca de 83,3% desta perda populacional.
Mas há concelhos da região que contrariam esta tendência. Nos últimos 10 anos, Lousada, Paços de Ferreira e Valongo viram a sua população crescer.
Só em cinco anos Norte perdeu 103 mil pessoas
“O declínio demográfico é uma tendência que tem vindo a generalizar-se a praticamente todo o território da região do Norte”, conclui o relatório.
Segundo o documento, no final de 2006 residiam na região do Norte quase 3,72 milhões de pessoas”. Dez anos depois o número era inferior a 3,59 milhões de indivíduos.
“Até 2010, a Região do Norte manteve uma diferença positiva (embora decrescente) entre o número de nados-vivos e o número de óbitos. Em 2011, o saldo natural foi praticamente nulo (mas já negativo) e nos dois anos seguintes agravou-se ainda mais. Em cada um dos anos de 2013 a 2015, o número de óbitos superou o número de nados-vivos em cerca de 6.300 casos. Em 2016, o saldo natural da Região do Norte manteve-se negativo mas tornou-se ligeiramente menos acentuado, ficando próximo de -6.000”, referem os dados da CCDR-N. Nos 10 anos analisados, a diferença entre o número de nados-vivos e de óbitos ditou a perda de quase 22 mil residentes no Norte do país.
Por outro lado, a região tem tido saldos migratórios negativos desde 2003. O documento mostra que de 2012 a 2014 o saldo migratório negativo foi particularmente acentuado, “ditando a perda de cerca de 16 mil residentes por ano, em termos médios”. “Nos dois anos mais recentes, a perda populacional na Região do Norte motivada pelo saldo migratório foi menos acentuada, situando-se em valores próximos de 12 ou 13 mil pessoas ao ano. Entre o final de 2006 e o final de 2016, o saldo migratório (sempre negativo) ditou a perda de mais de 113 mil habitantes da Região do Norte”, conclui o relatório.
Ou seja, entre o final de 2006 e o de 2011, a região Norte viu a sua população residente diminuir em cerca de 33 mil pessoas, enquanto nos cinco anos seguintes (até final de 2016) a perda populacional se cifrou em quase -103 mil residentes.
População Residente | |||
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2006 | 2011 | 2016 | |
Portugal | 10.532.588 | 10.542.398 | 10.309.573 |
Região Norte | 3.719.898 | 3.687.224 | 3.584.575 |
Área Metropolitana do Porto | 1.761.628 | 1.758.991 | 1.719.021 |
Tâmega e Sousa | 437.562 | 432.946 | 420.854 |
Lousada | 46.730 | 47.547 | 46.900 |
Paços de Ferreira | 55.475 | 56.769 | 56.838 |
Paredes | 86.299 | 87.159 | 86.263 |
Penafiel | 72.791 | 72.227 | 70.333 |
Valongo | 91.296 | 94.577 | 95.411 |
Lousada, Paços de Ferreira, Paredes e Penafiel têm a população mais jovem do Norte
Dentro da região Norte, as sub-regiões do Cávado, Ave, Área Metropolitana do Porto e Tâmega e Sousa apresentaram uma taxa média anual de crescimento natural positiva, “embora com valores muito pouco expressivos”. Já a taxa média anual de crescimento migratório foi negativa em todas as sub-regiões.
Nos 10 anos analisados pelo Norte Estrutura, houve apenas 22 concelhos a ter uma taxa média anual de crescimento natural da população positiva. “Neste grupo, os municípios com crescimento natural da população mais acentuado (acima de 0,3% ao ano) foram, por ordem decrescente, Maia, Paços de Ferreira, Braga, Valongo e Paredes”, refere o relatório. Valongo também está entre os municípios que cresceu graças ao fluxo migratório.
“Juntando as componentes natural e migratória, identificam-se nove municípios da Região do Norte com crescimento efectivo da população entre 2006 e 2016, nomeadamente: cinco municípios da Área Metropolitana do Porto (Maia, Valongo, Vila do Conde, Vila Nova de Gaia e Matosinhos); também o concelho de Braga; e ainda três municípios que formam um contínuo territorial divido entre o Tâmega e Sousa e o Ave (Paços de Ferreira, Vizela e Lousada)”, lê-se no documento.
Quando a análise é feita tendo apenas em conta os últimos cinco anos (2011-2016), apenas três concelhos – Maia, Valongo e Paços de Ferreira – viram a sua população crescer.
O estudo conclui que resultado desta dinâmica populacional regressiva, “a Região do Norte apresenta-se com uma população crescentemente envelhecida”.
Os concelhos mais envelhecidos são Vinhais (um caso extremo, com quase 563 idosos por cada 100 jovens), Torre de Moncorvo, Montalegre e Melgaço. No extremo oposto há quatro concelhos do Tâmega e Sousa. “Com um índice de envelhecimento inferior a 100, Lousada, Paços de Ferreira, Paredes e Penafiel são os únicos da Região do Norte que contam com maior número de jovens do que de idosos”, diz o relatório.