Estamos em 2016. Mudou o calendário, mudou o governo, mudaram os atores e o argumento. Há esperança no ar de que uma nova forma de governar nos possa tirar desta angústia da austeridade mas sem desequilibrar o barco. O futuro é sempre uma incógnita. Há quem diga que o prevê mas tal é impossível. Por muito otimistas que queiramos ser apenas podemos desejar que o ano de 2016 seja realmente melhor que 2015. Podemos assegurar que será diferente. Nada se repete. A água não corre duas vezes debaixo da mesma ponte. As premissas são outras. Os fatores que o podem modular seguramente serão diferentes. Mas há coisas que dificilmente mudarão.
O pessimismo dos portugueses continuará a condicionar a sua esperança. A baixa credibilidade nos que exercem cargos políticos condiciona nos cidadãos sentimentos de revolta e apatia. Limitam a sua participação ativa em atos cívicos que carecem ação. A confiança só mudará quando houver transparência e justiça. Quando a verdade, ou verdades, forem conhecidas e resolvidas: cada um com a sua culpa e a sua pena. E a justiça, que é tão lenta e permeável! Enquanto não enterrarmos os fantasmas das suspeitas que envolvem políticos e gente com poder, não haverá confiança. Ano novo vida nova? ou vida velha? As novelas do “marquês”, dos “vistos gold”, dos processos da banca falida ensombram tudo o que de melhor se possa construir.
Mas acima de tudo temos que acreditar em nós. Que cada um no seu lugar, na sua profissão, no seu lar, seja o melhor. Não precisamos de treinadores de bancada, apontando os defeitos dos outros. Precisamos de cidadãos conscientes e participativos para renovar a sociedade. Muito ou pouco diferenciados, somos todos diferentes, mas todos somos úteis e necessários. De bons cidadãos se faz uma boa comunidade. Não precisamos de gostar de política mas temos que conhecer e escolher os políticos. Não temos de gostar de Partidos mas temos que escolher aquele em que estão as pessoas que nos podem representar. Temos a obrigação de estar atentos e informados para decidir em consciência. Cada um terá a sua quota de responsabilidade. Até os que não se manifestam.
Na verdade, todos sabemos o que queremos. Queremos governantes que cuidem do bem de todos e não apenas de si próprios ou só de alguns. Queremos que os negócios e contas sejam transparentes e que possam ser avaliadas em qualquer momento. Queremos que as dívidas sejam pagas a tempo e horas e que não comprometam o futuro. Queremos que haja liberdade de expressão e respeito pela opinião de cada um. Queremos que se respeitem as minorias, que se ouça o que têm para dizer. Queremos que os fortes não sejam arrogantes nem déspotas. Que tenham a humildade de saber conviver com todos. Queremos que não se manipule a verdade nem se amordacem os seus defensores.
Temos uma eleição em breve e outras virão. Que a nossa escolha seja sábia e consciente. Estes são os meus votos para 2016