“Lousada ocupa o último lugar do distrito do Porto no que toca a rendimentos salariais das famílias”, afirmou, esta segunda-feira, Leonel Vieira, vereador eleito pelo PSD.

Durante a reunião de executivo, o social-democrata citou um trabalho publicado por um jornal nacional e disse-se “perplexo e preocupado” com os números.

“O salário mensal líquido por casal em Lousada é de 976 euros, fomos ultrapassados por Baião, onde o salário médio mensal do casal é de 994 euros. Em Paços de Ferreira é de 1016 euros, em Amarante 1082 euros, Paredes 1114 euros, Felgueiras 998 euros…”, descreveu Leonel Vieira, pedindo atenção do executivo a estes dados.

É que surgem, referiu, “numa altura em que se diz que a Inditex está a reduzir as encomendas nas empresas da região, não só no têxtil mas também no vestuário, e nós somos um concelho em que este tipo de empresa mais ocupa postos de trabalho”.

O eleito do PSD culpou ainda o PS pela situação actual. “Estes resultados são resultado de uma gestão que é responsabilidade do PS durante os últimos 30 anos, por não terem feito uma aposta séria na formação”, criticou.

“Reconheço que têm feito nos últimos anos um esforço para procurar que este cenário mude, mas a verdade é que os indicadores apresentados não são os melhores. Estes resultados a todos nos devem envergonhar e são uma verdadeira tragédia social para as famílias de Lousada, com tendência para agravar-se se a situação económica e social do país também se agravar”, deixou a alerta.

“Não há nenhuma tragédia social”, garantiu Pedro Machado

O presidente da Câmara de Lousada não escondeu a surpresa com os números citados. “Não sei quais são as bases do estudo, tenho que perceber melhor quem fez o estudo e com que pressupostos. Mas surpreende-me o facto de aparecer Lousada com o salário médio mais baixo”, disse o edil, lembrando que não há grandes diferenças em relação a Felgueiras ou Paços de Ferreira.

“Mas sabemos todos que vivemos na região com o índice de poder de compra mais baixo do país”, lembrou Pedro Machado. “O que posso dizer é que na vida real das pessoas não se sente que aqui se viva pior que nos outros municípios, antes pelo contrário”, sustentou.

Defendendo ainda assim que há por onde melhorar, o autarca salientou que o seu executivo tem vindo a trabalhar para mudar um paradigma que se baseou ao longo de décadas “na mão-de-obra intensiva e mal remunerada”. “Isto entronca também e não só no problema da confecção. Sabemos que na confecção se paga sobretudo o salário mínimo e depois isso tem reflexo nestes indicadores”, anuiu.

O presidente da câmara recordou que o município tem trabalhado para captar investimento, o que se reflecte, por exemplo, no facto de em Lousada não existirem pavilhões industriais para comprar ou arrendar.

“Há uma série de empreendimentos novos em construção. Alguns vão apostar sobretudo em mão-de-obra qualificada e bem remunerada”, garantiu, dando como exemplo uma empresa que está a nascer junto ao aterro sanitário de Lustosa, uma indústria de acabamento de pele com alta tecnologia e quadros altamente qualificados. Mas por exemplo, na área do turismo, falta pessoal na área da restauração, que seria melhor remunerada que uma confecção.

Nesse sentido, e porque os jovens não estão interessados nos sectores tradicionais e começa a ser difícil para os empresários recrutar pessoas, Pedro Machado diz que há muito para fazer. “Temos um projecto. Estamos em negociações para aquisição de um espaço que vai estar dedicado à formação, uma que vá de encontro às expectativas e necessidades do tecido empresarial local”, adiantou.

O autarca deixou ainda no ar, sem querer concretizar, que a curto prazo vai “anunciar um grande investimento em Lousada na área do turismo que será uma referência na zona Norte e Centro”.

“Continuamos a trabalhar na captação de investimento porque sabemos que os sectores tradicionais foram e são importantes, mas temos que nos preparar para uma transição. Podem estar sossegados que estamos a fazer tudo ao nosso alcance. Não há nenhuma tragédia social”, garantiu.

O vereador social-democrata deixou então um pedido. Se os indicadores citados pelo jornal estão errados deve ser pedida a correcção.

Salário médio de Paços de Ferreira dá para comprar casa maior

O eleito do PSD referia-se ao trabalho publicado no JN desta segunda-feira, que relaciona o salário médio mensal com a dimensão da casa que um casal poderia adquirir nos distritos de Lisboa e Porto.

Um casal com um salário médio só consegue comprar uma casa de 74 metros quadrados no Porto e com 52 metros quadrados em Lisboa.

A ideia era perceber “quanta casa se consegue comprar”. O cruzamento de vários dados estabeleceu o salário médio mensal líquido do casal e com base no preço por metro quadrado de habitação por concelho e o valor máximo de crédito que esse salário permite obter foi estabelecido o tamanho da casa por concelho.

Infografia: JN

Nesse sentido, no distrito do Porto, Paços de Ferreira surge como o concelho onde se consegue comprar uma casa maior, de 169 metros quadrados, com um salário líquido médio de 508 euros por pessoa. Seguem-se na lista Amarante e Trofa. Em quarto lugar está Paredes, onde um salário médio de 1114 euros por casal dá acesso a uma casa com 163 metros quadrados. Penafiel está no sexto lugar da tabela, com 158 metros quadrados de habitação para um salário médio de 1156 euros por casal. Em Lousada, com 976 euros um casal consegue adquirir uma casa de 151 metros quadrados e, em Valongo, por 1240 euros conseguem uma casa com uma área de 131 metros quadrados. O JN refere que com um salário líquido de 488 euros por pessoa, Lousada é o concelho com salário médio mais baixo do distrito.