Caro Leitor,
Antes de mais, espero que o Natal e noite de consoada tenha sido um momento de partilha e felicidade junto daqueles que mais lhe sejam queridos com o cuidado e a segurança que a maldita pandemia assim ainda exige.
Na última crónica, PSD Paredes – Cena 1, abordei atual situação política do PSD em Paredes fazendo a primeira de várias retrospetivas ao trabalho da atual comissão política do PSD em Paredes. É uma análise muito pessoal, sem amarras políticas e de alguém que se manteve sereno, distante e focado na oposição ao executivo municipal nos últimos 4 anos.
Hoje é tempo de continuar esta retrospetiva olhando para o período pré eleições autárquicas, que culminaram com um resultado desastroso para o PSD Paredes. A análise dos resultados e o futuro ficarão para uma(s) próxima(s) crónica(s), ainda antes do final do ano certamente.
Ao longo de muitos meses era evidente para todos os militantes com sentido crítico, que o Presidente da CPC do PSD Paredes pretendia ser o candidato à Câmara Municipal pelo PSD em Paredes. Existiam um conjunto de pró-formas necessários a serem cumpridos, mas era patente que a conclusão seria essa.
Até às autárquicas o processo era estreito em termos de aventuras: discussão do perfil do candidato, preparação, discussão e votação do programa eleitoral e campanha eleitoral.
Mas, como já era de esperar, a audácia da CPC do PSD em Paredes decide adicionar uma nova, e desgraçada, aventura: coligação com o CDS-PP.
Comecemos pela discussão do perfil do candidato.
O processo é muito simples. A comissão política prepara o perfil de candidato que entende ser o adequado e solicita ao presidente da Mesa a convocatória de um plenário para discussão e votação. É este o processo. E assim foi.
Antes do plenário, a comissão política decidiu considerar, segundo eles, algumas das sensibilidades do partido e convocou reuniões “ad hoc” durante as semanas anteriores.
Talvez por azáfama política e complicações de agenda, esqueceram-se de considerar as opiniões dos restantes 50% dos militantes que optaram por votar num projeto diferente do seu. Azáfama, com certeza.
Chegados ao plenário, a discussão do perfil do candidato foi frágil e célere, talvez como consequência da generalidade do perfil e não tanto pela falta de vontade em discutir. Já quanto à discussão do nome do candidato não podemos dizer o mesmo. Após diversas intervenções intensas, uma coisa foi evidente e maioritária no plenário: o líder da CPC não deveria, é importante a palavra, ser o candidato do PSD à Câmara Municipal.
Do plenário, a única consequência que a CPC tirou foi o desprezo. O candidato foi mesmo o presidente da concelhia e como consequência o pior resultado que há memória.
É importante sermos honestos intelectualmente. Se perfil para ser candidato o resultado provou não ter, já a legitimidade para ser, independentemente do resultado, tinha toda.
Estamos a avaliar decisões políticas, não legitimidades.
O primeiro momento estava dado. Agora, era tempo da verdadeira tarefa enquanto agentes políticos: discussão, preparação e apresentação do projeto alternativo à governação socialista da Câmara Municipal de Paredes.
Espanto para muitos, ou talvez não, o programa político, as ideias e o projeto alternativo foram ligeiramente esquecidos, em detrimento de uma das piores decisões políticas que temos memória: a coligação com o CDS-PP.
E aqui, podemos falar de legitimidade.
Comecemos pela legitimidade.
Quando somos eleitos, quer seja para o condomínio ou para um partido, somos eleitos segundo um programa ou pelo menos, segundo umas linhas mestras de trabalho. Esta comissão política foi eleita segundo uma linha mestre: criar uma alternativa à governação socialista da Câmara Municipal de Paredes. Era só isto o exigido.
Mas, nunca fazer uma coligação.
E se assim fosse a ideia e a proposta da CPC do PSD, esta deveria ir a um plenário de militantes para ser apresentada, discutida e, claro está, sufragada pelos presentes para ter aquilo que é essencial em política: legitimidade.
Não foi assim. Talvez por medo, mas não foi.
Passemos ao acordo.
Bem, se em legitimidade todos temos a nossa opinião, já quanto ao acordo, ninguém, tirando a comissão política, entende como foi possível.
Comecemos pelos números do acordo.
Para as juntas de freguesia, a coligação era obrigatória, mesmo sem consentimento dos presidentes de junta. Já os lugares eram negociados caso a caso.
Para a assembleia municipal um acordo sem igual. Temos 3 candidatos do CDS-PP apenas e todos eles nos 10 primeiros lugares.
Já quanto à vereação temos candidatos a vereadores em lugares praticamente não elegíveis.
Se olharmos friamente apenas para os números, ficamos com a ideia de que o acordo até não é despropositado, mas se olharmos aos factos e ao lugar do CDS-PP na atualidade do concelho entendemos que a alavancagem feita ao CDS-PP no paradigma político do concelho é completamente extravasada da realidade.
Se acha que estamos a exagerar, analisemos pequenos factos.
Para a vereação, desde 2013 que não tem membros na vereação.
Para a assembleia municipal, desde 2013 que só tem um membro.
E para as juntas de freguesia, longe vão os tempos onde presidem a uma junta de freguesia.
Contudo, com este acordo, só para a assembleia municipal o CDS-PP triplicou a sua representação! E nas juntas de freguesia o número de representantes que conseguiram é extraordinário.
De tal forma, que no dia das eleições as primeiras declarações são de vitória, o que, e em respeito pela coligação, foi totalmente leviana, imponderada e até desrespeitosa!
Em resumo: um acordo de coligação que foi um fato à medida, mas nunca para o PSD.
Pergunta-me o leitor: e o programa eleitoral?
Estou como o leitor: continuo à espera dele.
Continuamos para a próxima, com a análise do resultado eleitoral.
Continuação de boas festas!