O executivo socialista na Câmara de Lousada devia estar na linha da frente de combate à pandemia, mas não o está a fazer, acusa o PSD.
Em comunicado, os social-democratas acusam Pedro Machado, e os seus vereadores, de estarem mais preocupados com os recursos gastos no combate do que com os bons resultados. “Foi o presidente da Câmara de Lousada que em reunião de câmara afirmou que ‘não vou esbanjar recursos’”, aponta a comissão política.
“O PSD Lousada, desde Março, vem alertando o executivo socialista para a premente necessidade de articulação com as diferentes entidades do concelho, de forma a evitar o exponencial de casos de Covid-19, como está, infelizmente a acontecer. E só agora vem a público – não o fez antes para não ser acusado de politiquice – alertar para a inoperância de Pedro Machado, o principal responsável da Protecção Civil, já que apresentou, em reunião de câmara, um sem número de propostas de combate à pandemia”, refere o partido da oposição, criticando a rejeição das mesmas.
“Agora que a pandemia se agudizou no concelho – e depois de ter levado um puxão de orelhas do primeiro-ministro, o seu chefe a nível nacional, – é que [Pedro Machado] teve a humildade de reconhecer, aceitar e promover algumas propostas do PSD Lousada. É lamentável a falta de proactividade do presidente da câmara de Lousada”, sustenta o PSD Lousada, criticando ainda a acção do vereador da Saúde.
Entre as propostas apresentadas em reunião de executivo, refere o comunicado, estavam a redução em 50% do preço da água, do saneamento e dos resíduos sólidos urbanos (taxa do lixo), enquanto estão em vigência as medidas de contingência para o Covid-19, medida que teria “impacto diminuto” nas contas municipais, argumentam. A par disso, o partido propôs que não houvesse corte no fornecimento de água durante o período de contingência a quem não tenha liquidado as facturas em atraso, a distribuição de máscaras e luvas pelos serviços municipais, juntas de freguesia, instituições particulares de solidariedade social e comerciantes; e a constituição de um Gabinete de Crise Municipal presidido pelo presidente da Câmara e que contaria com várias entidades.
Os social-democratas defendem ainda a realização de testes serológicos à população do concelho, para que seja conhecida a imunidade de grupo; a melhoria “na coordenação entre o município – na pessoa do presidente da câmara – enquanto órgão máximo da Protecção Civil do concelho – e o presidente da ACES III, de forma a poderem coordenar, conjuntamente, acções preventivas a serem implementadas, considerando existir uma óbvia descoordenação na resposta de primeira linha do SNS para doentes Covid-19 quer para os outros”; e anda um reforço de testes nas comunidades de risco, como GNR, Bombeiros, Escolas, entre outros.
Para Pedro Machado este comunicado é “uma prova de vida de uma estrutura partidária que nos últimos meses esteve mais centrada na sua sobrevivência, tentando encontrar um líder para a sua concelhia, depois de não ter conseguido um único candidato à sua liderança, do que estar atenta a tudo aquilo que tem sido feito e reconhecido pelos lousadenses”.
Contactado o presidente da autarquia fala em “desnorte” e sustenta que “o município de Lousada foi, desde o início desta pandemia, um dos mais céleres a adoptar políticas de combate à pandemia, assim como de protecção das famílias e das empresas, o que sucedeu também na reunião recente com o primeiro-ministro”, onde garante ter pedido medidas de apoio às unidades de saúde, protecção da população e também da economia, “impedindo que as medidas tomadas para o território fossem mais penalizadoras para o tecido económico”.
“O PSD Lousada, se quisesse ser sério, diria o contexto e a razão de o presidente da Câmara de Lousada ter dito que não podia ‘esbanjar’ recursos. Isso foi dito a propósito de uma medida concreta que os vereadores do PSD insistiram em propor: que a Câmara levasse a cabo uma campanha generalizada de testes sorológicos. Na verdade, questionada a autoridade de saúde e os especialistas na matéria sobre a pertinência dessa medida, concluiu-se que a mesma não era essencial no combate à pandemia”, alega o autarca. “Mediante as evidências científicas e diversos especialistas, estes testes não trazem qualquer tipo de acção preventiva, apenas indicando se a pessoa em causa teve alguma vez em contacto com o vírus, não havendo sequer a evidência que não possa haver reinfecções. Assim, a pertinência da aplicação destes testes à população seria meramente a satisfação de uma curiosidade estatística que não garantia a segurança dos mesmos para futuro, sendo que o município teria de dispensar milhares e milhares de euros numa medida que a autoridade de saúde, quando questionada, desconsiderou a pertinência”, esclarece ainda Pedro Machado em resposta escrita.
O edil lembra o comunicado do PSD distrital, na semana passada, que procurou negar que “o grande foco de contágio não estaria na convivência social, quando a evidência local, nacional e até europeia assim o diz” e critica o sinal irresponsável passado à comunidade.
“Desde a primeira hora tem havido uma coordenação sistemática com todas as organizações e instituições do concelho” e grande parte das propostas do PSD já estão implementadas ou em vigor, frisa o autarca.
“Quando insistem na criação de um gabinete de crise, lembramos mais uma vez que esse órgão já existe e ainda no último sábado reuniu: Comissão Municipal de Protecção Civil”, salienta, sustentando ainda que nenhum município tem poupado verbas com a pandemia, muito pelo contrário. “A poupança gerada com a não realização de eventos, a esta data, já foi amplamente suplantada com despesas extraordinárias e apoios às empresas, instituições e famílias no combate à Covid-19”, adianta ainda, lembrando a isenção de taxas municipais, prorrogação do prazo de pagamento das facturas emitidas pela Câmara e suspensão dos cortes de água (logo em Março); a isenção da tarifa de disponibilidade de resíduos, abastecimento de água e águas residuais aos estabelecimentos encerrados (logo em Março); a aplicação do tarifário de famílias numerosas aos consumidores domésticos (água e saneamento); a comparticipação de testes diagnósticos a instituições; os subsídios extraordinários às IPSS; a aquisição de Equipamentos de Protecção Individual (desinfetante, luvas, máscaras, batas, etc) distribuídos por IPSS’s, Bombeiros, GNR, população carenciada, entre outros – situação que será reforçada; a comparticipação de ventiladores para o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa; o reforço nos apoios sociais (alimentos, medicação, e outros apoios sociais); o aumento drástico no custo do transporte escolar; a campanha de promoção do comércio local; a campanha de vacinação contra a Gripe que abrange funcionários municipais, GNR, Bombeiros e maiores de 65 anos; a comparticipação extraordinária para novas Habitações Sociais de Emergência; o transportes de doentes; o apoio e preparação exaustiva das condições das escolas, materiais disponibilizados e circuitos de segurança para toda a comunidade escolar; as estruturas físicas de apoio ao combate à Covid-19, nomeadamente no apoio aos Centros de Saúde; ou o reforço dos recursos humanos no apoio às escolas e estrutura social.
Pedro Machado lembrou ainda a linha de apoio municipal em funcionamento e o facto de o concelho ter um centro de testagem que ultrapassará os 400 testes por dia já em Novembro.
“Temos sido uma voz interventiva e de alerta, junto das entidades centrais, para a necessidade de reforço dos Centros de Saúde e Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, assim como a coordenação da Linha Saúde 24 e, para além disso, com a necessária atenção que tem que ser dada a todos os doentes não-covid”, garante o edil.
Diz, no entanto, perceber “a necessidade do PSD Lousada ter que vir a terreno dizer algo, depois de meses e meses a resolver questões internas”. “Não iremos contribuir para protelar discussões inúteis que até colocam em causa o afincado trabalho dos profissionais de saúde, os seus conhecimentos e valia técnica, assim como promover a desinformação das pessoas”, conclui o autarca lousadense.