A 13 de Janeiro de 2018, o PSD realiza eleições directas para a presidência da Comissão Política Nacional. Os militantes vão ser chamados a escolher entre Rui Rio e Pedro Santana Lopes. Uma escolha que, acreditam, determinará o candidato do partido a primeiro-ministro nas próximas legislativas.
Houve, por isso, uma corrida dos militantes ao pagamento de quotas.Segundo o partido há 70.385 militantes activos com quotas pagas, 13.132 no Porto.
A região não fugiu a esta realidade e mostra-se dividida no apoio a estes dois candidatos. Alguns dos principais apoiantes explicam porquê.
Lousada: Leonel Vieira ao lado de Rio e Agostinho Gaspar Ribeiro apoia Santana Lopes
Para Leonel Vieira, candidato à Câmara Municipal de Lousada nas últimas autárquicas e actual vereador, Rui Rio é o candidato certo. “Julgo que dos dois candidatos é o que reúne melhores condições para ser, além de um bom presidente do PSD, um bom primeiro-ministro”, defende.
Segundo Leonel Vieira, Rui Rio tem “competência, seriedade, sentido de estado e currículo” e, neste momento, “até pelo seu trajecto político, tem melhores condições para ser líder do partido”.
Agostinho Gaspar Ribeiro, presidente da comissão política do PSD Lousada, acredita que o partido ficará bem liderado, independentemente do candidato eleito, mas sustenta que, nesta altura, Rui Rio simboliza “uma figura austera” que o país não precisa neste momento e leva o partido para o passado, ligado a Manuel Ferreira Leite e a Pacheco Pereira. “O partido só chegará de novo ao Governo depois de se mobilizar internamente. É preciso alguém que consiga empolgar os militantes e simpatizantes e Santana Lopes pode trazer à máquina do partido um novo fôlego, uma nova alma social-democrata e acordar as pessoas. Tem mais condições para mobilizar o partido a nível nacional”, defende. Agostinho Gaspar concorda que nestas eleições está em causa a escolha do candidato do partido às próximas legislativas.
Paços de Ferreira: António Coelho e Joaquim Pinto apoiam Rui Rio. José Bastos acredita em Santana Lopes
“Simpatizo com a personalidade de Rui Rio há muitos anos e revejo-me nas suas propostas para o desenvolvimento do país e para a organização política do partido”, explica António Coelho, presidente da comissão política do PSD Paços de Ferreira. “Quer trazer a sociedade para dentro do partido e fazer deste um partido mais interactivo”, dá como exemplo.
António Coelho afirma que este candidato tem propostas vincadas em questões como justiça, justiça social, em relação à economia e regulação do estado que fazem falta. “Julgo que dará um bom primeiro-ministro. É pragmático e tem abertura para estabelecer compromissos em áreas cujas políticas vão oscilando ao sabor do eleitoralismo”, argumenta.
Também Joaquim Pinto, vereador na Câmara Municipal e candidato à presidência nas últimas eleições autárquicas, defende que Rui Rio é o candidato mais indicado. “Reconheço-lhe um conjunto de características para ser a melhor solução para o partido, pelo seu passado político, por ser uma pessoa séria, de rigor e palavra”, afirma. “Acredito que se saberá rodear das melhores pessoas para alterar o estado actual do partido e que saberá aplicar o seu sentido de estado não só ao PSD mas ao Governo da República. Nestas eleições está em causa quem os militantes querem para primeiro-ministro. Eu quero o doutor Rui Rio”, conclui.
José Bastos, presidente da mesa da Assembleia da concelhia do PSD, é mandatário da candidatura de Santana Lopes em Paços de Ferreira. “Gosto do perfil dele como político. Apoio-o porque neste período acho que é o candidato ideal para o PSD. Podia ter ficado quieto na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa mas saiu do conforto para lutar pelo partido. Só isso já lhe dá valor”, refere.
Para José Bastos há grandes diferenças em relação a Rui Rio. “Santana Lopes não é tão tecnocrata e tem uma política que agora está na moda que é a política de afectos. E não basta estratégia, é preciso estabelecer empatia com os cidadãos”, defende, acrescentando que o candidato valoriza outros ideais além da economia mas também sabe o que fazer para melhorar a produtividade do país. E não duvida: “esta eleição vai determinar o candidato do PSD a primeiro-ministro”.
Paredes: Santana Lopes esteve sempre disponível para “servir o partido”, diz Rui Moutinho. Manuel Fernando Rocha defende renovação com Rui Rio
Em Paredes, também há visões diferentes. Rui Moutinho, presidente da comissão política do PSD e vereador, apoia Pedro Santana Lopes. “É o candidato com o qual ideologicamente mais me identifico. A matriz social-democrata que eu perfilho só está defendida com Santana Lopes”, acredita. “Sempre tive aversão a pessoas que lutam contra o próprio partido e fez-me confusão que alguém que apoiou Rui Moreira à Câmara do Porto contra um candidato do partido, Luís Filipe Meneses, seja agora candidato a líder do partido”, salienta. Rui Moutinho aponta ainda as muitas críticas de Rui Rio ao governo de Pedro Passos Coelho como motivo para apoiar Santana Lopes que “mesmo quando queria dizer algo em que o PSD tinha errado o dizia nos locais próprios”.
O presidente da comissão política do PSD Paredes lembra ainda que Santana Lopes esteve sempre disponível para “servir o partido e a causa pública”, quer na Câmara da Figueira da Foz, quer na Câmara de Lisboa quer como primeiro-ministro.
O também vereador Manuel Fernando Rocha apoia Rui Rio, “pela seriedade e determinação que demonstrou enquanto presidente da Câmara do Porto”. “O partido precisa de se renovar e isso só se consegue com Rui Rio e não com Santana Lopes”, defende o social-democrata. “É o candidato que gostava de ver como primeiro-ministro”, conclui.
Penafiel: Susana Oliveira defende Rui Rio. Antonino de Sousa na comissão de honra de Santana Lopes
“Entendo que ambos os candidatos são dois bons militantes do PSD, mas considero que Rui Rio tem melhores condições para protagonizar uma forte e mobilizadora alternativa à governação do país”, confirma Susana Oliveira, presidente da comissão política do PSD Penafiel e vice-presidente da autarquia. “Sem demérito para algumas medidas da actual governação, estamos a viver um momento em que o crescimento é muito resultante de circunstâncias externas favoráveis e do trabalho do anterior governo, feito em condições muito difíceis e que penalizaram injustamente o PSD. Trabalho esse que poderia e deveria estar já a dar outros frutos, preparando Portugal para a sustentabilidade a médio e longo prazo”, acredita a autarca.
“Mas os portugueses começam hoje a perceber que, mais do que medidas eleitoralistas de curto prazo, é preciso, de uma vez por todas, garantir um futuro seguro e estável, para que as próximas gerações não vivam os sobressaltos e aflições pelas quais passamos nos últimos anos. Acredito que Rui Rio, pelo seu perfil pessoal e pela sua reconhecida experiência, é, neste momento, o político português que tem esta visão muito clara, em quem confiaria um Governo com futuro”, afirma Susana Oliveira, anuindo à ideia já expressa por outros candidatos de que quem ganhar esta eleição será o candidato do PSD a primeiro-ministro. Entre os apoiantes de Rui Rio em Penafiel estará também Alberto Santos, presidente da Assembleia Municipal.
Apesar de não ser militante, Antonino de Sousa, presidente da Câmara Municipal de Penafiel eleito por uma coligação PSD/CDS-PP, integra a comissão de honra da candidatura de Pedro Santana Lopes. “Fui convidado e foi com honra que aceitei. Acredito que é o candidato com melhores condições para ter sucesso numas legislativas e ser primeiro-ministro. Tem a sensibilidade social e a capacidade de se aproximar das pessoas que o país precisa neste momento. E tem ideias para o crescimento económico do país em que acredito”, afirma.
Valongo: João Paulo Baltazar apoia Rui Rio e Miguel Santos é coordenador político nacional da candidatura de Pedro Santana Lopes
Afastado da vida política, João Paulo Baltazar, presidente da mesa da concelhia social-democrata de Valongo e ex-presidente da Câmara e vereador, salienta que o partido tem passado por um momento difícil. “Estamos sem presidente do partido há muito, porque Pedro Passos Coelho era primeiro-ministro e tinha que tomar decisões difíceis, mas o PSD está com saudades de liderança e, nesta altura, Rui Rio é o melhor para lhe dar essa liderança e que já mostrou que é determinado”, refere.
João Paulo Baltazar diz que o PSD não está numa altura de “agradar a gregos e a troianos” e precisa de um rumo claro e de uma liderança forte. “Santana Lopes já perdeu o fulgor de outrora nos discursos arrebatadores”, confessa. “Tão importante quanto escolher um líder é escolher um modo de funcionamento e é preciso uma ligação à sociedade civil”, defende, acrescentando que há cada vez mais um distanciamento entre os partidos e a população.
“Acredito que o candidato agora escolhido será o candidato às legislativas e Rui Rio transmite esperança e uma possibilidade de vitória mais segura e de abertura à população. Se os partidos se fecham dentro deles deixam de representar a população”, sustenta. “Este é um momento crítico para o partido. Tem que haver uma mudança profunda e Santa Lopes não representa a mudança que o partido precisa”, termina o social-democrata.
Ideia diferente tem Miguel Santos, presidente da comissão política do PSD Valongo, deputado e vice-presidente da bancada do PSD na Assembleia da República, que é coordenador político nacional da candidatura de Pedro Santana Lopes. Justifica a sua escolha com a visão que este candidato tem do partido e da sociedade que caracteriza como “humanista, progressista e reformista”. Rui Rio, sustenta, é um “regresso ao passado” já que integra uma linha “conservadora, centralista e elitista do PSD”.
Para Miguel Santos há mais garantias na experiência de Santana Lopes, que já desempenhou múltiplos cargos e funções autárquicas e a nível nacional, sem esquecer a experiência, apesar de curta, enquanto primeiro-ministro. O coordenador político nacional da candidatura acredita ainda que Santana Lopes é o melhor posicionado para o combate das legislativas porque se afasta da imagem de austeridade associada a Rui Rio, candidato que peca ainda por assumir posições de ruptura em várias áreas “não apontando soluções”. “Quem ganhar estas eleições directas será o candidato a primeiro-ministro”, garante Miguel Santos.