O Partido Socialista de Paços de Ferreira diz que está disponível para debater e trabalhar com o PSD mas com uma condição: que o partido venha a público explicar como conduziu a câmara municipal a esta situação, assumir os seus erros e pedir desculpa à população. “Se o PSD não aceitar este desafio não nos calaremos”, sustentaram os elementos da comissão política do PS Paços de Ferreira, em conferência de imprensa.
Ter António Coelho como presidente do PSD Paços de Ferreira é um “virar de página”, mas para trás. “O novo líder do PSD é um dos grandes responsáveis pela ruína financeira do município”, acusaram.
Paulo Ferreira, Ricardo Pereira e Miguel Costa aproveitaram ainda para lembrar a situação difícil em que o PS encontrou a Câmara em 2013 e os muitos compromissos já cumpridos pelo executivo liderado por Humberto Brito.
Câmara com futuro limitado nos próximos 30 anos
O PSD resolveu “virar a página”, como prometia em 2013, depois de sair derrotado das autárquicas, mas com um regresso ao passado. A crítica foi lançada esta terça-feira, em conferência de imprensa do PS, realizada na sede do partido. “É preciso que haja memória e consciência da situação em que deixaram a câmara. Quando usaram o slogan ‘virar a página’ isso indiciava reconhecimento dos erros grosseiros cometidos pela anterior maioria PSD na autarquia”, disse Paulo Ferreira. Mas os social-democratas elegeram agora para líder do partido um dos rostos do passado que conduziram a câmara a esta “situação financeira desastrosa”, uma prova de que “não perceberam a mensagem da população”, refere o PS. “A última coisa que o concelho quer é um regresso ao passado onde a irresponsabilidade, megalomania, arrogância e clientelismo eram imagem de marca da Câmara Municipal de Paços de Ferreira”, acrescentam.
Por isso, os socialistas lembram alguns “factos” ao PSD: Humberto Brito encontrou contas da autarquia a zero e não havia sequer dinheiro para pagar a electricidade; a auditoria interna ao município revelou dívidas ainda maiores que o esperado – 69,2 milhões de euros; a PFR Invest estava falida e com um passivo de 50 milhões de euros; e a concessionária de água e saneamento tinha efectuado um pedido de resgate financeiro que o PSD escondeu. “Depois ainda chumbaram a proposta socialista de resolução do problema que passava pela empresa municipal Gespaços”, lembra o PS. Apesar do “boicote”, o executivo socialista conseguiu chegar a um pré-acordo com a concessionária que permitirá a redução de 50% no preço da água e saneamento, mas estão dependentes da aprovação de entidades externas ao município, como a ERSAR. A adesão ao Fundo de Apoio Municipal, “uma solução que não interessa a ninguém”, foi também “consequência directa dos erros grosseiros de gestão cometidos pelo PSD”, argumentam.
E isso vai limitar o futuro da câmara nos próximos anos, acreditam. “O passivo é tão grande que não será em dois ou três mandatos que se vão colocar as contas do município em ordem. Seja quem for que lidere esta câmara está limitado nos próximos 30 anos”, afirmou Paulo Ferreira.
Dívida da câmara diminuiu 10,3 milhões de euros em dois anos
Apesar de todas as dificuldades, a comissão política elogia o trabalho do executivo liderado por Humberto Brito que tem conseguido ainda assim cumprir o programa eleitoral e alcançando várias vitórias. Entre elas, a redução do volume da dívida em 10,3 milhões de euros em pouco mais de dois anos.
Por outro lado, lembram que foi instalada a rede de água e saneamento em Sanfins e Eiriz, que foram concluídos os centros escolares de Seroa e Eiriz e requalificadas muitas estradas municipais, muitas vezes através dos trabalhadores da autarquia. O novo executivo cumpriu ainda a promessa de oferecer manuais escolares, reforçou os apoios sociais, criou a marca Capital Europeia do Mobiliário, deu apoios às empresas e viu a taxa de desemprego reduzir significativamente, reduziu a taxa de IMI para o mínimo e ainda o zonamento. “Há transparência e diálogo com todas as instituições e houve retoma dos apoios financeiros às freguesias”, sustentam os socialistas.
Por tudo o que foi conseguido, o PS garante que vai apoiar Humberto Brito nas próximas autárquicas, para continuar este trabalho. “Enquanto os pacenses não perceberem em que é que foi gasto tanto dinheiro não vão dar o voto ao PSD”, acreditam.