A Comissão Política Concelhia de Valongo do Partido Socialista (PS) veio esta sexta-feira a público reafirmar total confiança em Paulo Esteves Ferreira, vereador da autarquia e candidato do partido às eleições autárquicas deste ano, após este ter sido constituído arguido por suspeitas de corrupção passiva no âmbito dos processos de licenciamento de um restaurante da McDonald’s e de um supermercado Aldi no concelho.
Num extenso comunicado, a estrutura local do PS não só defendeu o seu candidato, como criticou fortemente a reação do PSD de Valongo, acusando os sociais-democratas de “populismo” e de procurarem capitalizar politicamente o caso.
PS destaca “lisura e honestidade” de Paulo Esteves Ferreira
No documento, a concelhia do PS assegura que “não merece qualquer dúvida” que todas as normas urbanísticas, regulamentos e legislação aplicáveis foram cumpridos nos processos em investigação, e que Paulo Esteves Ferreira “não recebeu qualquer valor monetário ou outro tipo de vantagem ou benefício”.
O PS elogia ainda o desempenho do vereador e a forma como o executivo socialista tem governado Valongo nos últimos 11 anos, considerando que o partido conseguiu uma “mudança radical” no concelho e na gestão municipal.
“É inegável uma mudança radical no concelho de Valongo e na forma de funcionamento da autarquia, sendo amplamente reconhecidas, por diversas entidades e atores políticos, as boas práticas implementadas pelo Partido Socialista na governação municipal, desde logo no que se refere à transparência e à qualidade dos serviços”, lê-se no comunicado.
O partido sublinha ainda que “a mera constituição como arguido de um cidadão não pode ser critério para a sua saída de cena da vida pública”, referindo o caso do ex-ministro Miguel Macedo (PSD), que foi absolvido em tribunal após ter sido constituído arguido durante o seu exercício de funções.
Críticas ao PSD de Valongo e defesa do projeto socialista
Além da defesa do seu candidato, o PS de Valongo aproveitou para dirigir duras críticas ao PSD local, acusando o partido de recorrer a “práticas populistas” e de estar à deriva há mais de uma década.
“A posição desesperada do PSD, assente em ataques pessoais e insinuações, corresponde ao corolário máximo de mais de uma década à deriva e sem nada de positivo para apresentar”, acusa o PS, referindo que os sociais-democratas continuam “órfãos de candidato” para as próximas eleições autárquicas.
A concelhia socialista critica ainda o que chama de “apressada condenação na praça pública” e alerta para os riscos da cobertura mediática de casos judiciais, defendendo que Paulo Esteves Ferreira tem todas as condições para continuar como candidato do PS à Câmara de Valongo.
“O Partido Socialista está coeso, unido e confiante em torno da candidatura de Paulo Esteves Ferreira a Presidente da Câmara Municipal de Valongo, como, ainda ontem, foi manifestado pelo Presidente da Federação Distrital do Porto do PS e pela direção nacional do Partido”, conclui o comunicado.
Contextualização do caso
A Polícia Judiciária do Porto realizou, no início da semana, buscas na Câmara de Valongo e em várias residências, no âmbito de um inquérito que investiga suspeitas de corrupção nos processos de licenciamento do McDonald’s e do Aldi.
Segundo as investigações, Carlos Moura Guedes, dono da empresa imobiliária Imopartner, terá conseguido obter facilidades na aprovação dos projetos em troca de donativos feitos ao Clube de Propaganda de Natação de Valongo. Em causa estarão crimes de corrupção passiva e ativa, prevaricação e violação das regras urbanísticas.
Além de Paulo Esteves Ferreira, também o diretor de expansão da McDonald’s Portugal, Pedro Salvador, e o empresário Carlos Moura Guedes foram constituídos arguidos no processo.
A nomeação de Paulo Esteves Ferreira como candidato do PS à Câmara de Valongo mantém-se inalterada, com o apoio expresso da estrutura local e nacional do partido. Resta agora saber como o caso poderá evoluir e se terá impacto na campanha eleitoral que se avizinha.