Viveram-se momentos de alguma tensão, esta manhã, no Estádio de Sonhos, em Ermesinde. Abílio Sá, proprietário do equipamento desportivo, fez-se acompanhar de um agente de execução e da PSP de Ermesinde para executar a sentença que lhe reconheceu o direito de reivindicação de propriedade e consequente despejo do Ermesinde Sport Clube 1936. Acalmados os ânimos, o proprietário decidiu não concretizar o despejo e deixar à responsabilidade dos presidentes da direcção e da assembleia geral do clube, bem como ao presidente da Junta de Freguesia, as chaves do campo de jogos que poderá ser ainda usado até ao final de Outubro.
O despejo do clube de futebol da cidade de Ermesinde do Estádio de Sonhos tem sido uma situação há muito temida. A reivindicação da propriedade e consequente despejo do ESC1936 foi um processo judicial que terminou há pouco e hoje concretizou-se a tomada de posse pelo proprietário. De manhã cedo juntaram-se à porta do campo de jogos vários adeptos do clube, que tentaram impedir a entrada do proprietário para consumar a tomada de posse do equipamento, para o qual já foi publicado em Diário da República a declaração de utilidade pública com carácter de urgência, com vista à sua expropriação, pedida pela Câmara Municipal de Valongo.
“Estabeleci o prazo de Outubro para que até lá se tome um rumo”
Feito o inventário e depois de uma conversa que envolveu Abílio Sá, o clube e o presidente da Junta de Freguesia de Ermesinde, o proprietário do equipamento decidiu não despejar o clube e permitir que os atletas continuem a treinar e a disputar jogos oficiais em Sonhos, até ao final do mês de Outubro. Em declarações ao VERDADEIRO OLHAR, Abílio Sá explicou que decidiu entregar as chaves à responsabilidade dos presidentes da direcção e da assembleia geral do clube, bem como ao presidente da Junta de Freguesia, dando como prazo final de Outubro, altura em que espera que a expropriação esteja oficializada. “Estabeleci o prazo de Outubro para que até lá se tome um rumo”, disse, acrescentando que espera agora que o clube e a Junta de Freguesia “façam força junto da Câmara Municipal de Valongo”. Findo este prazo, Abílio Sá garante que retira as chaves do equipamento, sublinhando que a sua intenção “nunca foi prejudicar o clube nem a cidade”. “Estive 18 anos nesta situação e até agora sempre negociei. Hoje mais uma vez negiociei”, disse, lembrando que havia um acordo com o anterior Executivo da Câmara de Valongo que garantia a municipalização do Estádio de Sonhos, que foi entretanto “desfeito” pelo actual presidente da câmara. Abílio Sá adiantou ainda que vai contestar o valor da avaliação do imóvel, de 154 mil euros, estabelecido no processo de declaração de utilidade pública, sublinhando que a sua avalição aponta para os dois milhões de euros. De referir que a tomada de posse do equipamento pelo Município, depois de publicada declaração de utilidade pública com carácter de urgência, com vista à sua expropriação, segundo anunciou na altura a Câmara de Valongo, deverá ocorrer até ao final do ano, depois de cumpridos os últimos trâmites legais do processo de expropriação.
Pedido de reunião urgente com Câmara Municipal
Rui Almeida, presidente da Assembleia Geral do ESC1936, explicou que foi acordado ficar com as chaves do campo de jogos até ao final de Outubro, indo agora tentar agendar uma reunião com carácter de urgência com a Câmara Municipal “para transmitir o acordado e ver o que podemos fazer, dentro da legalidade, para que o processo de expropriação esteja concluído até ao prazo estabelecido e assim ter a garantia de que podemos utilizar o estádio”. Para Luís Ramalho, presidente da Junta de Freguesia de Ermesinde, que sugeriu ainda antes da concretização da tomada de posse a possibilidade de os atletas do clube continuarem a usar o espaço, este é um “adiar do problema” até que o processo de expropriação do estádio avance. Sob pena de ter de entregar novamente a chave ao proprietário no final de Outubro, o presidente da Junta de Ermesinde espera que “a câmara municipal cumpra” com o processo de expropriação.