O primeiro-ministro, António Costa, visitou, esta segunda-feira, as obras de modernização da Linha do Douro, entre Caíde de Rei, em Lousada, e o Marco de Canaveses.
O investimento, de 114 milhões de euros, entre Caíde, o Marco e a Régua, prevê a modernização e electrificação total da linha, com a reabilitação integral da via, sinalização electrónica, estabilização de 40 taludes, automatização de passagens de nível, a construção de uma sub-estação de tracção eléctrica e o reforço e consolidação de túneis centenários, explicaram os responsáveis da Infra-Estruturas de Portugal, falando de uma obra de “enorme complexidade” que obrigou ao encerramento da linha e à criação de transportes alternativos.
No Túnel de Caíde de Rei, o mais extenso, com 1,1 quilómetros, está a ser feita, à semelhança dos túneis de Gaviarra e Campainha, a beneficiação, reforço estrutural e rebaixamento para a colocação de catenária e impermeabilização, entre outros.
Depois destas obras, o túnel estará ainda com mais segurança, havendo extintores nos nichos, sendo instalado um sistema de videovigilância, outro de comunicações móveis e colocado sinal de rede móvel no interior. Serão ainda criadas faixas de encaminhamento para que passageiros saibam qual é a saída mais próxima em caso de emergência, iluminação LED e feitas melhorias nas bocas de entrada e saída dos túneis, com uma plataforma que coloca os carros de bombeiros entre 100 a 150 metros de distância das bocas do túnel.
A Infra-Estruturas de Portugal diz também que serão feitas melhorias nas plataformas de passageiros em Oliveira e Recesinhos (Penafiel) e da Estação da Livração.
Autarca satisfeito com resolução do problema
Pedro Machado aproveitou a visita para salientar a importância do comboio na história de Caíde de Rei, onde chegou há 143 anos. “Sei bem da importância que o comboio tem na vida das pessoas, na competitividade, na economia e como factor de coesão territorial e social”, frisou o presidente da Câmara de Lousada, elogiando o investimento do Governo na ferrovia. “Já há muitos anos que não havia tanto investimento na ferrovia. Esta é uma obra importante para resolver um problema que me afligia muito que eram as condições de segurança do túnel”, confessou o autarca. “Era um problema que estava identificado pela Protecção Civil e que felizmente agora vai ser resolvido”, reforçou.
Mas ainda existem, disse, outros problemas para resolver. Um deles é o estacionamento caótico que existe junto à estação de Caíde de Rei, devido às centenas de pessoas que escolhem este local para aceder ao comboio diariamente. “Esta estação é muito procurada. Vem gente da parte sul de Felgueiras, enquanto não tivermos a Linha do Sousa”, brincou.
Pedro Machado afirmou que o município está disponível para colaborar. “Já temos sinalizados alguns terrenos que podem resolver o problema e melhorar as condições de acessibilidade”, sustentou.
Governo destaca investimento na ferrovia
António Costa seguiu para o Marco de Canaveses, onde foi realizado o lançamento do concurso que vai permitir a aquisição de novo material circulante para a CP depois de um interregno de 20 anos. O investimento de 168 milhões de euros vai permitir adquirir 22 novas automotoras, com três carruagens e 200 lugares cada, dando resposta à electrificação das linhas e reforçando a rede regional, que devem chegar daqui a quatro anos.
Tanto o presidente do conselho de administração da CP, Carlos Nogueira, como o ministro do Planeamento e das Infra-estruturas, Pedro Marques, e o primeiro-ministro, António Costa, consideraram este um “marco histórico”.
A Linha do Douro “é uma das mais belas linhas de caminhos de ferro do país e do mundo, mas apresenta desafios importantes do ponto de vista da engenharia. As obras vão longas, difíceis e duras, mas estão finalmente a acontecer com a competência técnica das equipas e também com vontade política”, sustentou o ministro do Planeamento e Infra-Estruturas, que salientou o investimento de dois mil milhões de euros que está a ser realizado na ferrovia no âmbito do programa 2020. “A ferrovia estava em letargia há demasiado tempo” e houve “muito desinvestimento”, assumiu Pedro Marques. Em 2018, sustentou o governante, houve uma duplicação do investimento em relação a 2017 e o objectivo é continuar até 2023, com investimentos essenciais para a coesão territorial.
Também o primeiro-ministro realçou o investimento em curso em linhas e material circulante. “Estamos a abrir um concurso que não acontecia há 20 anos. Andamos distraídos sobre a importância da ferrovia. Durante muitos anos o país andou a ver os comboios passar, sem dar atenção à necessidade de investimento que era necessário fazer”, ironizou. Desde há três anos, disse António Costa, o transporte ferroviário foi colocado no centro das preocupações, sendo dada prioridade às ligações internacionais. Mas, porque o país não acaba em 2020, o investimento é para continuar e será aprovado, esta semana, o plano de investimentos com as grandes obras até 2030, que espera que seja aprovado por uma maioria de dois terços na Assembleia da República. “Estas não são obras para um governo ou uma geração. São obras para os próximos séculos e é essencial que assentem em consensos nacionais”, defendeu.