O presidente da Câmara Municipal de Valongo, José Manuel Ribeiro, apelou à mobilização da comunidade no sentido de bloquear, travar e até fechar a empresa Retria – Gestão e Tratamento de Resíduos de Construção e Demolição, sediada na Zona Industrial de Sobrado, afirmando que a empresa “não interessa ao concelho”.
Respondendo a uma pergunta de um deputado, o autarca afirmou, no decorrer da Assembleia Municipal, que decorreu no Fórum Cultural de Ermesinde, que a empresa em causa foi punida por infracção ambiental, tendo sido multada por descarga de poluentes na rede pública pelo tribunal em cerca de cinco mil euros.
“Só se resolve este problema da Retria com mobilização popular. Há pouco tempo abrimos um processo de contra-ordenação, que não era muito comum, tendo sido punida com uma coima por ter cometido uma infracção ambiental por descarga de poluentes na rede pública. Pedimos uma multa de 11.300 euros, o tribunal entendeu em fixá-la em cinco mil euros, considerou que a empresa agiu com negligência. Isto tem de ser divulgado, denunciado. Estou cansado de enviar cartas para a CCDR-N e para o Ministério do Ambiente dando conta do que se está a passar em Sobrado, isto é vergonhoso. Só com a população e só com acções muito fortes ajudar a travar e até fechar a Retria”, disse, responsabilizando o PSD Valongo por ter trazido a unidade para o concelho.
“Não foi no nosso mandato, não foi com este executivo que autorizaram aquela coisa. Alguém no passado, e estão todos muito caladinhos, autorizou a vir para o concelho uma coisa muito negativa que tem autorização para receber 500 resíduos diferentes entre lamas e toda uma série de porcarias. Não foi o PS que trouxe isto para o concelho. Foi o PSD. Isto é uma matéria para estarmos todos na rua e começarmos a pensar em bloquear o acesso àquela zona”, atestou.
O autarca realçou, também, que a autarquia e o erário público está a despender verbas para fazer análises à água para contrapor na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional.
“A câmara de Valongo está a gastar dinheiro em análises à água para contrapor na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional. Esbarramos na suposta legalidade. Isto só lá vai com muitas acções contra aquilo. Eles agarram-se à lei. Aquelas autorizações não são concedidas pela câmara, são concedidas pela CCDR e pelo Governo. Nós temos que fechar aquilo. Aquilo é negativo para o concelho”, defendeu. “Já bastou a Lipor, o monte de lixo que foi Lipor que, agora, é óptimo que é um passivo bonito e toda a gente gosta de ir ao Parque Aventura, mas já basta, já demos para o peditório. A Retria não serve o concelho de Valongo e faço um apelo a todos os partidos para que ajudem a denunciar aquilo, não tendo medo de ir contra quaisquer interesses. Aquilo ali é uma nódoa no concelho. Sabe-se lá o que estão a depositar naquela zona e o que me custa é que aquilo é feito na freguesia mais rural do concelho, na bacia do Baldeirão, directo para o Rio Ferreira, no maior produtor individual de vinho verde, uma terra rural. Esta é uma matéria que deve motivar a participação de todos”, atalhou.
O deputado do grupo municipal do PSD, Hélio Rebelo, devolveu as acusações e criticou o executivo municipal por assacar responsabilidades ao seu partido. Hélio Rebelo desafiou, ainda, o executivo encontrar uma solução que permita resolver a situação.
“O senhor presidente tem de ser correcto naquilo que diz. Aquilo quando foi inicialmente licenciado foi para resíduos para construção e demolição e as licenças que apareceram a posteriori não têm a ver com o executivo municipal do PSD. Era mesma coisa que vir agora aqui dizer que a Lipor foi o PS que a trouxe. Isso não interessa. O que interessa é resolver o problema. Essas licenças que foram conseguidas, entretanto, ultrapassam o município. Em alguns países isso funciona bem. Nos países nórdicos são esses resíduos que servem para os tapetes betuminosos. Agora, não queira colocar nos anteriores executivos a responsabilidade da empresa ter conseguido novas licenças que ultrapassam a base municipal”, avançou.