Em Baltar há um presépio, que é mais que um presépio. Tem as figuras conhecidas de todos e típicas desta época de Natal, mas tem uma particularidade. É uma homenagem à freguesia.
Por isso, Maria, José a o menino Jesus partilham o espaço com edifícios da terra. Estão lá a Igreja Matriz de Baltar, as capelas da Quintã e a do Senhor dos Aflitos, a Casa do Foral, o Cruzeiro de Baltar, o antigo coreto, o tanque do rio Velho, a Fonte da Igreja e até o quartel dos Bombeiros Voluntários de Baltar, onde não faltam os carros e o helicóptero.
As réplicas foram feitas à mão por Augusto Ferreira, autor do presépio a que chamou “Aldeia de Natal de Baltar”.
Peças feitas à mão em madeira e depois pintadas
Foi há seis anos que Augusto Ferreira se lançou nestas andanças, mas os presépios fazem parte do seu imaginário de criança. Em casa havia sempre um.
“Adoro o presépio, para mim tem um significado importante”, confessa o homem de 61 anos, natural de Amares, Terras do Bouro, mas que mora em Baltar desde os oito anos de idade. “Não nasci cá, mas adoro Baltar”, garante.
Ganha a vida na indústria de mobiliário. Primeiro foi marceneiro, mais de 20 anos, agora dedica-se à carpintaria e montagem de móveis. Por isso, não é de estranhar que tenha escolhido a madeira como matéria-prima para recriar os edifícios da terra, cheios de pormenores, que depois pinta a preceito. Todos estão electrificados com leds, para se tornarem ainda mais bonitos à noite. As peças que mais demoraram a fazer foram o quartel dos bombeiros (50 horas) e a Igreja Matriz (40 horas).
Ao todo, o presépio tem 125 figuras e ocupa cerca de 20 metros quadrados. Está instalado ao ar livre, no terraço da casa de Augusto Ferreira. Demora cerca de 80 horas a montar tudo e os filhos já o ajudam e dão ideias.
“É um presépio baseado em Baltar e quero continuar a aumentá-lo, com figuras animadas talvez. Para o ano quero construir a Casa de Bragança e a Junta de Freguesia. Dá-me muito trabalho, mas alegra-me, vem muita gente visitar o presépio”, afirma o autor que não tem ajudas e faz tudo por carolice e nos seus tempos livres.
Todos os anos o presépio sofre alterações. “As pessoas adoram as peças por serem tal e qual. São centenas e muitas de fora do concelho”, conta o homem.
O presépio estará patente no terraço da sua habitação, na Rua de Ramos, em Baltar, até depois dos Reis. A casa é fácil de encontrar: está sinalizada por uma estrela, como a que os Reis Magos seguiram em tempos, reza a história. As luzes são ligadas diariamente às 17h30 e desligam às 23h00.