Junte-se a conhecida incapacidade política para comunicar à hiperbólica designação de “Plano de Desenvolvimento do Sul do concelho”, acrescentem-se uns melões do tamanho da cabeça quando a nossa equipa perde e nem precisamos de tomates gigantes para imaginarmos um lunático cabeça de abóbora a idealizar numa aldeia, algures no sul do concelho de Paredes, figurantes e figurões de barrigas à dimensão de Óbelix, com a visão angular de mr. Magoo ou o génio do professor Pardal e, com estes e outros, cremos todos, mais do que em santos, no sucesso da iniciativa.
Depois também de já nos terem comparado o tamanho dos hortícolas, desejados por este, com a grandiosidade do célebre mastro prometida pelo outro e depois de nos contarem tantas tentativas, quase todas frustradas, de ironizar com o fenómeno da dimensão dos hortícolas, prendamo-nos com o essencial, ou seja, o valor das ideias.
Acreditamos na necessidade de ideias novas, cremos que só se sabe quanto valem se as colocarmos no terreno. De resto, estas como outras, valeriam zero.
É aqui, apesar de todos os constrangimentos com que se irão deparar, que depositamos alguma esperança no sucesso da iniciativa. Conhecemos o autor do projeto, percebemos o seu entusiasmo, entendemos as suas explicações e, apesar de continuarmos a considerar remotas as possibilidades de sucesso, não nos passa pela cabeça que o projeto não deva ir para o terreno.
Hipóteses de sucesso? Quase todas ou quase nenhumas.
Se antes, ou em simultâneo, a autarquia tivesse colocado no terreno um verdadeiro “Plano de Desenvolvimento do sul do concelho” que passasse – como já fez duas vezes no rio Ferreira – pela despoluição do rio Sousa, pela recuperação e revitalização das suas margens. Se a autarquia deitasse mãos à ridicularizada ecovia entre Castelões de Cepeda e Aguiar de Sousa, acreditávamos mais, muito mais, no sucesso da ideia do concurso da maior abóbora de Aguiar de Sousa, do tamanho das melancias de Cete, do peso dos melões de Recarei – de casca de carvalho é que era! – ou no volume dos tomates da Sobreira.
Acreditávamos mais, mas desconfiávamos sempre porque, para nós, nestas situações, a virtude raramente está no tamanho, mas no jeito. Aliás, um Programa de Desenvolvimento não se reduz, como deixou crer o presidente da câmara, em abrir o concelho ao exterior por efeito da agricultura e do turismo. Um concelho como o de Paredes, primeiro precisa abrir-se a si mesmo, unir-se na diversidade das suas freguesias, aproximar os seus habitantes, criar mecanismos identitários em que nos reconheçamos e que os outros nos reconheçam através deles.
Um Plano de Desenvolvimento para o sul do concelho terá obrigatoriamente de ser mais do que isto e passará, em primeiro lugar, por muitas e outras coisas. Esta pode constituir-se como complemento, mas só isso.
De qualquer forma, seja pelo mastro ou pelo tamanho dos tomates, para o bem e para o mal já não escaparemos à fama de sermos uma terra de excêntricos.
MEL
Passe social a 40 euros
Podem, com razão, dizer que se trata de uma medida eleitoralista. Podem dizer muitas outras coisas sobre o timing de sua entrada em vigor, mas há algumas consequências efetivas que não podem ser ignoradas e têm de ser elogiadas. Em primeiro lugar, a economia para os que utilizam os transportes públicos diariamente. E são quase sempre os de menores rendimentos. Por outro lado, a medida representa uma tentativa credível de evolução civilizacional. Sabe-se que as sociedades mais desenvolvidas são as que usam mais os transportes públicos.
Que surjam sempre mais medidas como esta. Mesmo que só apareçam em ano de eleições.
FEL
Descargas no rio Sousa
Tornaram-se um hábito e crescem tanto em número como aumentam o sentimento de impunidade dos autores destes crimes. Não é, como defendeu o vereador do Ambiente da câmara de Paredes, pela maior atenção que os vizinhos das margens possam concentrar nestes desvarios. Aliás, alguns deles são os autores de tamanhos desmandos.
Só com vigilância apertada e feita pelas entidades competentes. Só com a punição severa dos criminosos, acrescentamos nós.
Mais grave do que tudo isto é a diferença com que os olhos dos autarcas olham para umas freguesias em detrimento de outras. As do sul do concelho sempre foram e continuam a ser o “patinho feio”. Curiosamente, são as mais bonitas.