Quando nos oferecem uma piscina a céu aberto para alguns dos dias quentes que os três meses de verão nos oferecem ficamos todos contentes. Contudo, como sozinhos não somos o mundo nem nele vivemos sozinhos, olhamos para a coisa sob várias perspetivas: enquanto habitantes de uma região, enquanto cidadãos de um concelho e enquanto moradores na sede do concelho de Paredes.

Sintetizemos, numa razão por cada ponto de vista, porque a coisa dava um tratado:

-Enquanto habitantes da região olhámos à volta e verificávamos a oferta destes espaços. Encontramo-la, em qualidade e quantidade, em quase todos os concelhos. Prescindimos da mentalidade pacóvia e paroquial de querer ter só porque os outros têm.

Pelo contrário, a oferta é tão vasta que alguns concelhos, se pudessem, ofereciam de borla estes equipamentos, tal é a dificuldade da sua manutenção quer pela relação custo/receita quer pela diminuição sistemática do número de utentes, que aumenta à medida que melhora a qualidade dos transportes públicos que servem esses concelhos.

Se assim é, a fomentar algo nesta área, se tivéssemos uma perspetiva regional e regionalista como os autarcas dizem ter, seria a facilitação de transportes aos eventuais interessados no acesso a essas piscinas ao ar livre nos poucos dias do ano em que o tempo permite. Os concelhos não são ilhas e os autarcas devem promover as relações de boa vizinhança e, já agora, o aproveitamento dos equipamentos já existentes qualquer que seja o concelho.

-Enquanto habitantes do concelho de Paredes, lançávamos os olhos, em forma de círculo para as 24 freguesias (voltarão a ser, promessa de presidentes) e facilmente percebíamos que aos do norte do concelho ficaria mais perto e barato recorrer a Lousada ou Paços de Ferreira do que a deslocaram-se para a sede do concelho. Aos da sede do concelho seria mais saudável, por pouco mais de dois euros, meterem-se no comboio e ao fim de uma hora, mesmo nos destinos mais distantes, atravessar uma estrada em Espinho ou andar 200 metros na Póvoa e encontrar o mar, a areia e todas as vantagens que a praia oferece quando comparada com a piscina. Duvidamos que aos utentes da piscina seja possível frequentá-la por custos menores.

-Enquanto moradores na cidade de Paredes, mas podendo estender as razões todo o concelho.

Depois da autarquia baixar o IMI para os 0,3%, porque será com o dinheiro dos impostos
recolhidos no concelho que se fará a piscina.

Depois de baixar o preço da água para valores aceitáveis

Depois de ter uma taxa de cobertura de saneamento minimamente decente. Em todo o
concelho, incluindo a sede que, pasmemo-nos, nem em 50% da sua área tem cobertura de
saneamento.

Depois de resolvidos os problemas do sistema de recolha de lixo que nunca foram bons, mas nunca estiveram piores do que nos últimos dois anos.

Depois de resolvido o problema do realojamento dos ciganos.

Depois de resolvido o problema do trânsito na cidade, recentemente intervencionado com uma solução de meias tintas cujo amadorismo envergonha até os que disso nada percebem.

Depois de recuperado Complexo Desportivo das Laranjeiras que, esse sim, oferece qualidade de vida, através da prática de várias modalidades a milhares de cidadãos durante todo o ano e não só em alguns dias dos três meses do Verão.

Depois dos muitos depois que ficam para depois e que foram promessas eleitorais e de outros tantos depois que não foram promessas eleitorais, mas são necessidades prioritárias, depois disso, também nós, mesmo envergonhados, fecharemos os olhos à construção de uma piscina ao ar livre só porque os outros concelhos também têm.

Nunca esqueceremos, contudo, uma vantagem comparativa. Enquanto Paredes tem o mar aos pés por via ferroviária e não potencia essa realidade, os outros concelhos vizinhos têm de recorrer às piscinas para suprir as dificuldades de acesso às praias que só ficam perto desses quando usam a rede rodoviária.

E, aceitando a construção da piscina em Paredes, restar-nos-iam as dificuldades em explicar a sua construção na sede do concelho com o comboio à porta. Que diriam disso os habitantes das maiores freguesias do concelho, a norte, particularmente os moradores de Rebordosa, Lordelo, Vilela, Duas Igrejas, entre outras?

Por fim, a egoísta perspetiva pessoal: quero lá saber dos outros! Quero a piscina. Vou de carro para a praia quando não me preocupar com a pegada ecológica, vou de comboio quando não tiver dinheiro para ir de carro e vou para a piscina ao ar livre quando não me apetecer nenhuma das duas anteriores e se ainda tiver o dinheiro suficiente para pagar a entrada na piscina.

Saia uma piscina para a mesa do canto. Fresquinha, s.f.f.

MEL: Salvar os rios Sousa e Ferreira

Não foi mérito do nosso apelo a um sobressalto cívico nem será alheio ao facto de as eleições legislativas estarem à porta, mas a onda de movimentos que cresce todos os dias à volta dos problemas ambientais relacionados com a poluição dos nossos rios é uma causa que abraçaremos e da qual não gostaríamos de ver ninguém excluído ou alguém afastar se. Mesmo os que nada fizeram até agora, ou até os que de forma direta ou indireta foram responsáveis ou cúmplices pelo estado inenarrável a que o Sousa e o Ferreira chegaram serão importantes se estiverem agora interessados em contribuir para a resolução dos problemas.

FEL: O direito à opinião

Em jeito de desabafo e em forma de apelo. A democracia dá-nos esse direito inquestionável à expressão das opiniões. Uns recorrem às televisões, outros aos jornais, outros às redes sociais outros à mesa do café. São todos mais ou menos importantes. Da qualidade e da validade das diferentes opiniões cada um fará o seu juízo, mas que ninguém confunda opinião com adversidade. Mesmo quando os outros pensam o contrário de nós encontramos aí as razões para fundamentar melhor as nossas escolhas. Que nunca a liberdade dos outros seja motivo de constrangimento da nossa e, muito menos, que nunca os ataques pessoais sejam as alternativas à diversidade dos pensamentos. Para nós nunca foi nem será!