Com um governo composto por agregados familiares quase completos, por amigos dos amigos e afilhados de todos, sinto-me tentado a dar razão aos que afirmam que o primeiro-ministro deste governo não precisa de um organograma. Basta-lhe conhecer a árvore genealógica de alguns ministros. E a coisa soará ainda mais familiar quando um afirmar para o outro: “ diz à minha mulher que….”. E, entretanto, a mulher do dito está a tomar chá com a filha que, por mero acaso tinha acabado de discutir com o genro que, malvado, foi um pindérico porque lhe deu flores no Dia dos Namorados. Todos ministros, secretários, subsecretários, deputados, presidentes de câmara, vereadores, lambedores de botas e outras coisas inomináveis.
Aliás, a coisa tende para o fim dos ministros, secretários de estado e afins. A partir de agora é mais do tipo: o pai, a mãe, a tia, o namorado, a ex do namorado, a sobrinha e outros graus de parentesco.
O país é pequenino, mas uma de três:
– Somos todos incompetentes
– Quem detém o poder confia em poucos
– A ciência política funciona em circuito fechado, é privilégio dos partidos políticos e, dentro destes, mandam os “aparelhos”. Sejam do PS ou do PSD.
No governo, no parlamento, nas autarquias e até nas fundações e associações de que o Estado não larga mão.
E assim vamos “consolidando” a democracia, certos de que alguns dos “herdeiros de abril” já eram beneficiários do anterior regime e convencidos de que novos dirigentes da democracia se apropriaram do regime como se a democracia e a competência fossem coisas só deles.
FEL
A ADSE vai acabar?
Torna-se urgente que cada um dos beneficiários afirme e reafirme que este subsistema de saúde é pago com o salário dos utentes. Com 3,5% em cada mês do ano. Aliás, a ADSE, como é reconhecido pelo governo, não privilegia os seus utentes. Os privados, que fazem da saúde um negócio, dificilmente sobreviverão sem a ADSE. Por mim, quero, primeiro, o Serviço Nacional de Saúde, que se destina a todos. E nem me importo de descontar o mesmo para o SNS se isso levar mais médicos e enfermeiros para o SNS.
E, pasme-se, o que está em causa nesta “divergência” entre o governo e os grupos privados de saúde é a devolução de quase 40.000.000 de euros( leu bem: quarenta milhões) indevidamente cobrados.
Por fim, mesmo que tudo se resolva na maior das concórdias e, se me permitem um conselho, em caso de doença grave, faça como eu: procure um hospital público.
MEL
O vereador e os plágios
Escrevemos aqui, na anterior edição que o vereador Paulo Silva, da C.M. Paredes, como eu o conhecia, não era pessoa de enfiar a cabeça na areia.
E tinha razão. Esta semana, em local certo, assumiu o plágio, tentou justificá-lo e pediu desculpas pelo erro.
Da gravidade e dimensão do ato ajuizou ele próprio e as restantes considerações ficam por nossa conta.
Contudo, como aqui escrevi na crónica anterior, esquecer a ética política, faltar à verdade a quem se deve explicação e não pedir desculpa quando se erra, não eram defeitos que se lhe pudessem colar. E não são.