POLÍTICA PARA TOTÓS: E se a piscina ao ar livre não for uma prioridade?

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São vários os caminhos que podemos escolher quando escrevemos uma crónica. Numa era em que as redes sociais ocupam já maior espaço e atenção do que os media tradicionais é difícil não ceder à tentação do politicamente correto. Escrever o que os outros querem ler é sempre mais fácil. Contudo, essa nunca foi nossa qualidade. Ou será defeito?

Tomemos como exemplo esta caso. É fácil aceitar sem reservas que a construção de uma piscina ao ar livre é uma promessa eleitoral do PS, agora no poder em Paredes. Já está, aliás, escolhida a sua localização no parque da cidade de Paredes e, segundo a autarquia, o início da construção ocorrerá em setembro.

Se para um habitante de Paredes, como eu, sem mais responsabilidades do que os deveres da cidadania ativa nos impõem é difícil ter uma opinião definitiva, imaginem-se as dúvidas que têm – ou deveriam ter – os decisores políticos.

À partida, parecia-nos desnecessária a construção de um equipamento destes no concelho do Vale do Sousa que mais próximo está das saudáveis praias do Porto e de toda a Costa Verde. Uma piscina ao ar livre, para nós, só devia construir-se em concelhos do interior distantes, por isso, do litoral. Aliás, na Área Metropolitana do Porto, que agora Paredes integra, não conhecemos nenhum equipamento deste género, integralmente ao ar livre.

Esta nossa opinião sustentava-se ainda no facto de que sendo Paredes (sobretudo a sua sede e as freguesias do sul) tão bem servido por vias ferroviárias e rodoviárias mais nos parecia que a prioridade da construção de uma piscina ao ar livre era perfeitamente discutível.

A única dúvida, para nós, residia, quase só, na disponibilidade financeira que os nossos cidadãos disporiam para pagar as respetivas viagens.

Por outro lado, a localização deste equipamento colocaria sempre uma questão de difícil resolução. A ser construída na sede do concelho facilitaria a vida a quem já beneficiava de uma rede de transportes desenvolvida – a sede e as freguesias do sul- e prejudicava a parte norte do concelho, onde reside o maior número de pessoas e é a mais mal servida, ou mesmo sem qualquer solução, de transportes ferroviários que são os únicos que oferecem soluções económicas para ir à praia.

Com a criação do “bilhete único” cujo custo é de 40 euros mensais e com o qual podemos deslocar-nos de comboio e de metro mais se adensam as nossas incertezas. Dificilmente os utentes escolherão a piscina em desfavor da praia. Convenhamos que sob todos os pontos de vista a frequência da praia só tem vantagens quando comparada com uma uma piscina ao ar livre.

Se considerarmos ainda que os custos de utilização da piscina nunca serão inferiores aos custos da utilização dos transportes públicos, se tivermos em conta que o tempo de utilização de uma piscina com estas caraterísticas se resumirá, no máximo, a dois meses num ano, se não esquecermos os custos de manutenção deste tipo de equipamentos, se, enfim, não ignorarmos outro tipo de problemas que estes equipamentos causam, não nos restam grandes razões para defender a sua concretização.

Restarão, porventura, outras razões para dar prioridade à construção da piscina, mas essas serão certamente fornecidas pelos decisores. Aliás, não será por falta de chefes de gabinete ou pelo número de assessores, que deixarão de existir argumentos para defender o contrário do que nós pensamos.

Para nós, por ora, só veremos vantagens neste equipamento se, como em Vila do Conde, sendo coberta nos meses sem praia se transformasse em piscina ao ar livre nos dias quentes de verão.

Mesmo assim, em Paredes, sobraria sempre o problema da sua localização. E seria fácil enumerar os equipamentos a que daríamos prioridade antes de pensarmos na piscina. Alguns até já estão iniciados.

Perdoem-nos os leitores por, às vezes, pensarmos além do óbvio.

FEL: E se os motivos da greve dos motoristas fossem outros?

Ultimamente, o país anda tonto, com a possibilidade de os motoristas fazerem greve. Com razão, seguramente. Contudo, talvez mais do que os salários que, já se sabe é maior do que a média nacional, o que nos parece mais em causa, aqui também, é o envelhecimento de uma classe que passou uma vida inteira a receber mais de ajudas de custo e o mínimo de salário base, evitando assim os impostos que teriam de pagar se incidissem pelo total mensal recebido. A reforma aproxima-se e com ela cada um receberá pelo que descontou. Se tivéssemos descontado como os motoristas também nós estaríamos preocupados.

MEL: Este programa só existe em Lousada?

Não é segredo que, para nós, das gestões municipais da região, a que nos merece maior simpatia é a de Lousada. Por várias vezes explicamos as razões. Encontramos agora, com grande divulgação, o programa “Estratégia Local de Habitação de Lousada – 2015-2031” que visa garantir a todos o acesso a uma habitação digna.

Uma de duas: ou este programa existe também nos outros concelhos e está pouco divulgado, diríamos mesmo quase escondido ou Lousada, mais uma vez, dá o exemplo daquilo que os eleitos devem fazer enquanto autarcas.

Em qualquer dos casos, Lousada parece querer continuar a servir de exemplo. Para nós é e o facto da atual vereadora, Cristina Moreira, ocupar lugar de destaque nas listas do Partido Socialista às próximas legislativas não é só o reconhecimento do seu trabalho como é também a garantia de que a região terá na Assembleia da República, finalmente, alguém que se preocupará com a defesa dos interesses da região.