Somos dos que pensam que a crónica é uma das especialidades mais difíceis do jornalismo. Sabendo que todo o trabalho onde o homem interfere se torna, imediata e obviamente, subjetivo, sabendo que a crónica pode servir-se das notícias mas tem de ir além delas, sabendo que a conjuntura é o tempo curto que condiciona a estrutura e conhecendo também o nosso particular e português condão para falarmos de tudo e sobre tudo termos opinião, recolhemo-nos na humildade que a nossa experiência nos recomenda e acrescentando ainda o conjunto da informações que a escola nos ensinou e o tempo de vida deu, ousamos colocar a nós próprios a simples pergunta sobre as gestões autárquicas dos concelhos da região onde vivemos:
-E se fosse connosco?
Desde logo nos surgem diversas dúvidas e constrangimentos. Conhecemos melhor o concelho onde vivemos – Paredes- do que os que o rodeiam. Porque não estamos diretamente envolvidos na gestão municipal teremos de nos ficar pela condição de cidadãos interessados e atentos e, para isso, de pouco nos serve a carteira de jornalista. Não somos ideologicamente amorfos e, por isso, a imparcialidade que queremos usar, mesmo com esforço, não consegue ser a que desejamos. Uma onda de “ses” envolve-nos num mar de dúvidas.
E são tantas as dúvidas que logo temos a certeza de que raramente nos revemos nas categóricas e definitivas opiniões da maior parte dos “opinantes virtuais”, sobretudo as daqueles que só nas desregradas redes sociais encontram o espaço de que não podem dispor noutras plataformas. E, sejamos justos, há aí opiniões que respeitamos e textos que davam excelentes crónicas. Outros, enfim, servem-se desses espaços que poderiam ser de saudável e respeitável troca de opiniões para, quais sobredotados incompreendidos, vomitarem ódio e ignorância sobre todos e sobre tudo o que julgam ver mexer.
Não são, contudo, estes os que nos tiram do sério. Para nós, a liberdade de expressão é tão mais liberdade como pouca pode ser a sua expressão.
Entristecem-nos mais aqueles que por desonestidade intelectual, fidelidade partidária canina ou outra doença do género se autocensuram ou não lhes é permitido dizerem o que realmente pensam. Assim pensamos porque, conhecedores do estatuto editorial do espaço onde lavramos este texto e entendedores da orientação ideológica do jornal, gozamos da liberdade plena de só dizermos o que queremos e porque queremos.
E com isto gastamos os carateres destinados a este espaço sem respondermos à pergunta que colocamos a nós próprios. Mas, a liberdade não é isto mesmo?
Que o tempo da Páscoa nos lembre das nossas prioridades e seja, então, tempo de reconciliação com o próximo na certeza de que os nossos mais próximos somos nós mesmo.
MEL
Cerimónias da Páscoa em Penafiel
Os concelhos mais antigos são também os de mais História e, por isso, os de maiores tradições. Sem bairrismos bacocos aproveitemos a proximidade da Páscoa para dar um pulo a Penafiel que, na região, é o que melhor tem sabido salvaguardar, viver e conviver com a religiosidade caraterística deste tempo.
FEL
Cuidado com as amêndoas
Na Páscoa saibamos alimentar-nos de forma a evitar humor amargo contido nas nossas vesículas, que é coisa que nunca vimos nem sabemos se temos. E nem somos de maus fígados.