POLÍTICA PARA TOTÓS: Nem carne, nem peixe

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A proximidade dos grandes centros urbanos, normalmente localizados no litoral, ao contrário do que muitos nos querem fazer pensar, não é, por si só, um mundo de vantagens. À partida, somos levados a pensar que as despesas obrigatórias são menores, a começar pelos custos da habitação, e os restantes indicadores da qualidade de vida seriam, obrigatoriamente, melhores fora dos grandes centros urbanos. Desde a diária e sadia convivência com a natureza, passando pela fuga ao bulício das grandes cidades ou até pela facilidade de estabelecermos mais facilmente relações socias pelo facto do serem meios mais pequenos, ou até pela possibilidade de tornarmos mais ativa e consequente a nossa participação na construção do nosso futuro e no futuro dos nossos filhos e concidadãos. Se a isto juntarmos a melhoria recente de todas as vias de comunicação parece que se reúnem todas as condições para preferirmos os aglomerados urbanos mais pequenos desde que não sejam longe das grandes cidades onde, pensamos, temos à mão, tudo o que não existe onde vivemos.

Infelizmente, não é bem assim. Melhor dizendo, quase nunca assim é. Os modelos (?) de crescimento das áreas envolventes das grandes áreas metropolitanas estão longe, às vezes longe demais, de se terem constituído como exemplos de desenvolvimento. Ao olhá-los, para além da “vontade de esganar” aqueles a quem democraticamente confiamos o poder de decidir, damos conta do erro que cometemos por os termos escolhido. É evidente que a nossa culpa resulta, na maior parte das vezes, de nos terem prometido umas coisas e feito outras e, nas vezes restantes, a ignorância que sempre esconderam levaram-nos aos erros que nem nós cometeríamos. Pior do que isto só as vezes daqueles que decidiram por eles e para eles como se fosse essa a legitimidade do voto que nos pediram, sob condição.

Este conjunto de factos leva-nos a duas ou três conclusões: É melhor ser-se ou só do interior ou só do litoral; Ser-se de perto dos grandes centros nem é ser do interior nem do litoral (como se diz, nem somos peixe nem carne); Nestas circunstâncias, em vez de potenciarmos a nossa localização, acabamos por juntar o pior do interior ao pior do litoral.

Para concluir, passe toda a subjectividade desta opinião e esquecendo o coração, tomemos, como exemplo, três concelhos vizinhos, Paredes, Penafiel e Lousada.

De Penafiel, diríamos que a sua História o tem salvado. De Paredes, sem História, deixamos que se tornasse numa selva urbanística. Um atípico subúrbio do Grande Porto. De Lousada, bem, de Lousada, só podemos falar da inteligência e da qualidade do serviço público dos seus autarcas por terem sabido resistir às tentações dos especuladores imobiliários e por terem escolhido um modelo tão harmoniosamente sustentável quanto adequado para um aglomerado urbano daquela dimensão e com aquela localização.

Lousada, concilia crescimento com desenvolvimento. Penafiel vive do seu rico passado. Paredes, nem é carne, nem é peixe. Infelizmente.

MEL: Para o S. Martinho em Penafiel

Cumpre-se a tradição e lá vamos nós à adega provar o vinho. Há tradições que existem e que já deviam ter acabado. Outras há que nos proporcionam um estar bem por bem estar. É o que acontece aos milhares que se deslocam a Penafiel nesta época do ano. O município está de parabéns. São poucos os que sabem inovar sem estragar.

FEL: Para os especuladores imobiliários

Que, com o beneplácito dos autarcas, insistem em construir o máximo no menor espaço, ignorando que o lucro de que agora se apropriam virá a constituir-se num prejuízo irremediável para as gerações futuras. Em alguns casos, só a implosão solucionará alguns dos erros que agora, voluntária e conscientemente, provocam.