Uma piscina municipal ao ar livre? Porque sim? Porque não?
Livremo-nos de atavismos e maledicências das redes sociais que, segundo Umberto Eco, “deram voz a uma legião de imbecis”, para tentar opinar sobre um assunto com critérios que sempre, bem ou mal, tivemos como orientação.
Impõe-se que comecemos pelo princípio. Trata-se de uma promessa eleitoral do atual executivo da C.M. de Paredes. A propaganda passa a obrigação depois de escrutinada.
Curiosamente, ou não, muitos do que escolheram o atual executivo, são os primeiros a colocar em causa a prioridade deste investimento público e, outros, se não for por isso, hão de encontrar sempre defeito. Mais não fosse e seria porque a dita não fica à porta da casa de cada um.
Não argumentamos pelo basismo bacoco do “se o outro tem, porque não teremos nós?” Não defendemos o “se os outros não fizeram, vamos fazer nós”. Nem sequer nos detemos pela condicionante climática que obrigará ao encerramento da piscina durante mais tempo do que aquele em que estará ao serviço da população. E nem descuraremos os encargos resultantes da manutenção de um equipamento deste género.
Muito menos discutiríamos o assunto se em causa estivesse o número de municípios com piscinas municipais ao ar livre. É tão provável que um município do interior possua uma ou mais piscinas ao ar livre como inconcebível encontrá-las sobretudo no litoral.
Também não compararemos a piscina municipal com a falta de saneamento básico no concelho ou outras carências. É irrefutável a necessidade premente das últimas, mas isso não torna ilegítima a primeira.
Porque não?
Durante muitos anos, pensamos que, dada a localização geográfica do concelho, a 20 minutos em viatura própria ou a 60 em transportes públicos das melhores praias do norte do país, seria preferível a praia à piscina a céu aberto. Aliás, são sobejamente conhecidas e reconhecidas vantagens da praia, até do ponto de vista medicinal.
Acrescentemos as vantagens – que devem abranger todos os habitantes do concelho de Paredes – pela existência de um bilhete único para todos os transportes públicos pelo facto de pertencer à Área Metropolitana do Porto. Aliás, ainda não percebemos as razões de tamanha discriminação.
Por outro lado, o custo de frequência da praia, cerca de 5 euros em transportes públicos, não será muito diferente do preço a pagar pela utilização da piscina pública.
Outras razões se podiam ainda juntar, mas, por ora, bastam-nos estas para, à partida, poder defender que em vez duma piscina o município poderia optar por outro tipo de equipamento diferenciador.
Porque sim?
Mário Soares ensinou-nos que “só os burros não mudam de opinião” e, não acreditando no estadista, sempre podíamos argumentar que a política não é como o futebol. Não encontramos razões para mudar de clube e, tantas, vezes, achamos motivos para mudar de opinião.
Se pensarmos que, apesar do que atrás fica dito, as praias do norte de Portugal têm tanto de belo como de incerto quanto ao sol ou ao vento que nos dão nos meses de verão.
Se pensarmos que uma piscina municipal acrescenta, sobretudo aos mais jovens, a possibilidade de se encontrarem com os seus amigos, de reencontrarem conterrâneos, de construírem memórias identitárias das suas origens.
Se valorizarmos as competências sociais como elemento fundamental para o crescimento e desenvolvimento integral de cada cidadão, só vemos razões para a construção do anunciado investimento municipal.
Não precisa de ser à nossa porta, mas que sejam claros e objetivos os critérios da escolha do local de construção.
Por fim, sobra-nos ainda a esperança de poder ser mais barata a piscina do que a ida à praia. É que ainda há muitos que não conseguem pagar nem uma nem outra.
É por isso que esta decisão é uma escolha política. De ideologia política, quando se aproxima o bem-estar dos que dele mais precisam.
É também por isso que somos a favor da prioridade dada à construção de uma piscina municipal ao ar livre.
E sim, mudamos de opinião.
FEL
Paulo Silva e os plágios
Façamos, primeiro, a nossa declaração de interesses. Somos amigos pessoais há imenso tempo. Unem-nos lutas comuns que nunca negarei. Ele entenderá, se ler o que aqui escrevo, se continuarei merecedor da sua estima.
Não opinamos pela sua culpa nem desmentimos os que o acusam de plágio. Contudo, não podemos aceitar que tendo responsabilidades públicas se limite “assobiar para o lado” e deixe para terceiros as explicações que só ele tem obrigação de prestar.
Se calhar a coisa até é menos importante do que nos querem fazer crer, mas é a ele, publicamente, que compete explicar as acusações graves de que tem sido alvo. Fazer como a avestruz não é defeito que reconheçamos no Paulo Silva. Sob pena de deitar por terra os créditos que tem vindo a colher.
MEL
Beatriz Meireles lança primeiro livro
A mais jovem vereadora da câmara municipal de Paredes, para além de outros méritos, tem o de saber escolher os momentos para se afirmar. O lançamento da sua primeira obra literária “Depois da morte um amendoal em flor” evidencia a sua disponibilidade total para enfrentar os caminhos que quer percorrer. Não opinaremos acerca da obra porque ainda não completamos a sua leitura integral nem somos críticos de literatura, mas revemo-nos nesta iniciativa que a deve orgulhar e que nos traz um esboço de esperança na juventude desta terra que trata mal, tantas, vezes, os mais novos. Parabéns.