Somos mansos e só por isso ainda não estamos no radar das manifestações violentas que têm ocorrido em França. Aqueles que, mais uma vez, nos tentam desviar as atenções para o acessório de forma a ignorarmos o essencial, podem continuar a fazê-lo, mas nós temos o direito a outro olhar.
Para esses, o que lhes interessa é colocar-nos à procura dos que estão por trás disto. Enganam-se os que pensam assim. Não é isso que importa.
Este movimento dos “coletes amarelos” é de geração espontânea, não quer saber dos partidos ou dos sindicatos. Inicialmente protestou contra a grande carga de impostos e perda do poder de compra, mas depois alargou o descontentamento em relação a várias medidas do presidente francês, Emmanuel Macron.
O problema é em França como é na Europa. Ignorar que estamos no limite da tolerância dos que vivem cada vez pior é suicidário.
Um em cada cinco franceses já não tem capacidades para comer três vezes por dia. 1% da população mundial detém 99% da riqueza do mundo. Se, levianamente, interpretarmos esta violência, sem heróis ou bandidos, como obra das esquerdas ou das direitas, do norte ou do sul, estaremos a incorrer num grave erro: haverá sempre alguém mais esperto a cavalgar esta onda. E não precisamos de invocar a Andaluzia, aqui ao lado, onde a extrema direita caminha a passos largos para o poder.
O que esta violência nos mostra claramente é um problema que diz respeito a todos. O desafio com que a França se debate é transversal e é-nos colocado exclusivamente por uma situação: (In)Justiça Social.
Ou se ousa mudar radicalmente o paradigma ou, no fim, a História estará nas tintas para as nossas leituras da História. E quando cair o pano, a extrema direita recolherá os aplausos.
FEL
Para o consumismo destes tempos
Transformaram os cidadãos em consumidores. Todos. Dos 7 aos 77, como o Tintin. Basta entrar num Centro Comercial e ver as crianças que agora se passeiam com os pais, escolhendo os presentes que exigem ao Pai Natal. Na melhor das hipóteses. Muitas já foram educadas no “realismo” que isso de acreditar em senhores gordos de barbas que entram pela chaminé pode ser traumatizante. E de repente, não mais do que de repente, acusam os mesmos consumidores — por eles criados e incentivados — de andar a destruir o planeta, enquanto permitem a venda de quotas de poluição. Que rico planeta!
MEL
“Cuidado, Casimiro, cuidado com as imitações”
Ao vermos, ouvirmos e lermos tanta euforia à volta da Linha Férrea do Vale do Sousa somos conduzidos, de imediato, a um passado recente onde os protagonistas atuais da política concelhia de Paredes, com fins partidários e eleitoralistas, apelidavam os seus opositores de “Ilusionistas” a propósito das mirificas “Cidades Inteligentes” ou “Cidades Desportivas” tão concebíveis como irrealizáveis.
No curto prazo ninguém deve prometer obras que não faça. Os eleitores, facilmente, trocarão uns pelos outros. A diferença não se fará cometendo os mesmos erros, mesmo que a obra mereça o esforço.
Nunca ninguém negou a importância da “Cidade Inteligente” para o concelho de Paredes como ninguém regateará a importância da Linha do Vale do Sousa para a região. Desde que se faça!
“Cuidado, Casimiro, cuidado com as imitações” – diz Sérgio Godinho. Com razão.