POLÍTICA PARA TOTÓS: A moda dos rankings ou como” lerpas” com o Ás de trunfo

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O último ranking dos municípios portugueses elaborado pela Ordem dos Economistas tem dado origem a inúmeras interpretações e aos mais diversos aproveitamentos, sobretudo por parte dos autarcas locais.

Cada município por si e muitos autarcas para si se têm servido do documento para mostrar que o seu município é melhor do que o outro ou que os seus pelouros têm melhores desempenhos do que os dos outros vereadores. Os que não consideram satisfatórios os resultados dos seus municípios costumam calar-se e esperar que a “má onda” passe.

Convém, contudo, parar um pouco para pensar melhor e evitar cavalgadas interpretativas desenfreadas que em vez de nos esclarecerem só nos confundem.

Por exemplo:

– Este documento é, apenas, um estudo da Ordem dos Economistas. Seguramente, sobre o mesmo estudo, bastariam dois economistas para os lerem de forma diferente.

Uma coisa é certa: nunca tirariam tantas conclusões com base num só gráfico e, menos ainda, no que menos informação comporta e, por isso, poucas ilações permite.

Reconheçamos, contudo, que não seria tarefa fácil porque cada um dos itens em estudo se desdobra em cerca de três dezenas de parâmetros que contribuem para o parecer final.

– Este é um ranking feito por economistas, logo, sobrepondo as perspectivas dos números sobre as evidências e necessidades sociais, por exemplo. Valoriza, obviamente, como estudo económico que é, a eficiência dos números sobre a eficácia das diferentes políticas locais.

– Há outros estudos feitos por outras entidades que nunca são referidos, muitas vezes são até escondidos da opinião pública e são tão ou mais importantes que estes.

Tomemos como exemplo os dados sobre o concelho de Paredes. A página da autarquia exibiu, de forma panfletária, um dos gráficos e concluiu que era o concelho com melhor governação (17.º). Como se não bastasse até os vereadores distribuíram a “boa nova” pelas redes sociais.

Basta o título do parâmetro “Governação” para sermos induzidos em erro. Este item resulta daquilo que os economistas aprendem como “Governance” e que, em termos simples e neste caso, pode ser entendido como o conjunto das acções políticas, levadas a cabo pela autarquia por serem de sua competência ou interagindo com os restantes parceiros. Curiosamente, ou não, é também neste parâmetro que a oposição do PSD/Paredes coloca a sua contestação. Ou seja, um dos partidos da oposição chama mentiroso ao partido no poder, o PS, não por este ter tomado a árvore pela floresta. Tão só porque terá mentido.

Não, o PS não mentiu. Disse pouco para fazer crer que fez muito. Sim, o PSD pegou no índice que, naturalmente, seria mais favorável ao PS para atacar o executivo municipal socialista.

Entende-se? Sim e não.

Concluamos a crónica, tarefa que se torna difícil por deixar tanto por dizer, tentando interpretar o tão falado, usado e abusado ranking dos municípios.

Já que começamos em Paredes por aqui nos fiquemos. E façamos ao contrário do que fizeram os políticos. Em vez de lermos o todo por um parâmetro, tentemos uma análise integrada de todos os elementos desta avaliação e que são: Governança; Eficiência da Câmara Municipal; Desenvolvimento Económico-Social e Sustentabilidade Financeira.

Curiosamente, segundo o estudo, a autarquia melhora em dois indicadores (governança e sustentabilidade financeira) e piora nos outros dois (desenvolvimento económico –social e eficiência da câmara municipal).

Construindo uma conclusão:

-os índices de governança têm tendência a melhorar no ano seguinte às eleições, sobretudo nos municípios onde muda o partido no poder, como foi o caso de Paredes. É o resultado das expectativas criadas e do benefício da dúvida concedido aos novos executivos. Assim, não é de estranhar a subida vertiginosa de Paredes (17.º).  Portanto, o PSD escolheu mal o “ângulo” de ataque.

A Sustentabilidade Financeira também melhora radicalmente (54.ª).

Como? Em função da renegociação da dívida feita pelo executivo que permitiu até apresentar as contas de 2018 com diminuição da dívida a curto prazo. Ou seja, a dívida da autarquia aumentou a médio e a longo prazo. Mas o PSD não perguntou isso ao presidente na apresentação das contas de 2018. Porquê? Porque reverteriam sobre o PSD as acusações de que só assim seria possível gerir uma autarquia que o PSD governou durante 24 anos sem honra nem glória.

E o PS até podia acrescentar que fez como fazem os outros. Sabe que há ciclos eleitorais e é sempre necessário criar a folga financeira que permita, em fim de mandato, concretizar algumas das promessas eleitorais. Não é que seja a melhor solução, mas é a que mais e bem tem funcionado.

Piorou (229.º) em Paredes, segundo este estudo, o índice da Eficiência da Câmara Municipal.

Não se pode pedir, por enquanto, a um executivo recentemente eleito que consiga desde logo níveis elevados de eficiência municipal. É certo que os que eleitos que transitaram do executivo anterior mostraram um nível de desconhecimento da prática da gestão autárquica constrangedor. Contudo, as dificuldades evidenciadas na organização da estrutura quer ao nível dos eleitos quer na elaboração organograma da autarquia ou na distribuição de competências funcionais ficaram muito longe do desejável. Esperam-se melhores dias e mais eficácia. Mas, como” aquilo andava” também não deixa muito para o PSD dizer.

O estudo regista também uma queda do Desenvolvimento Económico e Social ( 195.º)

Da sustentabilidade do desenvolvimento económico dependem também as condições sociais. Ainda a procissão vai no adro, pode dizer-se, mas se nos lembrarmos que, por exemplo, apesar da maioria do capital da zona industrial de Baltar/Parada não ser propriedade da autarquia e lá continuarem as crescer os investimentos podemos ter alguma esperança. Contudo, só uma intervenção vigorosa e competente poderá trazer de novo a atractividade ao concelho. A ver vamos. Que não restem, contudo, dúvidas que a resolução do problema da reinstalação da comunidade cigana terá de ser feita neste mandato.

São, como se vê, as competências sociais que irão definir as capacidades deste executivo porque, é certo e sabido, as promessas eleitorais foram isso mesmo: promessas.

E assim, por confundir a totalidade da gestão da coisa pública com as fotografias à porta da câmara, este executivo, do PS, com todos os trunfos na mão para criar margem de manobra para acções futuras e confiança junto da população esgotou-se no primeiro ano de mandato. Prometeu muito a curto prazo para vir a fazer – se fizer- muito pouco no fim do mandato.

Com todos os trunfos na mão agiu como se estivesse em permanente campanha eleitoral. Como em gíria se diria: lerpou com o Ás de trunfo.

Já a contestação do PSD, apesar de voluntarista, terá de acreditar na memória curta dos eleitores e continuar a ir a jogo, mesmo que esteja condenado a lerpar sempre enquanto as cartas de que dispõe não permitirem fazer uma “basa” sequer.

Já o CDS e a CDU parecem ligar pouco aos rankings ou então estão mesmo empenhados na campanha eleitoral para as eleições europeias.

 

MEL

3.º Seminário “Cultura e Património”

É, seguramente e cada vez mais o ponto de encontro anual para conhecer melhor Paredes. Realiza-se na escola secundária de Paredes. Salientemos a proposta da criação de um “Conselho Municipal de Toponímia” e a “descoberta” anunciada da existência dos azulejos de uma capela inteira que podem ser datados do séc. XVI.

FEL

E que tal umas passadeiras com as cores da LGBT?

Nunca tínhamos ouvido falar, mas fazemos questão de aprender sempre. Julgávamos que antes de se fazer qualquer obra se estudava a sua necessidade, se elaborava um projecto e só depois se passava à sua execução. Qual fenómeno do Entroncamento, a Avenida da República, em Paredes já tem a obra em curso, nunca teve projecto e no fim se verá se faz falta. Com uma linha amarela ao meio para delimitar os dois sentidos do trânsito.

E que tal umas passadeiras com as cores da LGBT?